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SESSÃO DE 4 DE FEVEREIRO DE 1885 371

sidero tal, mas dos homens que têem responsabilidades a sustentar. (Apoiados.)

Essa consciencia, é que dá a força, mais do que qualquer outra, porque não é á força que se traduz pela violência da palavra, mas sim a força que se traduz pelo inabalável propósito de só seguir o caminho que se acha traçado. (Apoiados.)

Intransigencia com o governo e com a sua obra?!
Como queiram os illustres deputados.

Não é tal o aferro do governo às pastas, e, quando fallo do governo, fallo dos ministros actuaes, que, se porventura elle entrevisse a possibilidade de qualquer accordo, no interesse dos partidos militantes, em harmonia com as circumstancias que se dão e tendo em vista o largo objectivo das reformas politicas, não pozesse tudo de parte para realisar esse accordo.

Quando nós temos visto os illustres deputados da opposição virem aqui, alevantados em colera, e despejar contra o governo, e principalmente contra o sr. presidente do conselho, as palavras mais acerbas, as mais tremendas accusações, seria da parte do governo aferro às pastas e não tratar sequer de saber se algum espirito de conciliação podia animar as hostes partidarias em beneficio da causa publica?

Não seria para estranhar que tal succedesse, e todavia não succedeu. (Apoiados.)

Por consequencia, convençam-se os illustres deputados de que não é o aferro ao poder que nos tem aqui.

A nossa intransigência é unicamente a necessidade de cumprirmos o nosso dever.

A nossa intransigencia é unicamente a necessidade de oppormos às accusações dos illustres deputados a defeza da nossa causa, é unicamente a necessidade de respondermos á, guerra desapiedada e cruel que se levanta contra nós, com a sustentação, palmo a palmo, do terreno em que nos collocámos, e das idéas que abraçámos.

Vozes: - Muito bem.

O sr. Alves Matheus: - A sessão vão muito adiantada, o eu não desejo abusar da longanimidade da camara, e por isso vou apreciar em breves palavras a solução e o desfecho da ultima crise ministerial.

Depois de tantos trabalhos e de tão mysteriosas combinações, ninguém podia esperar um resultado tão pequeno.

Sabe v. exa. crise, que se abriu, se reuniram conselhos, se mandaram embaixadas, se fizeram propostas, se teceram muitos manejos e porventura fervilharam numerosas intrigas; e depois de tudo isto vemos, um logar de um ministerio recomposto, um governo mutilado. (Apoiados.)

Uma recomposição, como a propria, palavra está dizendo, significa o aproveitamento e o concurso de elementos novos, que venham reconstruir e consolidar uma situação politica.
Mas o que vemos nós?

Vemos uma reducção do ministros e uma accumulação de pastas. Vemos ministros de monos o fraqueza de mais.

Isto não é uma composição, é uma decomposição; (Apoiados.) não é signal de vida, e um symptoma de morte. Isto, sr. presidente, não significa um esforço sincero para governar com proveito do paiz; isto não é mais do que o inútil estrebuchar de uma inglória e lenta agonia. O resultado da ultima crise não é só a expressão do uma grande fraqueza, é tambem a consagração publica o authentica de um procedimento menos leal para com o sr. ex-ministro das obras publicas. (Apoiados.)

Sr. presidente, em poucas palavras demonstrarei a verdade da minha proposição: ou o sr. Fontes não tinha elementos para. preencher as pastas vagas e fazer uma verdadeira recomposição, e n'esse caso o partido regenerador, o que s. exa. illustremente presido, não terá as necessarias condições de vida; sobre ella uma desconsideração tão grave como injusta. (Apoiados.)

Mas, qual seria a causa principal d'esta crise tão laboriosa tão longa e complicada, em que a montanha ministerial, coroada pela personalidade illustre do sr. Fontes Pereira de Mello, estremeceu e gemeu para se desentranhar a final nesse fructo, n'esse parto enfermiço, condemnado já a um período do vida muito curto?

Eu ouvi attentamente as explicações dadas pelos illustres ministros que tomaram parto no debate, e confesso, que nenhuma dessas explicações me satisfez.

Disse primeiro o sr. Fontes: «Nunca impugnámos a proposta relativa aos melhoramentos do Lisboa, mantivemol a sempre com todas as suas disposições, não renunciámos ao pensamento e ao desejo de a realisar; a questão era do opportunidade, e a rasão mais poderosa para sobreestar-mos agora na execução dessa proposta era a descida dos nossos fundos em Londres».

Mas qual foi a rasão por que no conselho de ministros, em que se resolveu, apesar das primeiras repugnancias manifestadas, adoptar a proposta do sr. Aguiar sobro os melhoramentos do porto de Lisboa, só não apreciou e ponderou
logo o ponto importante da opportunidade?

N'essa occasião já se estavam sentindo os desastrados o lastimosos effeitos do ultimo empréstimo; já então se patenteou um facto gravíssimo, que não podo deixar do só considerar como um terrível abalo, como um grande desastre para o nosso credito, porque a maior parto dos titulos não encontraram tomadores.

Nas praças estrangeiras sabe-se perfeitamente e ha muito tempo, qual é o nosso estado financeiro; conhece-se e comprehende-se, que a construcção simultanea de uns poucos de caminhos de ferro representa encargos pesadissimos, que o governo tem de satisfazer em breve, e nas circumstancias ruinosas em que está a fazenda publica, só por meio de onerosissimos sacrifícios se podem satisfazer esses encargos.

Sr. presidente, declarou ha pouco o illustre ministro da fazenda em tom solemne e altisonante: «Eu não empurrei o sr. Aguiar!»

O meu illustre collega e amigo o sr. Emygdio Navarro, referindo-se ha pouco ao sr. ex-ministro das obras publicas, apreciou com inteira justiça os elevados dotes e os distinctos merecimentos do sr. Aguiar, que é, na verdade, não só um homem illustradissimo, mas tambem um caracter serio o honrado. Ora, o sr. Aguiar interpretou certos factos e occorrencias que se deram, como impedimentos, como estorvos, calculadamente postos pelo governo á approvação da sua proposta, e a opinião publica, que e suprema julgadora, pronunciou-se já do uma maneira terminante e significativa, reputando a saida do sr. Aguiar como a resultante de um conluio e do um acto menos leal, como uma das emboscadas mais tenebrosas, de que tem sido victima um ministro da corôa. (Apoiados.)

Acabou de dizer o sr. ministro da fazenda obrigação era ficar n'esse logar.

A obrigação rigorosa de s. exa. não só politica, como moral, era não continuar mais n'aquellas cadeiras; era acompanhar o sr. Aguiar, visto que tinha posto a sua assignatura na proposta, á qual tem presas as suas responsabilidades,
não podendo nenhuns subterfugios, nenhumas allegações de opportunidade justificar a sua continuação como ministro.

O principio da solidariedade ministerial devia merecer a s. exa. mais respeito, mas o seu apego obstinado e cego ao poder, não lhe deixa ver, nem comprehender, nem acatar outro principio, que não seja o da, sua perpetuidade no poder. (Apoiados.)

Podem rebentar crices, podem cair ministros, podem sur-