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DIARIO DA CAMARA DOS SENHORES DEPUTADOS

saber que eu no desempenho dos cargos que exerço não faço senão justiça.

O illustre deputado fallou do partido que tinha o prior de Caparica.

Eu não sei quem elle é, a guerra que elle lhe faz, e o motivo porquê.

O illustre deputado quer que demitta o administrador...

O sr. Eduardo Tavares: — Não disse isso.

O Orador: — Disse-o de outra fórma. Eu não demitto um administrador por uma pessoa ou outra o pedir.

Os administradores do concelho não são auctoridades dependentes de pessoa alguma a não ser dos governadores civis.

Os administradores de concelho são da confiança dos governadores civis; e não havendo motivo para os destituir, eu não destituo nenhum. Tenha o illustre deputado a certeza d'isso.

Não considero que o administrador de concelho esteja vinculado a nenhum sr. deputado, nem que ninguem tenha auctoridade de exigir do governo que o demitta. Partam os illustres deputados d'este principio.

Ha uma accusação contra uma auctoridade administrativa; hei de examinar se é justa.

Se for justa não é preciso que o illustre deputado venha dizer que tenha a coragem de resolver este negocio. O illustre deputado sabe que tenho a coragem de fazer o que devo. (Apoiados.)

O illustre deputado fallou na estima que professava por mim e n'aquella com que eu lhe correspondo. A maneira por que o illustre deputado acaba de se portar a meu respeito, abona bem pouco a sinceridade das expressões que empregou.

O illustre deputado veiu fallar nas suspeições politicas! Ignora alguem n'esta e na outra casa do parlamento que eu combati as suspeições politicas que tinham sido votadas n'esta casa?

Pois o illustre deputado que fallou nas suspeições politicas...

(Interrupção.)

Peço perdão: quando n'esta camara se votavam as suspeições politicas, eu combatias com todas as minhas forças na outra camara e no parecer, que corre impresso, e de que fui relator.

Glorio-me d'isso.

Estou fallando diante de um antigo amigo, que foi membro da commissão, e sabe que me pronunciei abertamente contra as suspeições politicas;

Mas chegámos a um tempo em que se desfigura a historia; diz-se tudo o que se quer. (Riso) Não se riam; é verdade.

E quando eu tiver a palavra provarei que hontem foram-se buscar actos da minha vida praticados ha trinta annos, e contaram-se de uma maneira inteiramente contraria ao modo por que esses actos tiveram logar.

Digo ao illustre deputado que estou fallando com um profundo sentimento de tristeza.

Queria que n'esta casa não reinasse senão a verdade.

Quem não está habilitado a tratar de uma questão não a trata; informa-se primeiro, e não vem aqui asseverar factos e actos da minha vida publica com a maior inexactidão.

Tenho uma larga carreira publica, não me envergonho d’ella.

Hei de fazer justiça; hei de examinar essas representações.

Se porventura o administrador do concelho merecer censura, ou mais que censura, ha de ter o que merecer.

Não preciso que me venham pedir que tenha coragem de resolver uma questão segundo os principios da justiça. (Apoiados.)

O sr. Presidente: — Passa-se á ordem do dia. Vão ler-se as propostas dos srs. Thomás Ribeiro e Julio de Vilhena.

O sr. Eduardo Tavares: — V. ex.ª não me dá a palavra? Bem: vae entrar-se na ordem do dia. Não cessarei de fallar do assumpto até ao dia da eleição.

ORDEM DO DIA

Continuação da discussão da moção apresentada pelo sr. Dias Ferreira na sessão de 18 de janeiro

Leram-se na mesa as seguintes

Propostas

1.ª A camara, censurando o governo por ter na sua administração prejudicado os interesses e violado as leis do paiz, passa á ordem do dia. — Julio de Vilhena.

2.ª A camara, tendo ouvido as explicações do governo, e certa de que a sua gerencia se desviou das normas legaes e dos principios de tolerancia politica ha tantos annos mantidos com proveito e applauso do paiz; e tendo em consideração que para resolver as questões de fazenda as medidas apresentadas são votos de confiança, tão amplos e incondicionaes, que o parlamento, votando-os, abdicaria das faculdades que a lei só a elle confere; e observando que na applicação dos dinheiros publicos o governo deixou sem dotação a obra mais importante do paiz, segundo elle mesmo reconhece, não póde continuar-lhe a sua confiança politica e passa á ordem do dia.

Sala das sessões, 25 de janeiro de 1878. = Thomás Ribeiro.

Foram admittidas e ficaram em discussão com a materia da ordem do dia.

O sr. Presidente: — Tem a palavra o sr. Luciano de Castro.

O sr. Luciano de Castro: — (O sr. deputado não restituiu o seu discurso a tempo de ser publicado n'este logar.)

O sr. Camara Leme: — Peço a v. ex.ª que consulte a camara sobre se quer que se prorogue a sessão até se concluir a discussão pendente.

A camara annuiu.

O sr. Presidente: — Nos termos do artigo 96.° do regimento, tem a palavra o sr. Dias Ferreira, como auctor da moção de ordem que tem estado em discussão.

O sr. José Dias Ferreira: — Começo por pedir desculpa aos meus illustres collegas, que se acham inscriptos, de tomar a palavra n'esta altura do debate, e vou fallar, não com a pretensão do illustrar a assembléa, que não precisa de ouvir as minhas observações para esclarecer o seu voto, mas por deferencia e consideração para com os cavalheiros que têem discutido a moção que eu tive a honra de mandar para a mesa.

Por outro lado a camara, toda comprehenderá que eu não podia deixar encerrar o debate sem conversar em termos mais ou menos amigaveis com o sr. presidente do conselho. (Riso.)

Esta conversa não significa uma liquidação de contas com s. ex.ª Nunca liquidei contas com pessoa alguma nos conselhos da nação, porque nunca me prevaleci, nem prevaleço, do exercicio das minhas funcções publicas, para ajustar ou liquidar contas com quem quer que seja.

Não venho aggredir, venho defender-me. Hei de ser o mais benevolo possivel, apesar de ter sido atrozmente aggredido pelo sr. presidente do conselho. E para que a assembléa possa desde já apreciar a minha tranquillidade n'este debate, começo por lhe declarar que eu nem me escandalisei com as offensas que me dirigiu o sr. presidente do conselho! (Riso.)

Perguntou o illustre deputado, que acabou de fallar, a quem eu felicito pela oração esplendida com que illustrou a assembléa (Apoiados.) «Que desejava eu?» Respondo. Desejava que os debates parlamentares, em logar de degenerarem em questões puramente pessoaes, abandonando-se