O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

( 185 )

aqui o estado de prosperidade do Douro!!! Este estado e' assustador, e' insupportavel, — se duvidam, vão lá, e lá verão quem lhes falia verdade: se fossem correr aquelle Paiz, veriam um Paiz outr'ora prospero, hoje um valle de lagrimas; e que direi das circu instancias em que se acha o Commercio dos vinhos da Praça do Porto! Lastimo de todo o meu coração ver que o Commercio ornais importante da Nação, que era quasi o único exportador, está próximo a uma fallencia e quebra geral; para este estado muito tem concorrido a oscilação em que está desde que se tem fallado crn negociações

• Tl J '

cormuerciaes com a Inglaterra, esta incerteza tem feito umdatnno já irreparável; e sei eu, que o Commercio prefere uma certeza negativa do Tractado, ao estado de incerteza, ern que se acha, que lhes tem feito paralisar suas transacções, e^s levam ao precipício em que vão a cair sem remédio algum. — Ch'amo sobre esle importante objecto a attenção do Qoverrio, e muito principalmente do Sr. Ministro di^s Negócios Estrangeiros. S. Ex.a não ignora, e eu sei que não ignora, o estado da Praça do Porto: S. ]Ex.a conhece muito bem a importância e o valor do Commercio daquella Cidade, mais considerável do que todo o Commercio restante de todo o Reino, conhece muito exactamente a situação ern que se acham os negociantes de vinhos daqueiía Cidade : S. Ex.a tem tido residência nelía, tem nel-la avultada fortuna, acaba de ser eleito Deputado por aquelle Districto, tem lá amigos, e parentes, deve saber por tanto, e eu sei, que S. Ex.a sabe as circumstancias daquelle , negocio ; tenho por tanto toda a esperança de que o Sr. Ministro empregará sua reconhecida aptidão a este respeito, sentindo porem ter de assegurar a S. Ex.a que a Praça do .Porto vai perdendo de dia em dia a grande confiança que tinha no Governo. O Sr. Ministro deve empregar todos os seus esforços a bem da Nação, como se espera ou concluindo as negociações sobre o Tractado-—ou dando a certeza de que senão faça. Sr. Presidente, este estado calamitoso do Douro que acabo de expor, ,e' o mesmo que se vê das Representações de algumas Camarás daquelle Paiz, as quaes vou rcmetter.para a Mesa, bern corno a Representação da Associação dos agricultores, a qual por ser a verdadeira Representação daquelles lavradores deve merecer toda a attenção desta Camará, e deve por isso ser lida nesta 'Camará, para que seu conhecimento chegue a todos: ella mostra o estado, afílictivo do Douro, e pede com urgência a discussão do Projecto, da Com missão dos vinhos, porque delle podem resultar grandes vantagens ao Douro, e a experiência já nos mostrou algumas.

.Quando este Projecto foi approvado na generalidade, começou-se a conceber esperanças de um rne-Ihor futuro ; acreditou-se então, que nós'e o Governo estávamos resolutos a cuidar seriamente de curar os males dos infelizes.lavradores do Douro; come-cava a haver confiança em nós os Deputados e no Governo; pensou-se então, que as mais previdentes medidas do Projecto seriam applicadas para as vendas deste anno; e esta esperança fez dar signaes de vida e de existência ao moribundo Paiz do Douro, e nessa occasião tanto os vinhos como as> agoas-ar-dentes subiram de preço e valor: porem logo que lá chegou a noticia do adiamento das Cortes, e que senão havia ultimado a discussão do Projecto, ficou VOL. 1.°—JANEIRO—-1843.

tudo na mais plena paralisação; todas as esperan* ças se malograram, e de repente ficou o Paiz na mesma desgraça, e os resultados nós os sentimos, e sentiremos por muitos tempos.

Não pense esta Camará que eu sou exaggerado: eu invoco em meu apoio ao Sr. Deputado Mousi-nho, cuja probidade é reconhecida por todos, e que não pôde deixar de ser conceituado nesta questão como muito imparcial; como S. Ex.a esteve no Dou-ro. depois do adiamento das Cortes, havia de conhecer odisgosto do Paiz acerca do adiamento.das Cortes, e quaes as esperanças que o Paiz tem concebido do Projecto, e quaes os effeitos que elíe causou, quando esteve em discussão antes do adiamento. —• Eu peço a S. Ex.a que venha em meu apoio, e eu espero da sua honradez e probidade, que confirmará minha asserção, porque eu sei que S. Ex.a quando alli esteve, foi exactamente informado a este respeito.

Quando eu vi que as Cortes se adiavam antes de ser concluída a discussão do Projecto, predisse logo quaes os funestos effeitos que temos sentido, e que só pode bem avaliar quem bem os conhece, c os sente; porem eu não posso censurar o Governo por ter decretado o adiamento em Setembro, eu estou persuadido que foi mais uma necessidade, do que o eífeito de alta Política; eu vi estas cadeiras quasi de todo desertas ; eu vi" que não havia numero de Deputados; foi mais culpa dos Deputados, do que do Governo; ern quanto preferirmos nossas commo-didades e interesses particulares aos interesses geraes\ da Nação, mal irão os negócios da Pátria; não é assim que havemos de firmar o System a Constitucional; queixemo-nos de nós mesmos e não do povo: como querer que o povo ame urn Systema , quando nós corn nosso procedimento lhe dizemos que o não o queremos? Porem se eu não posso censurar o Governo pelo primeiro adiamento, não posso com tudo deixar de censura-lo pelo segundo; porque elle foi de um mais terrível ^effeito para o meu Paiz; eu estygmatiso um tal procedimento, e sinto muita ter motivo para censurar o Governo, e lastimo de todo o rneu coração que se tome tão pouco cuidado da-quillo, que mais que tudo devia dar p maior cuidado, .qual e a prosperidade do Commercio e a Agricultura dos vinhos do Douro. Parece que um máo fado persegue sempre os infelizes lavradores do Douro! Parece que um poder occulto, uma força magica e fatal malogra sempre as melhores esperanças, e nos desvia quanto pode felicitais-nos! Tanta desgraça,- tanta calamidade, tanto padecimento excede a toda a paciência; é necessário que olhemos seriamente para isto ; se queremos o bem da Nação como dizamoã q.ue queremos, mostremos por obras o que dizemos por palavras; aliás desengane mós nossos constituirítes, ou ainda melhor, voltemos para nossas casas, edeixemo nos disto (sensação). Se não agrada a minha linguagem, também me não agrada a necessidade de usar delia.

Concluo, Sr. Presidente, mandando para a Mesa as Representações de quê já fallei; e peço que sejam remettidas á Commissão Especial dos vinhos, aonde serão tidas na devida consideração: porque incessantemente nos occupamos de reconsiderar o. Projecto, e de examinarmos as modificações, que urn Membro do Ministério ponderou perante a Commissão; faço esta declaração para que no meu Paiz