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APPENDICE Á SESSÃO DE 16 DE MAIO DE 1890 244-C

para transmittir isto ao governo e o governo fez ouvidos de mercador (Riso.) lisonjeando assim a vaidade, das suas auctoridades locaes. (Apoiados).
Eu disse outro dia, e repito agora, que o governo é o primeiro cooperador na minha causa, mas eu não trato de mim, mas sim da liberdade e tranquilidade dos meus amigos.
Se eu attendesse só á minha pessoa, applaudil-o-ía pelos actos que está praticando, porque os poucos amigos que o governo tinha n'aquelle circulo tem-n'os perdido. É preciso que v. exa. saiba que se mandava dizer para o meu circulo e repetia-se á bôca cheia, que os poucos votos que me tinham ficado haviam de ser roubados aqui! Posso provar com documentos que se mandava dizer isto e que era o sr. ministro das obras publicas que o dizia. Isto é grave!
O sr. ministro das obras publicas não contava, talvez, que eu viesse aqui para lhe tomar contas severas e estreitas do seu procedimento.
S. exa. imaginava talvez que em vez de sangue eu tinha capilé nas veias, ou que em vez de temperamento meridional dos filhos do Algarve, tinha um temporamento lymphatico. Até hoje, graças a Deus, ninguem me provocou que não encontrasse na sua frente um homem sempre prompto a responder-lhe em todos os campos. (Apoiados.} Se no parlamento não poder medir-me com s. exa. no uso da palavra, hei de, ao menos, desaffrontar-me como poder e como souber, porque se me não sentisse com forças para representar o meu circulo com a dignidade com que deve ser representado, não teria acceitado o meu diploma, ou tel-o-ía devolvido aos meus eleitores. Se o governo me quer afastar d'esta casa, se só assim deixa de perseguir os meus amigos, diga-o então franca e desassombradamente, porque se os meus eleitores me derem licença, retiro-me immediatamente para que elles não soffram mais.
Se o fim do governo é esse diga-o francamente!
Eu não estou aqui por interesse pessoal, estou aqui para defender até á morte os interesses do meu circulo e dá minha patria, quaesquer que sejam os acontecimentos, quaesquer que sejam as responsabilidades!
Não supporia v. exa., não supporia a camara, que depois do que eu aqui disse hontem, que ao menos se daria algum remedio que pozesse cobro ao que se está passando em Obidos?
Mas o que v. ex.ªs não poderiam suppor era que em virtude do meu discurso: se mandassem ordens mais apertadas para cercear as liberdades no meu circulo e para prender por força ou por geito os meus amigos que mais se dedicaram á minha causa.
Eu suppunha que as minhas palavras haviam de ter um um echo pelo paiz fóra, e tiveram!
Os srs. ministros estão absolutamente enganados.
S. ex.ªs que têem obrigação descercar do prestigio as instituições que lhe estão confiadas, dão o abalo mais profundo n'essas instituições que todos queremos justificar e robustecer.
As instituições não têem inimigos mais crueis do que os actuaes ministros
O povo que não tem o criterio, que nós temos, vê que isto não póde ser, que isto não póde seguir assim, porque dentro do regimen actual não tem garantias nem liberdade, e por isso é necessario um grande esforço dos individuos dirigentes para conter o povo nos limites da cordura e das conveniencias.
Querem voltar ao tempo do absolutismo?
Enganam-se porque a epocha é outra.
Eu pedi, o maximo que era possivel, ao sr. presidente do conselho para que desse providencias, escrevi uma carta ao sr. Antonio de Serpa narrando os acontecimentos que se estavam dando na villa de Obidos, mas tudo foi inutil.
O sentimento que reina na villa de Obidos é tal que todas as lojas, pharmacias e vendas estão ha dois dias com meia porta fechada.
O sr. Franco Castello Branco ri-se, acha muito bonito ver uma povoação peor do que nos tempos de D. Miguel.
Em Obidos reina o cacete, o trabuco e o sabre da policia.
Eu fiz isto no seu circulo sr. Franco Castello Branco?
Basta dizer a v. exa. que os creados dos individuos que votaram commigo não podem sair á rua a fazer compras? sem serem presos.
Se duvidam tenho aqui cartas que eu não leio porque não quero fatigar a camara, mas que estão á disposição de qualquer sr. deputado que as deseje ler.
Alem das cartas, tenho recebido telegrammas pedindo providencias energicas, que eu não posso dar, porque o governo não quer attender ás minhas palavras.
Não estejam a enganar o paiz não estejam a dizer que vivemos em um regimen liberal, porque é falso.
Bem basta as liberdades que assassinaram, bem basta as prisões que effectuaram, bem basta tudo quanto fizeram durante as eleições, quanto mais inaugurar um systema de vinganças contra aquelles que não são affectos ao governo.
Era assim que se praticava no tempo de D. Miguel.
São graves as responsabilidades do governo e eu liei de pedir-lhe estrictas contas. Não se faz o que o governo fez; dissolver a associação academica, suffocando as expansões dos estudantes que são o futuro do paiz, e vir depois dizer, que se procedeu de tal modo para robustecer as instituições que os estudantes estavam abalando, é que é o cumulo da audacia. O governo com o seu procedimento é, que impelliu os estudantes para um caminho em que elles não tinham tenção de se lançar.
O que falta ao governo é criterio, para não ver que o seu procedimento é que faz abalar as instituições que nós queremos fortificar e cercar de prestigio que as colloquem acima de todas as contingencias.
A maior parte d'esses rapazes são filhos de familias monarchicos convictas e ellas eram as primeiras a aconselhal-os a que se mantivessem dentro da ordem; hoje estão indignadas com o procedimento do governo, porque os seus sentimentos eram os mais nobres que se podiam imaginar. Quando o governo fez isto na capital, suffocando as liberdades publicas, suffocando as expansibilidades patrioticas que o governo devia applaudir, e eu direi a s. ex.ªs, que, se eu tivesse qualidades para estar no seu logar, o que eu faria como governo, era dirigil-os e não suffocal-os, repito, quando o governo fez o que fez na capital póde calcular-se o que faria por esse paiz fóra quando não havia quem se oppozesse aos seus caprichos.
Mas o governo o que fez? Suffocou as expansibilidades d'aquellas almas nobres e generosas, que devia ter aproveitado para mostrar lá fóra que ainda ha no paiz sangue, e vida e amor pelo torrão que nos viu nascer.
Hei de tomar ao governo estrictas contas por esse acto.
É preciso ter um falso criterio, para suppor que o movimento d'aquelles rapazes podiam transformar o paiz em uma republica. Aquelles rapazes são, na sua maior parte filhos de familias que têem arreigados sentimentos monarchicos, e quando elles iam para as suas reuniões, essas familias eram as primeiras a recommendar-lhes ordem, prudencia e moderação.
Hoje essas familias estão indignadas.
Ha collegios inteiros, com centenas de rapazes, onde há um só que não diga mal do governo.
Não desejo alongar-me muito, mas a minha indignação provocada pelos actos do governo é tão extraordinaria, que tenho de fallar, para mostrar aos meus eleitores que faço quanto posso para acabar por uma vez com o estado anarchico em que está a villa o concelho de Obidos.
Os soldados que estão na villa de Obidos para manter