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de. Eu examinei essas provas, e colligi que ellas não concluíam o que se pretendia; citavam-se violencias, mas intendi que a citação não dava, não devia dar a evidencia de se haverem commettido. Reputei contraproducentes os documentos que se apresentavam: vi que se fallava em coacção, e que os proprios que fallavam em coacção da força armada, diziam que a ausencia dessa força armada é que os tinha collocado em coacção. Desde que vi a contradicção, desde que me pareceu vê-la, não me assustou a conclusão, e votei pela eleição em que se citavam violencias; votei por ella, e estou muito satisfeito de ter votado. E qual foi a consequencia? Foi que quando esse Circulo elegeu de novo, sem se terem dado esses actos que se diziam invalidarem a eleição, o resultado foi exactamente o mesmo: (Apoiados) vieram os mesmos Deputados a esta Camara sem ter sido necessario que os destacamentos se tivessem posto em acção. Isto o que provai O que prova é que o espirito do Circulo de que se tractava, era no sentido da eleição que se havia feito primeiro. Eu tinha esta convicção à priori, e por isso não admira que à posteriori estivesse convencido de que essa eleição tinha sido legal.

É tambem o que me parece nas eleições de que se tracta: e se esta Junta tiver a bondade de me prestar attenção nas poucas palavras que vou proferir, vera que é muito facil considerar que os documentos apresentados, que os Processos Eleitoraes, effectivamente não demonstram a falsificação do sentido geral da urna, porque estou persuadido que nas circumstancias em que nos achavamos, esta Camara, ou uma Camara similhante a esta, é que devia ser o producto do resultado do escrutinio.

O que é que se observa?.. Quem póde dizer que os Partidos estão organisados como estavam ha um pouco de tempo? Quem póde dizer que as idéas são as mesmas, que os mesmos homens representam as mesmas posições, que se está como se estava ha um pouco de tempo?.. Não tem havido um Processo de dissolução?.. Não lavra a divisão aonde existia a concordia?.. Porque se admiram pois que os Partidos não tenham a mesma representação quando elles não têem as mesmas idéas, quando não estão accordes, nos mesmos homens?..

Como quereis que esta Camara faça o mesmo que a Camara passada, o mesmo que as Camaras anteriores, e a situação não se parece com as situações antecedentes?.. Como quereis que não houvesse differença nos individuos que se aqui sentam, quando ha tanta differença na situação politica em que nos achamos?..

E diz-se — Veiu uma maioria... E fez-se o catalogo das qualidades tristissimas que assistem ás maiorias!.. Pois, Sr. Presidente, eu não me entristeço, porque haja uma Camara em que appareça finalmente uma maioria. Cançado estava eu na Camara passada de ver que não apparecia maioria, que não havia maioria. A Camara passada adoecia da doença de não poder formar uma maioria sobre nenhuma questão: esta é a minha opinião. Na Camara passada não havia maioria nem para nenhuma idéa, nem para nenhum homem; e a Camara passada, Sr. Presidente, compunha-se de caracteres respeitaveis, compunha-se de homens illustrados; mas a situação era esta, e a situação consta das Actas da mesma Camara.

Se os Partidos não são os mesmos, se as posições não são identicas, como é que o resultado havia de ser differente do que foi!.. Se por um lado um Partido forte no qual existem caracteres respeitaveis, se achava dividido — como é incontestavel; se por outro lado um Partido forte e respeitavel se acha tambem dividido; se homens importantes deste Partido diziam — Não vão á urna — e se homens importantes desse Partido diziam — Vamos á urna — que admira que os que estavam mais conformes, que os que estavam mais unidos, que os que tinham mais a consciencia da força da situação em que se achavam, triunfassem junto á urna?.. Que ha nisto que admire?.. Pois não podemos concluir desde já, sem examinar o longo Processo das eleições, que necessariamente a Camara, a maioria desta Camara não devia representar nenhum desses Partidos fraccionados?..

E, Sr. Presidente, não serei eu que dirija injurias a um Partido que appareceu na urna em minoria; porque deu um documento por esse acto da sua independencia, não acceitando insinuações de nenhuma Auctoridade; não, Sr. Presidente. Honra a esse Pari ido que ficou em minoria, mas que cumpriu um dever constitucional! Honra a esse Partido que foi junto á urna, e prestou homenagem ao Systema Representativo! Não o injurio, respeito-o por esse acto; concorreu comnosco, com todos nós para que o Systema Representativo seja acreditado, leve fé no Systema Representativo — Honra lhe seja!

E o Systema Representativo, Sr. Presidente, máo grado tantas declamações, máo grado lautos inconvenientes que elle tem em si, porque o que é que os não tem, ainda é, segundo diz um homem que não póde ser accusado de demagogo, segundo diz Mr. de Montalembert, o unico Governo possivel em a nossa época, a unica fórma politica possivel da liberdade no tempo presente. (Voes: — Muito bem — Apoiados)

Eu tenho sempre presente a consideração da difficuldade de fazer conter as observações que tenho a apresentar, dentro dos limites, que naturalmente me indica a ordem a que me devo cingir; releve-mo a Junta o occupar por algum tempo a sua attenção.

Fallou-se na influencia do Governo nas eleições. Eu, Sr. Presidente, intendo que não é esta a occasião mais propria de sustentar fortemente o direito que o Governo tem para legalmente apresentar a sua opinião, e empregar meios legitimos para a fazer triunfar. Não é esta a occasião para disto se tractar, parece-me. Se o Governo cumprir a sua missão politica, não serei eu que o exalte, nem o aconselhe ou explique os motivos que lhe assistiram para o fazer; a occasião conveniente seria outra, a occasião conveniente para dizer ao Governo: «Sê Governo, tende a consciencia da posição que occupais era outra, era quando o Governo, porque as circumstancias provavelmente o impelliam a isso, deixava de ter nos seus Agentes Politicos, nos Magistrados Administrativos de primeira ordem, que deviam representar a sua Politica e idéas, os verdadeiros representantes dessa sua Politica, que o intendessem e estivessem de accôrdo com as suas idéas: então nessa occasião é que se podia dizer ao Governo: «Toma o teu logar, levanta a lua bandeira, e sustenta a tua posição dentro dos meios legaes e dos limites proprios e convenientes.»