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nos, que teríamos communicaçôes com Macáo em menos de Ires mezes \ Pois temos tido noticias de lá em menos desse tempo. Então, se nós procuramos ligar todos os povos da Europa para um fim commurn, para acabar cora as guerras e eommo-ções, traclando só dos interesses maleriaes, seria um meio poderoso para esse fim o uniformar em lodo o mundo o sistema de pesos e medidas ; porque assim nos entenderíamos com urna lingoagem muito mais fácil e universal; e assim se facilitariam muito todas as transacções e relações cemmerciaes. Mas isto não se tem podido conseguir, porque a nionarchia universal é um ente de razão; quem a tem emprehendido tem ficado sempre esmagado; e só por meio desse desideraíum de alguém, e que se poderia vir a uma convenção geral nesta matéria/ Entretanto, talvez ella possa ainda chegar; porque vejo a Europa muito disposta para isto ; vejo estabelecidos já ha doze ou quinze annos esses congressos scienlificos, que são já um passo muito grande, dado para esta intima união de todos os povos da Europa. Mas lá vem o ciúme nacional de algumas nações, que se querem isolar das outras ; e nós vemos, por exemplo, que a lugiaterra quer fazer o seu congresso scieniifico particular ; e o tem feito em diversos annos, só composto dos seus sábios: e ainda, que não excluam os da Europa, que lá qui-zerem ir, não os convidam, como se faz nesses congressos scientificos, que convidam a todos de todas as nações: ainda nos achamos longe desse ponto, comtudo pôde ainda esperar-se esta grande vantagem, porque e'possível consegui-la quando aos congressos scientificos forem os sábios de todas as nações; e sinto muito, que da nossa não tenham lá apparecido, porque nóà tínhamos gente, que lá po-desse ir, em todos os ramos scieutjfiros ; (apoiados} entendo, que seria esta uma medida, que o Governo devia tomar; então se faria mais justiça á nação porttigueza , e ao seu adiantamento, e ao progresso, que as sciencias teern feito entre nós...

O Sr. Ministro dos JVegocins Estrangeiros : — Se o nobre Deputado me permitte, direi, que não tem escapado á attenção do Governo esta idea, e a não ser o receio de offender a Universidade de Coimbra a quern entendeu dever pertencer a proposta e a escolha, teria já no anno passado mandado um illus-tre porttiguez ao congresso dos sábios reunidos na Toscana.

O Orador: — Estimo muito ouvir a declaração que acaba de fazer o Sr. Ministro, declaração muitíssimo importante e que muito honra o Governo; (apoiados^ e se se reunirem todos os sábios da Europa nesse congresso, entre os objectos de que elles houverem de tractar para a conveniência e bem estar dos povos Europêos, está-me aparecer, que não hade esquecer o grande pensamento de estabelecer a uniformidade dos pesos emedidas^em toda a Europa pelo systerna decimal francez que e verdadeiramente scieniifico e fundado nas bases as uia;s perfeitas.

Mas voltando á questão, examinaremos se o terceiro systema, isto é, o de igualar os pesos e medidas em todo o reino, com os pesos e medidas de Lisboa, pode ser adoptavel, parece-me que não uma vez que entramos ern reforma radical deste objecto, porque esse systema careceria daqui a pouco de uma nova reforma; primeiro, porque não se estabelece uma base única para depois se applicar ás VOL. 1.°—-JANEIRO—1845.

dimensões; segundo, porque a medida de Lisboa não pode servir de typo, porque não tem base nenhuma na naturesa , condição sine qua non para se adtniitir qualquer systerna; e então seria melhor continuarem os pesos e medidas no estado em que eslão, porque ainda que se diga, que o nosso arrátel tem relação finita com o systema métrico, não se dá a mesma rasão nas medidas de capacidade, e então teríamos um sy.stema mixlo, um systema sem vantagem. Eu vejo que as rasões que moveram os illuslres membros desta Commissão, no numero dos quaes entrava o Sr. Thomaz d'Aquino, meu amigo e contemporâneo e com o qual continuarei sempre a ter relações d'amisade, as rasões que os moveram, digo, foram justamente os receios que manifestou o meu nobre amigo o Sr. Fonseca Magalhães, mas parece-me que não podem admiltir-se pelos motivos que acabo de ponderar; a rnexer-se nesta matéria, seja radialmente, seja como deve ser, e a não ser assim e melhor ficar corno estamos, Acho pois, que não pode admitlir-se ouiro systema, senão o systema métrico decimal francex, mas com a lermologia portugueza , porque a differença e tão insignificante que o povo em pouco tempo se acostumará á comparação das medidas antigas com as novas: por exemplo, 100 varas antigas, são iguaes a 110 varas modernas; em 100 varas ha a differença de 10 ; com uma differença tão saliente o povo immediatarnente fará as reducções: o mesmo digo em relação ás outras medidas ; ha realmente urna grande vantagem em accommodar este systema ás nossas medidas antigas.

Portanto pedi a palavra unicamente para dizer que da parte da Cornmissão , não houve um tão perfeito abandono dos outros syslemas , que apresentando o objecto debaixo de Ires bases, se não pronunciasse muito aproximadamente por um del-les , propondo que as corporações scientificas fos-scrn consultadas sobre o assumpto: isso não pôde ser levado a eífeito no meu entender por duas causas; ou por essas corporações julgarem que não tinham precisão nenhuma de entrar na matéria, por entenderem que as observações que estavam feitas eram vastíssimas, ou porque as suas funcções lhes não permittissem occuparern-se desse objecto ; ruas em todo o caso, se este systema fosse contrario aos nossos interesses, se fosse ladeado de muitas diffi-culdades, tenho para mim, que nenhuma corporação scientifica deixaria pelo menos de ter prevenido o corpo legislativo com observações importantes, notando-lhe as difficuldades que o systema encontraria; o seu silencio é para mim uma prova de que não ha nada contra qualquer das disposições que houvermos de tomar. Em consequência entendo que as nossas ide'as a este respeito são fixas, isto é, que o systerna que se deve introduzir, é o systema métrico francez, mas vestido com trages portu-guezes, cotn denominações portuguezas; porque este systema e' tanto mais vantajoso para nós, quanto-urna grande parte das medidas antigas, está etn relação finita com eile ; o que torna a sua adopção rnuitissirno mais fac^l.

Não julgo de modo algum que o illustre Deputado e meu amigo o Sr. Fonseca Magalhães, que tanto interesse tem tomado nesta discussão, queira difficulta-la ; nem as minhas observações podem de modo algum entender-se que são já para responder