O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

— 148 —

ministro recebeu a pasta da fazenda em circumstancias peiores, do que o cavalheiro que -exercitava o logar de ministro da fazenda na administração passada; sou o primeiro a declaral-o, porque devo ser justo, e se o não sou mais, é porque não posso sêl-o em favor do sr. ministro, sem offensa da razão.

O illustre ministro da fazenda leve a bondade de responder a alguns argumentos empregados por mim, mas é claro, e natural, que quando entramos numa discussão, e difficil convencer reciprocamente, isto é experiencia de todos os tempos, e eu pela minha parte, declaro que me não dou por convencido, como o illustre ministro da mesma fórma intenderá que não está convencido. Mas o illustre ministro, aproveitando alguns pontos tais fracos das minhas observações, foi ahi principalmente belicoso, porque ao illustre ministro não lhe falta a habilidade necessaria, para tirar todo o partido do menor descuido, da menor distracção dos seus adversarios. Tenham cuidado os illustres adversarios do nobre ministro, porquês, ex.ª deixa os pontos mais importantes, e faz mais carnificina onde encontra os seus inimigos mais fracos. Mas não vale a pena de victoriosamente tractar a questão, quando se tracta do deposito de uma companhia, que eu presta, ou de uma companhia que administra obras publicas. O illustre ministro tem completamente razão, porque a companhia que fizer obras publicas, deposita como garantia do contracto uma certa quantia; e uma companhia que empresta está numa posição differente. Direi pois ao illustre ministro em resposta, que não queria igualar as companhias; mas o que é verdade, e que tem havido companhias que emprestam e não pedem depositos. Em bem pouco tempo que a Turquia, sem instituições representativas, e sem muita outra cousa, fez um emprestimo na Europa mais vantajoso que o emprestimo de Chabrol, e não houve hypotheca, sendo o emprestimo a seis por cento. E outras muitas nações, que não estão em muito boas circumstancias, tem conseguido emprestimos sem garantia. O illustre ministro sube, melhor do que eu, que este modo de levantar dinheiro, não é o modo seguido em outras nações.

Sr. presidente, a respeito da estrada de Lisboa ao Porto e do Porto a Guimarães, o sr. ministro da fazenda deu uma explicação com a qual e dezejava satisfazer-me mais do que me foi possivel satisfazer. O illustre ministro diz que tem havido demora, e effectivamente a tem havido, na conclusão deste negocio. Eu intendo que esta demora em cousas similhantes prejudica sempre. Eu intendo que quando a empreza põe qualquer duvida, seria muito para desejar, que essa duvida fosse rapidamente decidida, porque todos sabem que entre nós é uma grande desgraça em todos os que tractam com o governo, a demora, a procrastinação da solução das suas reclamações, e é essa uma situação desgraçada, e situação que eu desejava ver desapparecer. A respeito da estrada de Lisboa ao Porto, eu desejo fazer uma observação. Eu ouço fallar geralmente na simultaniedade da construcção de uns poucos de caminhos de ferro no paiz. Ora pergunto: temos capitaes para isso? Temos o pessoal technico indispensavel? Temos os operarios necessarios? Eu creio que não. Seria este o unico paiz no qual a multiplicidade dos caminhos de ferro terá trazido crises e crises terriveis? Não nos lembramos nós do que aconteceu em Inglaterra em 1837? Pois a Inglaterra póde dizer-se que experimentava falla de capitaes? Pois verdade que a multiplicidade de construcções de Caminhos de ferro produziu naquelle paiz uma crise temivel.

Sr. presidente, eu intendo que a construcção de uma estrada não prejudica em nada a construcção dos caminhos de ferro. O illustre deputado que acabou de fallar, suppoz que era o nome de um deputado, ou que podia ser para alguem, o objecto da difficuldade para se construir o caminho de ferro do Porto a Lisboa. Sobre esse ponto o sobre deputado foi altamente injusto. Eu intendo que é muito mesquinho, em objectos desta natureza, a sympathia ou antipathia para qualquer homem se decidir, principalmente quando se tracta de um objecto de utilidade publica.

O nobre ministro da fazenda teve á bondade de entrar nas vantagens resultantes de um meio de communicação aperfeiçoada. Ora eu neste ponto faço côro com o illustre ministro, e lisonjeio-me de ir de accôrdo com o illustre ministro. Mas, sr. presidente, eu duvido das vantagens de uma communicação aperfeiçoada; porque, note-se bem uma cousa os individuos compram os objectos, segundo as suas possibilidades; nas nações pobres e pequenas talvez não possamos comprar a rapidez pelo mesmo preço que as outras nações a lêem comprado; nós não podemos pagar a rapidez pelo mesmo preço que as outras nações a têem pago. Mas essa -não é a questão; a questão é da construcção de caminhos de ferro. Quatro jornalistas juntaram-se, e decidiram que o caminho de ferro é necessario — muito bem —; mas quantos capitalistas se ajuntaram para mobilisar os seus capitaes para esse fim? Qual a somma recebida para esse caminho? Não ha nenhuma. Onde está o plano, onde está o traçado, que é das emprezas, e que é dos capitaes? Reuni o numero sufficiente de assignaturas que me de a garantia da feitura neste caminho, e então eu me convencerei de que é um negocio serio; mas em quanto irão houver senão a assignatura destes quatro cavalheiros que escrevem artigos de fundo nos jornaes, e eu tambem tenho sido jornalista e por isso sei que, geralmente, os que escrevemos artigos de fundo, temos muito poucos fundos; sei que o capital social ide uma empreza commercial conta muito pouco, em quanto não tiver outros fundos senão o estylo e a […] dos redactores de jornaes. Eu não me envergonho de declarar que a minha assignatura não significa grande fundo, e por isso não faz grande falta.

Sr. presidente, eu desejava, sinceramente o digo, vêr mais representado o capital nestas emprezas; o illustre deputado, que fallou ha pouco, elle mesmo declarou quaes as opiniões dos differentes Capitalistas dos diversos pontos do reino — uns querem estradas em geral, outros preferem as estradas dirigindo aos pontos mais proximos da actividade commercial.

O que concluo daqui, é que ainda se não póde fazer, a designação precisa das obras que primeiramente devem emprehender se.

Ora, eu não nego a importancia da idéa: eu sei que a illustração representa um papel importante na sociedade; sei que toda a vez que o talento tomar uma direcção qualquer, mais tarde essa idéa ha de amadurecer o realisar-se; mas em quanto ha esse intervallo, em quanto essa demora existe, não havemos de ir no Porto, sem passarmos pelo incommodo que soffreu o illustre deputado, testimunhando essa de-