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sufficientemente a minha imparcialidade sobre a materia, e sobre o objecto; mas ministros da administração passada disseram antes d'onte , que elles não tinhão feito depender o final deste tratado da dependencia de um outro novo, porém nós antes d'ontem tanto os que fallamos sobre a materia, como os que não fallamos - seja-me permittida esta expressão - incorremos em uma falta, porque interpretamos documentos de tanta importancia, como é o tratado de 1810, e intrepetamo-lo sem o termos á vista. Todos os oradores que fallaram, disseram = no tratado está isto, no tratado está aquillo = e na Camara não havia senão dous exemplares desse tratado de 1810, um que o tinha o Sr. Deputado que primeiro pedio explicações, e que provavelmente o trouxe de proposito, e no que não fez mal algum, outro que se achou muito por acaso na minha mão, porque eu o tinha deixado o anno passado na minha gaveta; lembrou-me que o tinha alli; pretendi abrilla e não o podendo conseguir, chamei o continuo e foram precisas algumas outras chaves para abrilla, e para poder ter o tratado de 1810; mas não obstante todos fallaram sem o ter á vista; ora Sr. Presidente, não me parece que semelhante modo de interpetrar seja prudente; predoe a Camara se fallo com esta sinceridade, mas nós devemos ser sinceros uns com os outros: a nota do nobre Duque, essa creio eu que ninguem alinha, senão o Sr. Deputado daquelle lado; todos a intrepetramos sem a ter á vista, e eu não sei se fui um d'esses, mas foi descutida d'envolta com outro officio: não se notou alguma frase em que poderia entrar em duvida o que se negou; feita esta observação tornarei a lembrar, que se negou por um dos Ministros da administração passada, que se tivesse ligado ou feito proposta, ou o offerecimento d'um novo tratado, na nota, Sr. Presidente, diz-se o contrario; eu vou ler (leu) Eu peço attenção sobre isto, quem fez este novo tratado? O nobre Duque de Palmella em 1825.
O Sr. Rodrigo de Magalhães: - É verdade!... Apoiado, apoiado.
O Orador: - É verdade, sim Sr., é verdade; ainda que sou ignorante conheço isto, e não se me deem apoiados d'uma certa maneira, ao que eu acabo de dizer, então podem pedir a palavra, e lerem o contrario do que eu digo; podem fazello mas é impossivel transtornar o que ahi está, todo o mundo que sabe ler leia o que aqui está; quem propoz Sr. Presidente, quem offereceu, e quem de regio esta nota, foi o nobre Duque; se isto não é offerecer um tratado não sei o que é (leu): propor tambem tem uma relação, peço que se repare nesta palavra, e creio que não será preciso insistir muito mais, para conhecer quem fez a proposta ou offerecimento foi a administração passada...
O Sr. Presidente: - Sr. Deputado Leonel Tavares, é preciso que haja paz e armonia nas discussões, porque assim o exige o interesse da nação, e o nosso dever haja só paz e harmonia que são duas cousas de absoluta necessidade, para chegarmos a um fim.
O Sr. Leonel Tavares: - Tudo isso é verdade, é verdade tudo isso, e que não póde haver duvida de que o objecto é muito grave, e para se conhecer qual a sua importancia, bastará que se saiba que hontem á saida desta Camara houve abraços; isto prova que o negocio é importante, ora Sr. Presidente, creio que está provado.........
O Sr. Presidente: - Eu desejava que os Srs. Deputados quando fallassem se derijam para mim, que me deem a attenção que lhe eu mui gostosamente lhes dou.
O Sr. Leonel Tavares: - É verdade isso, Sr. Presidente, é o que se deve fazer e confesso que eu mereço parte dessa censura, mas nós todos temos erros; todos nós merecemos alguma censura, Sr. Presidente, é necessario que mutuamente nos desculpemos; continuando porém sobre o objecto direi, que não ha duvida que foi a administração passada quem propoz esse novo tratado; e não lhe quero mal por isso, porque não podia deixar de o fazer, pelo artigo 32 do tratado velho; mas um membro da administração passada disse hoje, que não era preciso novo tratado; nem que se havia proposto: então que querem dizer estas palavras? (leu).
O Sr. Rodrigo de Magalhães: - A palavra Sr. Presidente.
O Orador: - Eu estou fallando, não quero ser interrompido, porque com isso não fazem senão que falle mais.
O Silva Carvalho: - Está no seu direito, póde pedir a palavra quando quizer.
O Sr. Presidente: - Tenhamos ordem, cada um póde pedir a palavra sem se interromper, d'outra forma não é possível chegarmos a um resultado, em uma descussão tão grave.
O Orador: - Eu não me queixo de se pedir a palavra, eu queixo-me de que quando estou fallando, se pede a palavra não sei como, ou dão-se apoiados em um sentido irrisorio; querem que falle menos, deixei-me fallar: estamos nisto ou não estamos? A administração passada teve motivos para propor um novo tratado, não a censuro por isso; mas se ella não merece censura por a sua proposta, tambem a não merece a administração actual, pela prorogação do praso para a conclusão deste negocio; porque as mudanças de administrações não influem para com os governos estrangeiros, não alteram aquillo que com as anteriores estavam ligados, e não tem remedio senão continuar isso: não censuro a administração passada mas não posso convir, em que ella propozesse a cessação absoluta do tratado, porque ella não fez na sua nota de 21 de Julho, se não repetir, o que havia feito na outra de 1825 (leu): o que é isto? É a cessação do tratado? Não Senhor, porque o nobre Duque repete o que disse em 1825; pode chamar se a isto suspensão? Não Sr., porque não sei que o tratado estivesse ainda suspenso um só momento ainda agora estamos debaixo do jugo delle: o que querião fazer não sei eu, mas que esta declaração não é suspensão, isso vejo eu porque o tratado pesa sobre nós; isto é o que está aqui, diz-se mas o nobre Duque tinha fixado o praso, até ao ultimo de Janeiro de 1836; não tinha Sr. Presidente, não está cá isso, o que cá está é o seguinte (leu): foi uma porta que aqui se deixou, porque o Governo Britannico chegado o praso diria. Vós esperai pelas novas condições até ao ultimo de Janeiro, ellas ainda não estão feitas, por consequencia dai-nos cá mais; o Duque de Palmella dava-lho; porém agora como elle não está na administração, e Deos queira que não torne mais para ella; falla-se outra linguagem, porém não é isso o que cá está (leu): com probabilidade e não certeza, e para que é esta probabilidade? É para que acabado aquelle praso se desse outro. Se isto assim não é para que estão cá estas palavras? Porém esta nota faz honra á administração passada, e eu já disse considero honrosa e faço perfeitamente justiça a esse respeito, agora pelo que respeita ao tratado de 1810, diz no artigo 32 que é perpetuo, e apesar de que no artigo 33 dá direito a objectar, com tudo não o dá para que fiquemos sem alguma outra cousa, e por isso é verdade que já temos a certeza, de que havemos de ter outra cousa; agora quanto ás palavras que disse o Sr. Ministro dos Negocios estrangeiros, eu não sei se o Ministerio as repetirá hoje, o que é verdade é que hontem o ministerio foi collocado entre um tal tiroteio de perguntas e de observações, que eu invoco o testemunho de muita gente, ao menos por mim, eu não sei se collocado na mesma situação daria palavra; porém, quanto a isso os Ministros darão as explicações que lhes parecer, e quizerem; agora Sr. Presidente, falla-se hoje em pedir documentos ao Governo: é verdade que nós somos novos na carreira parlamentar; porém nas nações mais velhas do que nós, documentos em negociações de tal natureza só no fim, depois dellas concluidas; isto é sabido e