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que fizesse das recordações gloriosas de e'pocas memoráveis a bandeira de uma política qualquer, não' recorria a países estrangeiros para justificar ou para explicar a minha situnção, n'utn Parlamento Portuguez; (Apoiados.) porque me parece que se eu quizesse mostrar saudades, (e entendo que só saudades e licito mostrar neste Parlamento, pelo regimen passado, regimen a que não falta glorio, a que não faltaram feitos illustres, parece-me, digo, que não havia de recorrer a uma Nação estrangeira : até Sr. Presidente, para sustentar esta opinião me lembra que os nossos historiadores mencionam como circumslancia digna de ser mencionada que, ppr exemplo, um dos nossos Reis trajava áfrance-za ; era D. João II. E se elles fasern este reparo, como vem um Sr. Deputado, que se nos quer representar como animado pelo effeito de recordações antigas, citar a França para explicar a sua posição neste Parlamento: talvez que o muito talento de S. S.a lhe faça encarar diversamente a sua silua-.çâo. Ha mais alguma cousa ; parece-me que, mesmo adnoitlida a conveniência de citar o exemplo de França, hei de contestar a propriedadede similhan-le citação. Em França, Sr. Presidente, não admira que haja Legitimislas, porque o Parlamento não se compõe todo de Legilimistas; em Portugal não pôde ser o mesmo; neste Parlamento não podem haver Legitimistas por distineção, porque todos somos Legitimistas, quantos aqui nossentamosf^poía-dos.) E Sr. Presidente, esse mesmo homem que em França sustenta o que elle chama princípios legi-tirnislas; e que na verdade o são, porqueem França estabeleceu-se uma nova dynastia, eaquellesque sustentam essa dynastra não querem juntar aos ti-tulos de legalidade da sua existência o de Legitimistas, antes pelo contrario o repellem ; esse mesmo homem, digo eu, encontra graves difficuldades na sua situação ; c avaliado por um escriptor que não pôde ser suspeito para aquelle lado da Camará, Mr. Cormemn, avaliado por elle, é fácil de conhecer que a sua posição é violenta; porque, longe de parecer sustentar o partido a que verdadeiramente de-•via pertencer, e&tá a cada passo a faser uma incursão nas doutrinas da extrema esquerda da Camará. Eu acho mais conforme com a opinião política do indivíduo,, com a inteiresa dos principies políticos de quem defende uma tal causa, faser como fez outro homem, que abandonou a Camará dos Pares, porque entendeu que seus princípios políticos não podiam alli ser defendidos, desde que a dynastia tinha sido julgada decaída. Julgo isto mais conforme corn a inteiresa dos princípios políticos da crença a que cada um se diz pertencer, do que faser a cada passo incursões em terreno alheio.

Disse-nos o Sr. Deputado : eu defendo recordações da nossa historia passada ; o meu partido tern por fim retrogradar, e por isso pertenço á Opposição. Oh ! Sr. Presidente, não percebi, nem posso ainda perceber ! Pois o Sr. Deputado quer que retrogrademos, e vai uriir-se a um Partido que nos diz querer o Progresso indefinidamente, o Progresso sempre : não percebo.

Parece-me que S. S.a, quando reconheceu quedes-te lado existiam algumas pessoas dos seus Princípios Políticos (e nisto parece-rne que houve alguma inexactidão) devia entender que essas pessoas, ainda que seguissem os Princípios Políticos que S. S.a

diz defender, eram muito rnais conformes com eU lês, pertencendo a este lado da Camará; porque nós, Sr. Presidente, que não queremos o Progresso senão reflectido, nós que não queremos as in-novações senão como melhoramentos, nós que queremos do passado tudo o que o passado mostrou que era útil a este Paiz, parece-me que offerecernos muito mais garantias aos restos dispersos desse Partido, do que homens que seguem Princípios Politi-cos inteiramente oppostos aos nossos. Ha fanatismo do passado, e.ha fanatismo do futuro, como muito bem disse um illuslre Poeta; mas, Sr. Presidente, os homens que são fanáticos do passado, deverão naturalmente ser alliados dos fanáticos do futuro? Entendo que não ; que, pelo menos, valia a pena de mostrar qual o motivo por que os que defendem o passado, e o defendem cegamente, se foram unir áquelles que querem um futuro, que ainda nós não sabemos qual e', salvo se S. S.a viu que, apezar do Programma de Progresso indefinido daquelle lado da Camará, lá havia comludo um atalho, que o conduzisse aos seus Princípios de retrogradação.