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pensamento governativo tobre o objecto que faz a nossa primeira necessidade —a economia ; — c que tenha olhado paia este assumpto com tão pouca firmeza.

Sr. Presidente, fez-se uma Promoção inteiramente desnecessária, e que, na minha opinião, motivo algum pôde justificar; creou-se um Tribunal de Almi-rantado, e até para os Omciaes da Misericórdia se foram crear e dar ordenados que nunca se deram: — publicou-se o ominoso Decreto de 3 de Dezembroem que a Carta é clarissimarnente postergada. Eu não posso deixar do censurar estes actos. Prevejo que talvez haja muito nesta Casa quem me refute, quem julgue impróprio, talvez muito injusto tudo quanto estou proferindo e tenho tenção de proferir; mas af-flanco á Camará, ao menos é minha profundíssima convicção, que o que tenho dicto e vou dizer, tem o assentimento de três milhões de Portuguezes, pois não fallei com um que não estivesse destas idéas.

Sr. Presidente, só differem três classes de indivi-duos: ou aquelles que receberam benefícios do Ministério; ou aquelles que estão cm irnmediala dependência; ou aquelles (porque os ha) que estão vendo sempre o espectro do Conde deThomar, e se persuadem de que se fizerem grande opposição a este Ministério, o Conde de Thomar vem logo com a sua vara de ferro sobre elles. Ha por consequência só três classes de indivíduos que teem duvida em dizer que a Politica do actual Ministério não e' boa.

Peço licença para ponderar aos Srs. Ministros que se a Nação toda não se tem declarado deste mesmo modo, se não tem havido a respeito da Politica Ministerial uma declaração solemne, e pelo medo que tem ,do detestável Governo do Conde de Thomar, e por isso; receiam que,elle venha, se fizerem uma declaração solemne de reprovação ao actual Ministério, e enluo abstem-se de todo, estão cm inacção. Acre-ditem-me SS. Ex." que esta é a verdadeira razão. - Sr. Presidente, tive sempre muito cuidado em combinar ab minhas opiniões com a opinião do publico; algumas vezes me affastei quando me persuadi, de que vários objectos não tinham sido ainda sondados pela maioria dos Porluguezes, e que eram de natureza a não poderem ser tão facilmente comprehendi-dos; mas hoje que os Portuguezes estão mais amestrados— principalmente com os seus infortúnios — hoje que elles comprehendem os objectos pela maior parte muito bem, eu antes de fazer a minha marcha para a Capital, antes de vir tomar assento nesta Camará, tractei de investigar a opinião dos Portuguezes, e os resultados destas minhas pesquizas, destas minhas investigações, é que me levaram, é que me persuadiram de que quanto eu proferir, e disser nesta Camará ha de ter o assentimento de três milhões de

Portuffuezes e que somente, se. revoltarão contra os

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meus. princípios, contra as ideas que emitto, as três

classes de indivíduos a que alludi.

Sr. Presidente, o primeiro objecto de que eu trado, a que alludo é n modificação da Carta. Não pei lenço, ao Partido que se chama Carlisla, respeito.o muito, e muito porque respeito a todos. Eu, Sr. Presidente, digo francamente, todos me classificam no Partido Progressista, parece-me que sou Progressista moderado (Apoiados), parece-me que o aou, ou não sei porque, ninguém se conhece bem, parece-me que sou Progressista ; mas em geral o que eu sou r Portuguez, e Portuguez liberal (Muitos apoiados), V o r.. 1.'—..TA-NHIUO —1852.

isso e' o que eu sou ; respeito a todos os Partidos, e no que vou proferir, bei de fazer toda a diligencia para não offender o Partido caído, o Partido vencido: muitíssimo indulgente com a minoria desta Camará, hei de absler-me de muitas expressões a que aliás alludiria (Apoiados).

Sr. Presidente, lamentei e lamenlo muito que se tracle de modificação da Carta. Eu conheço, apesar da minha fraca intelligencia, que a Carta tem defeitos, principalmente de redacção; de redacção lem muitos, em minha opinião; mas, Sr. Presidente, tive sempre esta opinião, e emitti-a nesta Casa, acolá da-quelle logar (Direito) por vezes sustentei que não se bolisse na Carta, em quanto ella não fosse posta em practica fielmente por alguns a n nos, e se conhecesse practicamenle quaes eram os defeitos, e se podesse bem prever quaes os modos de remediá-los.

Sr. Presidente, desde Solon até ao Immortal D. Pedro iv, não houve um indivíduo único que dando uma Lei Fundamental aos seus concidadãos não estabelecesse o preceito — ao menos eu não me'recordo agora de um—-de não se-lhe bolir em quanto a experiência não mostrasse quaes eram os seus defeitos. Em verdade, nada tão sábio, nada tão filosófico! Se ha sciencia em que a theoria nada vale e a política; ha poucas verdades que a simples .theoria possa demonstrar; é a observação e a experiência quem pôde demonstrar, quem pôde verdadeiramente fazer ver se as differentes disposições que estão estabelecidas, são verdadeiras ou falsas. Por consequência nenhum sábio que deu Leis aos seus concidadãos, ainda deixou de dizer:— Practicai, practicai fielmente-»*e depois então na praclica se conhecerão quaes são os seus defeitos, e ú medida que os defeitos forem appare-cendo, se irá progressivamente também conhecendo (juaos são os melhores modos de os remediar.

Sejamos francos: qual e o Ministério dos que temos tido, que executasse fielmente a Carta? Eu não" a tenho visto constantemente senão sofismada. .Ser** talvez o meu modo de ver, será.talvez do ha.bito em que estou, de me não contentar facilmente ; mas não vi até a^ora senão sofisma-la. Se ella pois ainda não foi posta em practica, para que fim, Senhores, ide vós modifica-la? Experinientai-a, ponde-a em practica por quatro annos, e no fim da Legislatura vinde aqui apresentar o que intenderdes que se deve reformar. Se esta Camará não for dissolvida, tem de ter quatro Sessões; pois então eu pediria, e pediria muito encarrcidamente aos Srs. Ministros que a executassem fidelissimamenle por estes quatro annos, e na ultima Sessão viessem apontar os defeitos; então po-der-se-íam ter conhecido; e até teríamos a satisfação de ir de accôrdo com as intenções do Immortal D. Pedro iv.

, ,Sr. Presidente, declaro que.quando vi que o nobre Duque de Saldanha accedcu ás intenções do thealro do. Porto me consternei (P^ozes :—'Não accedeu). Então enganei-me, antes assim. (O Sr. Presidente do Conselho (Duque de Saldanha) : — Não accedi, foi otira .minha). Se foi o nobre Marechal que o pro-poz, sinto ainda mais; desejava que elle o não tivesse feito; francamente o digo. Emfitn el|e tem mais experiência dos negócios, tem outros talentos, sabe por que o fez ; eu, em minha humilde opinião, não o fazia.

Sn Presidente, eu acredito que nós nada melhoramos corn esta modificação, por isso mesmo que esta-