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DIARIO DA CAMARA DOS SENHORES DEPUTADOS

Discurso do sr. deputado Alfredo Peixoto, pronunciado na sessão de 4 de fevereiro, que devia ler-se a pag. 245, col. 2.', d'este Diario

O sr. Alfredo Peixoto: — A V. ex.ª, sr. presidente, e á camara agradeço a bondade com que me concederam a licença para estar ausente d'esta capital desde a abertura do parlamento. Alguns dias mais tive necessidade de me demorar per motivos bem imperiosos, dos quaes um consta do documento que tive a honra de apresentar a V. ex.ª, ha pouco.

Se eu tivesse vindo á primeira sessão d'este anno, cumpriria logo a missão que, ainda n'este momento, reputo a principal perante a minha consciencia e perante a opinião do paiz. E uma missão toda de louvor e toda de gratidão pelo sr. ministro do reino, toda de dever e toda de jubilo para um deputado que deveras estima o adiantamento honrado da universidade de Coimbra, onde tenho a honra de ser professor da faculdade que a V. ex.ª, sr. presidente, tem por seu director.

Na nomeação do ex.mo conselheiro dr. Francisco de Castro Freire para a vice-reitoria da universidade de Coimbra, revelou-se o sr. Rodrigues Sampaio amantíssimo deveras da instrucção publica, como já se tinha provado tantissimas vezes na imprensa, no parlamento e nos conselhos da corôa.

Vejo presente o sr. ministro do reino, e tenho por isso embaraços bem serios para com franqueza exprimir a gratidão e o louvor que tenho bem na consciencia por tão acertada nomeação, que para a universidade de Coimbra vale bem uma reforma efficaz e honrada, como sem duvida julgam todos que têem a fortuna de conhecer o honradissimo e sapientissimo professor o sr. dr. Castro Freire. E muitos o conhecem e todos o veneram. Nos conselhos da corôa, nas duas casas do parlamento, nas escolas, nas armas scientificas, na engenheria civil, em todas as repartições publicas quasi, logares distinctissimos occupam muitos cavalheiros, discipulos d'este respeitabilissimo varão, que tão alto Sessão de 14 de fevereiro

tenho a fortuna de ver na universidade, por s. ex.ª Ião illustrada e honrada. Em cada qual d'elles tem s. ex.ª a mais profunda veneração, a mais dedicada sympathia e a mais sentida gratidão.

Na faculdade de mathematica, desde V. ex.ª, que deveras a honra como seu director, até ao nosso honradissimo e bem querido collega que fica immediamente á minha direita, todos foram discipulos d'aquelle illustrado e bondoso mestre, e todos se julgam honrados pelo respeito que lhe tributam. Se não tive a fortuna de tambem lhe ouvir as lições, com os meus melhores mestres, como os drs. Venancio Rodrigues e Torres Coelho, aprendi a venerar n'elle um altissimo sacerdote da sciencia.

Estou deveras convencido de que o nobre ministro do reino foi determinado n'esta honradissima escolha unicamente pela sua dedicação á instrucção d'este paiz e pelo seu especialissimo affecto á universidade de Monteiro da Rocha. Para mim nada vale a suspeita, que a tantos tem occorrido, de que houve aqui um acto de reparação.

É certo, sr. presidente, que a consciencia publica sentiu, com bem profunda indignação, a desgraçadissima substituição do ex.100 conselheiro Castro Freire por um outro professor de que s. ex.ª tinha sido discipulo e sempre bem estimado, em 1874 e 1875, na presidencia da segunda circumscripção dos exames dos lyceus. E bem contraria foi esta substituição aos progressos e á prosperidade da instrucção, sem com isto se poder offender a pessoa que a acceitou, pessoa que não posso discutir aqui, nem quero discutir em qualquer outro logar.

Se eu podesse exprimir bem o que se me representa na consciencia de V. ex.ª ácerca de tudo isto, sr. presidente, bem confirmadas, com auctoridade respeitabilissima, seriam estas minhas apreciações, toda3 do dever mais sagrado da consciencia.

Mas, sr. presidente, não hesito em assegurar que o honrado ministro do reino se determinou em tão importante acto unicamente pelo seu grandissimo amor á instrucção publica, para a qual o nome de s. ex.ª é de gratidão immensa.

Fallando da universidade de Coimbra, não posso esquecer questões de sacratissima justiça, de altíssimos deveres, que lá encontram os espiritos mais sincera e profundamente devotados ao seu progresso, como tenho a fortuna de me sentir. Conheço bem os perigos a que me vou expor; que apreciações injustas, que rancores e talvez que calumnias, vou excitar contra mim. Embora; não hesito.

Remetto assim para a mesa uma nota de interpellação ácerca da execução das leis n'aquelle estabelecimento de ensino publico. E para essa interpellação requeiro já documentos que me são absolutamente necessarios e ahi vão indicados n'uma outra nota.

Para que esses documentos venham bem cedo, requeiro-os com a maior urgencia. Se o meu requerimento for approvado e se o sr. ministro do reino não o reputar inconveniente, é necessario que sejam solicitados com recommendação especial. Que não se repita com este meu requerimento o que succedeu com um outro, de que vou fallar e em que insisto com o mesmo empenho.

Na sessão de 19 de março de 1875, requeri que a esta camara fossem remettida3 copias de todas as deliberações das faculdades da universidade de Coimbra, desde outubro de 1865, ácerca da distribuição dos argumentos nos actos de licenciatura e conclusões magnas, e nas provas dos concursos para o provimento dos logares de professores das mesmas faculdades. Sei que foram logo solicitadas pelas secretarias d'esta camara e do ministerio do reino; mas da universidade ainda não vieram. Pois são-me bem necessarias, porque com ellas quero chamar a attenção do sr. ministro do reino para a maneira por que é distribuido e feito o serviço dos argumentos em actos de summa importancia.

N'um concurso já succedeu que um vogal do jury foi