O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

( a

entendidos pela maior parte do povo, e ate' por alguns indivíduos, cujas profissões pareceu) dever dar-lhes esse conhecimento : vão por exemplo , procurar ahi a uma tenda um pouco de chlorhydrato de soda, de chlorureto de soda, ou mais-antigamente murialo de soda, e verão o que lhe dão! E assim é que em nomenclalura filosófica e technica se designa o sal cornmum ; vão procurar a urn droguista -um arrátel de sal ammoniaco, mas em logar de sal arnmoniaco peçam chlorhydrato d'amrnor)ia e verão o que lhes dào os taos drogiiistas; etc. etc. tal e a lingoagem filosófica; mesmo os homens, que se tern dedicado á sciencia não podem deixar de reconhecer as difficuldades, que encontram na pratica, quando se querem explicar por uma lingõagem fi-Josofica : e muito maior e ainda atlenta a diversis-sima synonimia , porque a mesma substancia tem sido designada em relação ás novas descobertas scien-tificas. Quando o primeiro reformador da antiga chymica o illustre Levoisier, deu ao sal conimuín o nome de murialo de soda, ainda com esle nome não seguia o rigor do fundamento da nova nomenclatura , veio depois Davy , e denominou-o — chio-rureto de sodiurn; posteriormente denominou-se — hydro chlorato de soda; por muitas mais denominações passaram outras substancias; eU-aqui está a successâo de nomes, que se tem dado ao sal com-rnum e não ficará só nestas; pois quem poderá predizer as denominações, que ainda terá segundo as •novas descobertas, que possa ainda ter a chymica : eis^aqui aonde nós queremos levar o povo! A querer, que eíle estude novos nomes todos difficeis, que não são para elle mais do que nomes sem significação alguma e que só servem para uso technico dos homens de sciencia : que apenas podem achar-se nos diccionarios synonirnicos; mas de que com a maior precaução, e prudência pôde ou deve usar-se; mui grande pois e a dificuldade ern pretender generali-sar esta nomenclatura technica , posto que muito conviria , que ao menos entre a gente da sciencia eíla fosse vulgar; e por isto e muitas vezes preciso usar das antigas denominações, especialmente para algumas boticas do interior do Reino, porque alli usa-se sempre dos nomes antigos e nem se pede usar de outros; porque um erro nesta matéria pôde trazer comsigo a morte de urn doente.

Eu, Sr. Presidente, exerci a faculdade da medicina por muilos annos, a essa faculdade devo o pouco que sou ; para ler um débil conhecimento delia foi-me necessário preparar com conhecimentos ac-cessorios, e por isso reconheci pela minha própria pratica, que não foi tão pouca que não fosse de perto de 30 annos, e por ella conheci, repilo, que era necessário ser muito circumspecto no modo de pfes-crever ou receitar; porque ainda qne muitas vezes as moleslias fossem semilhantes, comtudo apresentavam syrnptomas peculiares, que demandavam differentes remédios, e differentes daquelles, de que geral e comrnumente se acham providas as boticas, que os não tinham preparados senão com as denominações velhas, e ainda pela farmacopea dogmática, ignorando ainda até a existenuia da já antiga farrnacopea geral do reino. Por tanto era absolutamente indispensável não comprometter por modo nenhum a vida dos enfermos, e de necessidade me via obrigado a recorrer á linguagem antiga como mais seguro meio de me fazer entender. Por con-SESSÃO N.° 21.

sequência, Sr. Presidente, esta terminologia só se pôde empregar entre o povo sctentifico, pois que eu já considero os boticários cotno pertencentes a esta familia, e assim mesmo para este povo é summa-mente diífícil o conhecimento exacto ou methodico, porque ainda se não acha definida toda a linguagem technica, pois que ha muitas substancias que participam de diversos nomes, por se não poder bem fixar o nome technico, e filosófico; já se vê pois quanto augmentariamos a difliculdade se fizéssemos obrigar o povo á linguagem gréco-áfrance-zada, e muito mais se quizessemos fazer differenças nas denominações das diversas medidas de capacidade, ou de pezo, e se fossemos fazer depender essa nomenclatura de nomes gregos, e muito mais se quizessemos adoptar denominações differentes para a vara, que vern a ser a nossa baze, para a cons-trucção das outras medidas quer para cereaes, quer para líquidos , do que resultariam denominações cacafonicas; como por exemplo, decacanada, e outras, que alem de mal soantes, seriam de difficil pronuncia, e de impossível vulgarisação.

Por tanto não se podem adoptar taes tormos, a idc'a cahe por si mesmo ; e pela di fíículdade que sempre ha quando se querem introduzir novos rioraes, dando differentes aos mesmos objectos, ou os mesmos nomes a objectos diversos; a confusão será muito menor, se na escolha da nomenclatura se deixar a linguagem conhecida: mas a confusão será muito menor seguindo-a, porque o povo habituado a esta lingóagem como está desde que e povo portuguez, faz mentalmente no momento que pronuncia os differentes nomes, o termo de comparação entre os objectos a que elles. correspondem, e reconhece a differença não só no nome como na cousa, por exemplo a nossa arroba que pôde constituir a medida do pezo maior ate agora, valia 33 arraieis, mas com o systema do projecto, ficará valendo 22 pouco mais ou menos, de sorte que a arroba nova differe da arroba velha IO arráteis o que e' grande differença ; mas ao mesmo tempo que se pronuncia, se faz mentalmente essa differença, o que é' mui grande vantagem ; rnas se em vez deste nome, a medida se denominasse decalitro, ou outro qualquer neste estilo, a dífficuldade por certo augmentaria muito.

Sr. Presidente, em França fizeram-se esforços para se usarem das denominações métricas, mas ficaram por muito tempo baldados, e ai'nda agora tem sido muito difícil o introduzir essa linguagem; foi necessário cortar essa difficuidade estabelecendo pela lei de 4 de Julho de 1838, que desde Janeiro de 1840 não se usaria mais das antigas denominações ; só pof esla forma e' que se conseguiu eslabelecer as denominações scientiftcas, posto que já conhecidas no paiz desde mais de 45 annos e assim mesmo com grande resistência da parte das cla-ses inferiores.