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presou algum contracto; nada disto aconteceu, porque não houve contracto algum a similhante respeito. Presentemente lha certo furor de se chamar, contracto a tudo quanto ha, para se suppôr que o governo os calca aos pés (é a expressão favorita) para depois achar-se nisto fim pretexto — para se accusar o governo.

Parece-me que o illustre deputado tambem censurou o governo pela falta, que encontrava no projecto, de communicações para Guimarães...

O sr. Carlos Bento: — Eu nada disse a este respeito.

O Orador: — Então enganei-me: parece-me que fallou a respeito da companhia Viação Portuense.

O sr. Carlos Bento: — Eu pedia explicações.

O Orador: — São muito simples. A companhia Viação Portuense contractou a construcção das estradas de Braga e de Guimarães; quanto á de Braga tem satisfeito ao seu compromisso, porque a tem executado, e effectivamente como o nobre deputado sabe, têem transitado já desde muito tempo diligencias nessa mesma estrada; quanto á de Guimarães suscitou-se uma duvida sobre qual devia ser a directriz que devia seguir. Havia cavalheiros pertencentes áquella companhia, e da cidade do Porto, que queriam que a estrada seguisse pela serra de Santa Catharina, indo directamente do Porto a Guimarães, por onde já estava construida em parte desde 1847: outros queriam que a estrada partisse do Porto pelo valle de Negrellos; outros queriam que a estrada partisse do Porto até Villa-nova de Famalicão, e que desta villa se ramificasse para a Falperra e Guimarães. A companhia Viação Portuense tem pedido ao governo a solução deste negocio, e o governo, como o que deseja principalmente é que se faça uma estrada para Guimarães, e se reputa, como se reputa a propria companhia, obrigado a desempenhar este encargo, tem procurado saber qual seria a directriz, determinada a qual seria mais facil para a companhia reunir os capitaes necessarios para se levar a effeito. É por esta dúvida, é por esta hesitação, que por ora não tem prejudicado consideravelmente os trabalhos, porque a companhia apenas tem tido as sommas necessarias á sua disposição para completar a estrada de Braga, que não se tem começado já a construir a estrada de Guimarães. O governo ha de resolver quanto antes essa duvida, como julgar mais conveniente aos interesses da viação naquella provincia, e em todo o caso a companhia Viação Portuense está restrictamente obrigada, em conformidade do que o governo resolver, a fazer a estrada por onde fôr. — Fica assim satisfeita a observação apresentada pelo sr. deputado Carlos Bento. (Brevissima pausa).

Ora, sr. presidente, eu estava passando em revista as observações feitas pelo illustre deputado, para saber se me faltava alguma cousa a dizer.. — Falta-me muito, porque o illustre deputado divagou muito; é eu mesmo não posso acompanhal-o nas suas observações. O illustre deputado deseja saber se o governo já recebeu algumas sommas do emprestimo Chabrol contractado em França, as que recebeu, onde existem, e em que as empregou; creio eu que é isto. Responderei em poucas palavras ao illustre deputado. O governo recebeu toda a primeira serie; essa primeira serie existe em ser, parte ainda em Londres á disposição do governo, já se sabe no banco de Inglaterra; parte em Lisboa em deposito, e não a tem applicado para cousa nenhuma, porque como não tinha lei que auctorisasse a applicação daquella somma, veiu ao parlamento buscar essa auctorisação, e espera obte-la dentro em pouco, para poder dar-lhe destino. Quando as côrtes votarem a proposta de lei que eu tive a honra, de apresentar por parte do governo, ficarei habilitado para poder dar destino ás sommas provenientes do emprestimo contraído em França com a casa Chabrol, em conformidade da proposta que eu hei de trazer tambem á camara, propondo-lhe o modo por que eu intendo que se deve distribuir pelas differentes estradas do reino, e que a mesma camara ha de votar como julgar mais conveniente.

Julgo ter respondido á maior parte, senão a todos, os argumentos apresentados pelo illustre deputado, e se acaso fôr necessario, ainda tornarei a pedir a palavra para redarguir ás suas observações. (Vozes. — Muito bem! Muito bem)

O sr. José Estevão: — Sr. presidente, eu não quero gosar do sobre. Fallar sobre falla toda a gente; eu fallo sobre a favor do projecto. (Riso) Isto é uma especie que ainda não está prevenida, porque fallar pro ou contra sem fallar sobre, é cousa que nem o espirito do illustre auctor da proposta do sobre poderá comprehender.

Eu, sr. presidente, vejo com satisfação que a attenção e as forças parlamentares na sessão deste anno se empregam, trazendo o governo a responder sobre assumptos restrictos e immediatos de administração publica; tornando assim os debates mais proficuos e a responsabilidade do governo mais grave e mais seria; e para dar um exemplo de que não abandono este primeiro dever de deputado, principio por fazer ao sr. ministro das obras publicas uma pergunta, que eu reputo muito substanciosa, e que me parece que deve preceder todas as indicações a respeito da nova administração das obras publicas. Intende o sr. ministro das obras publicas que sendo o ministerio das obras publicas uma creação nova, ella a respeito da contabilidade publica póde realisar todas as indicações do systema representativo, satisfazendo por aquelle ministerio a contabilidade dos exercicios, de maneira que a sancção parlamentar possa ser dada no tempo conveniente a todas as despezas feitas por aquelle ministerio? É uma interrogação á qual espero que s. ex.ª responda. (O sr. Ministro das obras publica: Agora?) Agora, ou quando fôr, porque eu deporei o meu voto por todos os modos contra essa nova creação, de nella não se podér realisar a contabilidade publica, segundo as practicas e o rigor que se usar neste systema. Eu previno a resposta, não só previno a resposta, sei qual é a resposta; não porque a tivesse concertado com s. ex.ª

O sr. Ministro das obras publicas: — V. ex.ª dá licença?

O Orador: — Pois não.

O sr. Ministro das obras publicas: — Devo dizer ao illustre deputado que no ministerio das obras publicas tenho procurado empregar todos os meios ao meu alcance, para que a contabilidade publica se execute e desempenhe com a regularidade que é propria e exigida pela natureza daquelles trabalhos; tenho á frente daquella repartição um homem, que reputo intelligente, e o paiz tambem, que, por consequencia, me dá as garantias sufficientes de que ha de desempenhar dignamente as ordens do governo. Por