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DIARIO DA CAMARA DOS SENHORES DEPUTADOS

Discurso do sr. deputado Osorio de Vasconcellos que devia ler-se na sessão de 3 do corrente a pag. 178, col. 2.ª in-fin.

O sr. Osorio de Vasconcellos: — Sr. presidente, ha oito dias que eu fiquei com a palavra reservada, porque a hora fatal não me permittiu concluir as brevissimas reflexões que desejava fazer com relação á auctorisação pedida pelo illustre ministro da justiça para crear novas comarcas.

Não tem a camara que lamentar este como que meato parlamentar na discussão, porquanto durante esse intervallo teve occasião de ouvir um illustre orador, com muita proficiencia e muito conhecimento dos negocios, discretear largamente sobre os diversos pontos da sociologia e do direito (apoiados).

O que a camara tem a lamentar, e eu tambem, é que esse illustre orador, por falta de saude, não possa ainda acabar aquellas compendiosissimas reflexões que a mim pelo menos me foram ensinamento e lição proficua e gratissima.

Rendido este preito e homenagem ao talento do illustre orador que me precedeu, vou proseguir, não digo no meu discurso, porque nunca foi esse nem tão ambicioso o meu proposito, mas nas reflexões que comecei a fazer e que hei de resumir quanto possivel para não cansar a attenção da assembléa.

Mas antes de entrar n'essas reflexões, permitta-me v. ex.ª e a camara que eu trate de varrer a minha testada de urnas accusações, ou o que quer que seja, que saíram da bancada dos sr. ministros contra a opposição, e portanto contra o partido reformista, ao qual tenho a honra de pertencer (apoiados)m

Da bancada dos srs. ministros disparou-se uma accusação tão violenta, posto que tão gratuita á opposição, e ao mesmo tempo tão sem fundamento, que recáe sobre o governo, como não é difficil demonstrar.

O sr. ministro do reino que muitas vezes é levado pela paixão por urnas erudições nem sempre bem cabidas, dirige accusações que mais ferem aquelle que as emprega do que aquelles contra quem são dirigidas. O sr. ministro do reino, com orgulho sobranceiro e desplante sem igual, voltou-se para a opposição, apontou para o partido reformista e exclamou: Quod barbari non fecerunt, barberini fecere; como quem diz que nos os barbaros nada fizemos e que elles os ministros, os barberini iam fazer tudo o que nos não tinhamos feito.

Sr. presidente, ponhamos de parte a singular modestia da confissão, e analysemos rapidamente a sentença que o é e das mais condemnatorias para o governo, que a soltou. E para que essa analyse seja proficua e d'ella se aufiram todos os resultados possiveis, desde já declaro á camara que aceito a sentença. Sim, sr. presidente. Nos aceitamos a denominação, nos confessámo-nos barbaros; nos queremos essa classificação. Muito bem disse o sr. ministro do reino. Nos a opposição, ou pelo menos nos o partido reformista, aceitamos de bom grado e rosto alegre a denominação de barbaros que