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O Sr Fonseca Magalhães : — (Sobre a ordem)* Sr. Presidente, eu pedi a palavra sobre a ordem para ter a honra de perguntar a V. Ex.a que é o que está ern discussão...

O Sr. Presidente : — O que está em discussão e' o art. 3.* do projecto com as competentes emendas.

O Orador; — Parece-me que é mui conveniente dar á discussão, a uma discussão tão importante como esta, toda a latitude e extensão de que realmente carece para servir, como disse o nobre Deputado deste lado, de lição saida da tribuna a todo o publico do paiz , a fim de o encaminhar com a possível facilidade á intelligencia do objecto de que tracta-mos , e que tem relação immediata com os seus interesses. Se isto assim e', lambem me parece que é outra verdade o que produz confusão, em logar de clareza, a renovação de discussões sobre objectos que já estão decididos e acceites pela Camará. Este art. 2.° já se acha approvado por ella. E não ha porque trazelo de novo á discussão; declara-se nelle que a base de todo o sistema métrico legal será a extensão linear que se denominará — vara. Hontem decidiu a Camará que não havia motivo para revogar esta sentença; e, se não havia motivo a revogar esta sentença, segue-se que não haveria logar de suscitar questões sobre a terminologia, que devia usar-se na lei. No assumpto de pezos e medidas, que está em discussão, quem é que se não convence da belleza da fraseologia scientifica i1 Quem não vê nella toda a filosofia que os seus andores empregaram na exposição de uma obra, que é lida pelos sábios como amais perfeita quesahiu das mãos dos legisladores da Convenção? Eu não quero incorrer na mesma falta que notei, a de trazer á discussão matéria já decidida. Ainda talvez delia se poderá tractar com a mesma franqueza e boa fé que temos empregado, quando examinarmos a tabeliã.

O Sr. Presidente: — A tabeliã tem estado em dis-cur.são.

O Orador: — A tabeliã e que tem estado em dis-

cusso

O Sr. Presidente: — Tanto que a ella sé offere-ceram emendas, que a Camará admiítiu.

O Orador: — Admittiu as ^emendas á tabeliã ! . . . Eu chamo tabeliã a este mappa demonstrativo do sistema métrico, e se dellese tem tracindo, perdôe-me a Camará, é inteiramente fora de propósito; e ainda d\^o mais , aem é ir pela principio, nem pelo meio, nem pelo fim: parece que temos tendência para nos desprendermos de toda a 'ordem, e de lhe substituir o nosso capricho pessoal : pois sem ordem e metho-do que proveito tiraremos das discussões? Mas, Sr. Presidente, o que tem estado em discussão, é a con-venieucia ou inconveniência da adopção da }ingua~ gem filosofia, é acerca da preferencia que esta possa ter sobre a linguagem vulgar, adoptada pela iilus-tre Commissão , (aqui disse o Sr. Presidente algumas palavras que não podemos ouvir). O h ! . . . Mas não vê V. Ex.a que aqui se acha a vara? Esta vara é o alvo a que se tem atirado todas as seitas. A vara , e só ella, se tem discutido; e apparece toda inteira no 1.° 2.° e 3." art. Em qualquer delles se pôde Atacar e defender sem perigo da ordem ; tem-se ponderado que útil seria (se pudesse conseguir-se) a adopção da linguagem filosófica no sistema de pezos e medidas. As razões com que se argumentou, são boas. Não ha academia que as não acceite; mas SESSÃO w." 21.

essa não é a questão. O exemplo que se allegou da facilidade com que se tem generaíisado a linguagem scientifica da chimica e farmácia não conclue muito a aseu ver. Convenho que os chimicos, cirurgiões e boticários a comprehendam ; porem o vulgo profano de certo a não entende, e ainda muitos dro-guistas, hervanarios, e até farmacêuticos das províncias estão longe de usa-la e avalia-la. O que tem acontecido em outros paizes—alguns mais adiantados do que o nosso — hade acontecer em Portugal.

Bem sei que a palavra vara não exprime a mesmíssima extensão do metro, isso é verdade; pore'm dá ide'a de uma extensão pouco differente daquella que a mesma palavra exprimia ate agora. Está claro que melro não e' palavra convencional—e o termo scienlifico, o mesmo em todos os idiomas — nem pôde usar-se de oulro na linguagem da scien-cia. Os seus compostos está no mesmo caso. Nós o rejeitamos, não por imperfeito, mas sim por quasi impossível de adoptar-se pelo povo. Não acho objecção alguma em que se chame vara a urna medida urn tanto menor do que a vara actual; assim corno a mesma palavra exprime nos diversos concelhos um quartilho de vinho, ou de azeite, ás vezes de dobrada capacidade. Ale'm disto o tempo consagra essas palavras, que vero a significar o contrario do que exprimiram em outro século, como a palavra donzella, e outras ainda mais terminantes. Em fim eu não sou mui escrupuloso em certas per-feiçòes, desejo o possível, -o bem da cousa, e não hesito em sacrificar por algum tempo a expressão.

Mais de vinte ou trinta annos se esperou em França, que o povo estivesse habilitado para adoptar a fraseologia filosófica: outro tanto nos suc-cederá ; e corno em França teremos a cousa, ainda quando nos faltem as palavras, que serão aprendidas finalmente. O caso está em que sejam, e continuem a ser ensinadas nas escolas. Machiavel dizia de que servem as palavras? Usemos das cousas boas; aquellas virão, uma vez que não queiramos forçar o seu uso.

O que queremos nós? Queremos que o povo conheça toda a propriedade dessas frazes; e o povo nào a conhece: não lhe e' possível conhecel-a.

Se , como e natural , se espera que haja difficul-dade na introducçào do noro sistema de pesos e medidas, porque nào ha duvida que e esta a inno-vaçao mais difficil de conseguir: t v ac leni os de facilitar os meios da sua adopção pelo povo, e estes meios consistem em não dar-lhe uma linguagem para elle absoluctameute estranha. Contra ella, quasi se pôde affircnar que se levantarão grandes queixumes; e a consequência será perdermos o útil, porque