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venientes practicos, que devem sobrevir. Portanto, quando se tracta de fazer innovaçôes desta ordem, a não haver motivos ponderosissimos, julgo que as vantagens immensas, que são patentes a todos, devera induzir-nos a seguir o sistema em todas as suas partes. E até este momento não fallei ainda da questão debaixo do ponto de vista scientifico ; nem me atrevo a tal, quando essa matéria tem sido tra-ctada pelos Srs. Albano, Beirão e Pereira Pinto, e tão complelamente demonstrada a enorme conveniência que d'aqui resultará.

Todas as nações civilisadas tendem a adoptar esta uniformidade: e se a própria Inglaterra tem desdenhado ate agora adoptar o systema métrico, os motivos são sabidos de Iodos. Se ella o 'quizesse uma vez, este systema seria universal. — Desde que se começou a tomar providencias sobre este assumpto , esse povo foi convidado a cooperar para essa grande obra; não concorreu. — Depois, nomeou-se essa grande commissão cosmopolita: l ú foram delegados de todas as nações; e não foram da Grã-Bretanha. — Mas, seja qual for o motivo, todas as tendências em relação a este assumpto são para uniformar os pezos e medidas.

Ouço dizer a um Sr. Deputado, que quando vier esse tempo, estaremos preparados; peco-lhe perdão; mas é para isso que eu combato a opinião adversa; porque, se hoje conservamos as denominações antigas para os pozos e medidas novas, daqui a cincoenta arinos, nem o Sr. Deputado, nem os seus successores terão força para mudar as denominações.— É possível, occorrerá nova ditficuldade então, porque o povo acostumado á antiga nomenclatura, estranhará quando se lhe disser, que a — vara-—passa a ser rnctro, isto e', passa a ler uma denominação e valor correspondente ao metro: e' por tanto preciso acostumar o povo a esta expressão me tro, e á nomenclatura filosófica: eu não quero que desde já se ponha em execução a termolo-gia própria do systema métrico, sei que não e já possível, e por isso mesmo é que eu me vejo na necessidade de transigir, e a adoptar um gysterna mix-to; pretendo que pelo menos vá na lei uma aucto-risação, uma disposição concebida nestes termos pouco mair, ou menos = as denominações antigas são applicadas ás medidas actuaps e assim são per-miltidas, mas são legaes taes, e taes = neste caso o resultado, que o Sr. Deputado espera tirar daqui a 50 annos, virá a ser muito mnis breve e fácil, porque quando se mandar que se appliquem aosys-téma métrico as denominações, que lhe são próprias, já o povo os não estranha tanto, porque já está costumado o ouvi-!as — já se lhe não torna totalmente desconhecido, já terá ouvido faltar noter-nio—grammi, etc. , e conhecendo Hle os termos, que dizem respeito a este syàterna, o resultado virá com muito menos difficuldade, pois que apparece uma nomenclatura nova para objecto a que já se achava habituado.

Sr. Presidente, não e só em Portugal, que a uniformidade de pezos e medidas tem merecido a at-tenção, muitas nações se tem occupado delia e oc-cupani ; este pensamento de uniformar os pezos e medidas tem occupado os nossos Reis, que governaram esta terra anteriormente a S. MagestaJe a Senhora D. Maria II; todos elles selem occupado corn este ponto como já aqui foi muito larga, e sã-VOL. 1.°— J A NE mo — 1845.

biamenle desenvolvido pelo Sr. Albano, e é nesta terra talvez aonde este negocio estivesse mais betn uniformisado, e aonde não houvesse grande diffe-reriça nessa uniformidade: e por consequência mais fácil será fazer introduzir o systema métrico.

Em França o syslema métrico custou rnaif} a introduzir-se, por a grande diflerença que havia nos pezos e medidas de terra para terra, havia do mais amais um pezo com uma denominação, que representava um valor, que não tinha; por exemplo, o arrátel de seda era especial, e particular para isto; o arrátel de substancias medicinaes o mesmo, o arrátel do grande pezo o mesmo, e assim por dian-to , de modo que a mesma denominação representava objecto diverso, era uniforme á matéria a que era applicado; por tanto quando hoje se tracla de reformar aquillo, que outras nações tem reformado, mas sempre debaixo desto ponto de vista, eu por em quanto não tenho duvida de transigir com algumas cousas, e limitar-me unicamente a querer, que na tabeliã, que deve necessariamente acompanhar a lei, vão as designações legaes, e as designações permittidas ; essas designações legaes sejam as designações scientificas, e as designações per-millidas venham a ser, as que se acham nesta lei. Eu pretendo isto porque, como já disse, quero que o povo se vá acostumando a ouvir estes nomes : eu desejaria mais, que se ordenasse a todas as au-ctoridades , para que tanto quanto podessem, fizessem alguns ensaios, que começassem uma espécie de tirocínio sobre a verdadeira nomenclatura do systerna métrico; que se mandasse, que em todas as Escolas d'lnstrucçào Primaria se ensinasse as novas designações das medidas, pezo, tempo, e valor.

Sr. Presidente, eu tenho lido e considerado este negocio, por mais d'uma vez; tenho estado resolvido a pedir a esta Camará, que accorde na conveniência de remetler este objecto á Commissão para o reconsiderar novamente; porque, Sr. Presidente, um objecto de tanta magnitude, e que abrange em si uma immensidade de circumstaneia de alta importância , que não pôde ser uma lei de seis artigos , isto é uma lei , que vai mexer no sistema e hábitos dos povos: uma lei, que cornprehende , e vai tocar em objectos os mais delicados, graves, e d'uma transcendência summa ; e para salvar todos os inconvenientes, para harmonisar todo o sistema com o que existe hoje , não é por urna lei de seiâ artigos.

Sr, Presidente, a própria Commissão já o entendeu também assim, porque já aqui nos apresentou, e julgo ainda ter mais, additamentos e substituições a apresentar sobre pontos graves e importantes ; eu também tenho muitos additamentos a apresentar, ignoro a sorte, que terão ; o Sr. Albano creio, que lambem tem alguns additamentos a offerecer á Camará : o Sr. Pereira Pinto tern também alguns: este projecto pois precisa ser um tanto reconsiderado, deverá sê-lo no seio da Corntnissào; em relação a este facto receio muito ver-me na necessidade do pedir urn adiamento á Camará, para que este negocio volte á Commissão; porque talvez, que nas substituições, que se apresentem venha alguma cousa , que vá d'enconlro , e' verdade, ao que a'Ca-rnara já terá approvado, mas que a Commissão revendo o negocio ache, que não e possível desistir