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dos ás differentes Commissões, na Sessão passada, continuem n'esta a seguir os seus devidos termos, ulteriormente, ao estado em que se acharem. Approvado.

O Sr. Presidente: - Deu meio dia; mas se a Camara o consente, prolongarei a secção per mais um quarto d'hora, para dar a palavra, a alguns Srs. que se acham inscritos para primeiras leituras.

Muitas Vozes: - Apoiado apoiado.

O Sr. Presidente:- O Sr. Chaves e Mello tem a palavra.

O Sr. Chaves e Mello: - Ouvi ler á pouco um officio do Ministro do reino, participando que se haviam expedido ordens, para a organiação da guarda nacional, em virtude de deliberação d'esta Camara, sobre proposta do Sr. Ferreira de Castro, não obstante - Proponho que se exija do Governo, que cumpra nos Açores, o decreto que creou as guardas nacionaes em Portugal - Chaves e Mello.

O Sr. Presidente: - Hoje não ha discussão: amanhã, quando se ler segunda vez, darei a palavra aos Srs. Deputados, que a pedirem. Agora tem a palavra o Sr. João Elias.

O Sr. João Elias: - A Commissão d'agricultura emprega-se assiduamente em um projecto de lei a respeito de pastos commums; consta-lhe, que na respectiva Secretaria d'estado, ha algumas memorias, apresentadas ás passadas Córtes, sobre este interessantissimo objecto, e vem pedir a Camara as requezite ao Governo. É n'este sentido, que tenho a mandar para a mesa um requerimento.

O Sr. Presidente: - Queira mandallo, que fica para a seguinte secção.

O Sr. Silva Sanches: - Alguns estudantes do 3.º anno juridico representão, que Adrião Pereira Forjaz fora mandado reger a cadeira de historia patria, e romana, e queixam-se d'isso. Funda-se a sua queixa em elle ser miguilista, e comprovão-a com o facto de haver numa de suas theses sustentado, que o governo absoluto era de todos o melhor, e com o de ter servido no governo militar de Coimbra ainda nos ultimos tempos da usurpação.

Eu sem poder affirmar estes factos, que todavia creio verdadeiros, não duvido asseverar, que tal homem jamais mostrou nutrir sentimentos liberaes e que desde que ha miguelitas foi sempre um sectario da usurpação. Achão-se aqui muitos Senhores, que o conhecem talvez melhor, do que eu; e com tudo por nenhum d'elles receio ser neste ponto desmentido. Ha mesmo quem diga, que elle taxava d'inhaveis os generaes miguelistas, por não entrarem no Porto, e que para tão nobre empreza até concebera planos. E é o mestre que se dá a estudantes, que emigraram pela Galiza (os assinados pertencem a este numero) que sustentaram na Terceira a patria dos portuguezes fieis, que no Porto a conquistaram, e que por ella combateram em toda a parte, onde as armas da fidelidade tiveram de medir-se com as da rebeldia? Com que gosto, com que vontade, com que attenção hão de elles ouvir as explicações de um homem, que ainda contemplam seu inimigo? E se a inquietação é inimiga do estudo e das sciencias: se o socego d'espirito não póde deixar de fugir dos estudantes á vista de um tal professor, que aproveitamento poderão elles tirar das suas prelecções?

Ainda mais: se os professores encanecidos no professorato foram por miguelistas riscados da universidade, como poderá sem injustiça admittir-se á ella um joven dos mesmos principios? Era mais toleravel conservar aquelles, que admittir outros de novo; e se justo pareceu excluilos, como injustissima não ha de considerar-se a admissão do arguido?

Assim, Sr. Presidente, nem justa nem conveniente foi tal escolha, e desenganemo-nos, Senhores, que semelhantes nomeações ao menos por ora são muito prejudiciaes, porque podem conduzir, ou estão conduzindo á relaxação dos vinculos sociaes, e o unico meio de obstar a tão grande mal é evitar-lhe a causa. Cabe nas attribuições do Governo diffirir ao requerimento, que vou mandar para a mesa. Eu peço por tanto, que elle lhe seja remettido, e espero que o Sr. Ministro dos negocios do reino se apressará a porvidenciar sobre este objecto.

O Sr. Aguia:- Desejava que o illustre Deputado me dissesse - se elle occupa a cadeira, como simples oppositor - ou se extraordinariamente

O Sr. Silva Sanches: - Não está ainda habilitado oppositor; e foi mandado occupar aquella cadeira, por quem agora rege a universidade.

O Sr. Cardoso Castello-Branco: - Esta Camara já resolveu que os requerimentos de particulares não sejão lidos; e julgo muito improprio d'esta Camara que seja canal de requerimentos que pertencem ao Governo: os interessados que os apresentem ao Governo directamente.

O Sr. Leonel Tavares: - A Camara resolveu, que requerimentos de particulares não fossem lidos aqui; mas pôz a essa resolação uma restricção - salvo quando o Deputado que apresentar algum requerimento, julgar a sua materia importante - isso é que fez o Sr. Julio Gomes. Agora o que eu não sei, é se será preciso, que o requerimento fique para amanhã. A Camara que o decida.

O Sr. Silva Sanches: - A objecção que apresentou o Sr. Deputado pela provincia do Alemtejo, o Sr. Castello-Branco já respondeu o Sr. Leonel; em quanto a dizer-se, que o requerimento não é da competencia da Camara, concordo, entre tanto muitos outros aqui tem vindo menos competente talvez, e todavia tem sido admittidos. Demais bem sabe V. Exa. que a remessa ao Governo é uma recommendação; porque a Camara pelo facto de os remetter julga os attendiveis, e a recommendação d'esta Camara não e esteril e finalmente é certo, que não devemos vedar ás partes as queixas que possam chegar atéqui.

O Sr. Coelho da Rocha: - Não me opponho a que os particulares aqui possam dirigir requerimentos, tambem creio, que não póde haver duvida, que este de que se trata deve ser remeittido ao Governo; o unico fim para que me levanto, é porque duvido da exactidão, ao menos em tudo, o que se diz n'esse requerimento. Eu direi, em poucas palavras, o facto; talvez alguns Sr. Deputados não saibão o estado actual da universidade, e o publico quando lhe chegar a noticia d'esta indicação exposta com tanta energia, entenderá que se trata de alguma grande infracção de lei, e que o vice reitor faltou a todas as conveniencias e disposições da lei; mas saiba-se que não é assim. O vice-reitor tem muitas cadeiras vagas, com quebra da instrucção porque os professores, uns são Deputados, outros andam a passear: neste estado de cousas não tem substitutos, nem oppositores, e por consequencia viu-se na necessidade, como eu fiz no anno passado, não de mandar; mas de pedir por favor a quem vá substituillos, porque os que para lá vão não ganhão nada, e tem sómente trabalho, e quando muito, tem experanças de ser empregados d'alli a sete ou oito annos, ou nunca. Eis-aqui a razão, porque o vice-reitor actual mandou reger a cadeira de historia, no 3.° anno juridico, por este individuo. Ora este individuo teve a desgraça de não agradar a seis ou sete dos seus discipulos, que fizeram um requerimento a esta Camara arguindo-o de miguilista. Eu não sei qual foi o procedimento d'este individuo no tempo da usurpação; mas direi que se acaso o ter sustentado, em outros tempos, opiniões favoraveis ao absolutismo, é motivo de ser miguilista, então entrarei neste catalogo, e creio que muitos Srs. D'esta Camara........

(Voses: - Menos eu, menos eu).

O Sr. Presidente: - Peço por favor aos Srs. Deputados, que conservem a ordem, sem o que não é possivel trabalhar.

O Orador: - Eu exponho as minhas idéas; não quero offender ninguem, mas todos sabem, que n'outro tempo,