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160 DIARIO DA CAMARA DOS SENHORES DEPUTADOS

nente sabio mr. Pasteur, que bem mereceu da sciencia, da humanidade e da religião.

Proponho tambem que d'este voto se dê conhecimento á familia do illustre finado, e que se lhe transmitta a sentida expressão de condolencia do parlamento portuguez por tão infausto acontecimento.

Sala das sessões, 1 de fevereiro de 1896. = O deputado, Antonio José Boavida.

O sr. Boavida: - Peço a v. exa. se digne consultar a camara sobre só permitte que a proposta, que acaba de ser lida, seja votada por acclamação.

O sr. Presidente: - Consulto a camara sobre se deve ser votada por acclamação a proposta, que acaba de ser lida na mesa, para que se consigne na acta um voto de sentimento pela morto de Pasteur.

Foi approvada por acclamação.

O sr. Eduardo Cabral: - Tem a mandar para a mesa uma proposto que já na sessão anterior teria apresentado se lhe tivesse cabido a palavra. É uma proposta analoga á do sr. Boavida, mas com um additamento para que a expressão de condolencia da camara, pela morte de Pasteur, seja transmittida não só á familia d'aquelle illustre sabio, mas tambem, ao instituto que tem o seu nome.

Querendo demonstrar quanto é justa e honrosa a manifestação da camara no sentido indicado, o orador faz a resenha das descobertas e trabalhos de Pasteur, enaltecendo os enormes serviços por elle prestados á sciencia e á humanidade como creador da bacteriologia. Ao mesmo tempo affirma, que elle, embora fosse, como de certo foi, ima positivista, não deixou ser tambem um crente e um catholico. Nem ha incompatibilidade alguma entro uma e outra cousa.

Depois de largas considerações em honra do fallecido, e tendentes a demonstrar que a sua memoria deve ser venerada por todos, conclue lendo e mandando para a mesa uma proposta.

(O discurso será publicado na integra e em appendice a esta sessão, quando s. exa. o restituir.)

Leu-se na mesa a seguinte:

Proposta

Proponho que a camara lance na acta um voto de profundo sentimento pela perda havida para a sciencia e para a humanidade com a morto do benemerito, sabio e bondosissimo coração que em vida se chamou Pasteur, e que esta resolução seja participada á familia do grande extincto e ao instituto que em Paris tem o seu nome.

Sala das sessões, 1 de fevereiro de 1896. = O deputado, Eduardo Cabral.

O sr. Boavida: - Respondendo ao illustre deputado, que mo precedeu, direi que a doutrina de Comte eu a combato sob o ponto de vista religioso; e o proprio Pasteur, que s. exa. com tanto brilho exaltou, esse mesmo, n'uma sessão da academia franceza, condemnou o positivismo, como systema menos experimental e menos scientifico. Direi mesmo, que posso apresentar as palavras de Pasteur e por consoquencia as minhas asserções são auctorisadas com as palavras do grande sabio, cujos meritos s. exa. com tanta justiça acaba de enaltecer.

Quero só fazer esta declaração: argumento exactamente com a opinião de Pasteur, sem impugnar systemas, que possam conciliar-se com as doutrinas catholicas, conforme signifiquei no meu discurso de 31 de janeiro ultimo, a proposito de Descartes, que, pondo o fundamento da certeza, nem por isso deixou de ser profundamente catholico.

A fé não repelle a sciencia: pelo contrario. Nada mais, por agora, emendo dever declarar.

O sr. Francisco José Patricio: - Se estivesse presente o sr. ministro da marinha chamaria a sua attenção para um assumpto que me parece revestir todo o interesse e decidida importancia; mas como s. exa. não está, vou aproveitar o tempo mandando para a mesa um pedido para que, pelo ministerio da fazenda, me seja enviada uma nota dos sellos henriquinos que foram recolhidos á casa da moeda depois de terminada a emissão.

Faço este pedido porque tenciono apresentar ao sr. ministro da marinha uma proposta com o fim de serem adquiridos novos apparelhos para a defeza da costa maritima ao norte do reino. Eu creio, sr. presidente, que deixam muito a desejar os elementos de que dispõe a instituição dos soccorros a naufragos para acudir efficazmente aos sinistros que podem dar-se á entrada do Porto pela barra do Douro e em toda a costa desde Leixões até á insua de Caminha; era muitas occasiões isto tem sido infelizmente reconhecido.

O sr. Costa Pinto: - Apoiado, é verdade.

O Orador: - Todas as vezes, porém, que nesta casa tem de chamar-se a attenção do governo para qualquer obra de importancia, ou para qualquer serviço publico que envolva despezas, ainda mesmo quando vem clamar-se em favor dos desgraçados que têem de expor a vida na lucta sempre arriscada com as vagas do mar, não deixa de apparecer por parte dos governos este argumento que, attentas as circumstancias do thesouro, é muito valioso - os recursos do orçamento... a economia...

Ora, eu, sr. presidente, respeitando muito este argumento, como é de toda a justiça, sempre devo desde já declarar ao governo e á camara que, se chamo n'este sentido as attenções do ministerio da marinha, é porque tenho em vista lembrar lhe os meios de realisar importantes melhoramentos sem sacrificios para o thesouro.

A emissão dos sellos henriquinos deixou de dar os seus amplos resultados; se elles tivessem sido postos á venda em todas as estações postaes e circulado com toda a expansão, a verba apurada daria mais do que o dobro da quantia realisada ao momento em que elles foram recolhidos. E posso asseverar á camara que a commissão do centenario do Infante D. Henrique, da qual eu fiz parte, não tinha sómente em vista celebrar essa imponente commemoração nacional e levantar o monumento ao grande Principe, que tanto o merecia pelos seus altissimos serviços feitos ao paiz, pensava tambem a commissão em crear um instituto qualquer apropriado ás necessidades do desenvolvimento da navegação, instituto que seria uma commemoração mais pratica e utilitaria que vinha a completar valiosamente a memorisação do Infante.

Infelizmente, a verba apurada da venda dos sellos e entregue á commissão, não chega ainda para concluir a construcção do monumento como fôra projectado, e o resto das estampilhas está guardado inutilmente na casa da moeda.

Trazer essas estampilhas ao mercado, som prejuizo do thesouro nem descredito da emissão, talvez possa fazer-se vindo a produzir uma quantia com que se conclua o monumento, ficando o excedente (que póde ser verba importante) para a instituição de soccorros a naufragos, que é, pelos seus altissimos serviços o solicitudes, bem digna de toda a protecção e auxilios.

Por hoje, limito-mo a pedir a v. exa. que foça expedir este meu requerimento, e em occasião opportuna farei as considerações que merece este assumpto.

O sr. Presidente: - Ha sobre a mesa uma proposta que altera, em parte, a proposta do sr. Boavida, apresentada pelo sr. Eduardo Cabral.

Vae ler-se para se votar.

(Leu-se.)

Foi appravada por acclamação.

O sr. Santos Viegas: - Mando para a mesa dois requerimentos, um do sr. Antonio Porphirio Dantas Guerreiro, archivista do ministerio da guerra, em que pede, que á similhança do que foi concedido a um tenente de exer-