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10 DIARIO DA CAMARA DOS SENHORES DEPUTADOS

ares. Por certo! Mas é preciso tambem serenidade no governo (Apoiados.), serenidade no exercicio da acção administrativa, e que, harmonisando o pensamento com a acção, e tornando as palavras responsaveis pelos actos, o procedimento do governo, quer em assumpto eleitoral ou em qualquer outro, seja, tranquillamente, serenamente, respeitador dos direitos do cidadão.

A serenidade é precisa para os trabalhos parlamentares, mas serenidade, tranquillidade e justiça no exercicio da acção administrativa ainda é mais indispensavel (Apoiados.)

Não occulto a v. exa. que me magoou profundamente a flagrante injustiça da referencia do sr. presidente do conselho, e magoou-me, porque posso asseverar, o creio que ninguém poderá pôr em duvida as minhas palavras, não tem limites a correcção com que mo houve sempre para com s. exa.

Sei bem a distancia que me separa de s. exa., quão inferiores são os meus predicados o situação, e assim como mo tenho mantido n1é agora, de hoje para o futuro mo manterei com a mesma correcção na inferioridade da minha situação.

Tenho dito.

(S. exa. não reviu.)

O sr. presidente do Conselho de Ministros (José Luciano do Castro): - Exclusivamente por deferencia para com o illustre deputado que acaba de fallar, é que eu pedi a palavra o tomarei alguns, poucos, momentos á camara.

Parece que eu fiz alguma accusação ao illustre deputado, do que elle precisava defender-se; parece que, n'uma leve referencia contida em algumas palavras de um breve discurso que ou fiz hontem na camara, deixei transparecer alguma allusão desagradavel, por menor que fosse, ao discurso que o illustre deputado havia feito, pela defeza que s. exa. entendeu dever fazer do seu procedimento. Pelas successivas affirmações da correcção das suas palavras e dos seus actos, cheguei a desconfiar que n'aquillo que eu hontem dissera tinha havido alguma expressão que podesse magoar a s. exa. ou da qual o illustre deputado podesse deduzir que eu tinha achado menos correcto o seu procedimento para commigo. Pelo contrario, aproveitei até a occasião para testemunhar a s. exa. o meu profundo reconhecimento pela maneira sempre digna, sempre elevada, sempre cordata e sempre correcta, como s. exa. tem procedido para commigo. (Apoiados.)

Eu apenas disse o que das palavras, ou antes das declarações que s. exa. tinha feito, e de que tive conhecimento porque me foram transmittidas por informações e pelos extractos dos jornaes, eu deduzira, e accrescentei logo, talvez mal, que talvez a minha interpretação não fosso a verdadeira.

Disse s. exa. que a opposição tinha resolvido acabar com todas as contemplações que até ahi tinha tido por causa da minha saude, e que estava decidido a exigir que ou eu me fizesse substituir no governo, ou assistisse ás sessões o tomasse, clara e directamente, a responsabilidade dos meus actos. D'essa altitude annunciada nas palavras do illustre deputado conclui eu, talvez mal, repito, que s. exa. suppozesse que eu estava em circumstancias de, pelo meu estado de saude, não poder comparecer aqui e por isso se declarava resolvido a pedir a minha comparencia, para me collocar em difficuldades e ao governo, porque s. exa. sabe bem que não é facil substituir n'uma situação o ministro do reino e o presidente do conselho, principalmente quando o presidente do conselho é, ao mesmo tempo, o chefe do partido que está representado no governo.

Foi esta a inferencia que eu dei ás palavras do illustre deputado, inferencia que vejo não ser exacta, e logo reconheci pela declaração muito categorica feita pelo sr. João Franco na sessão de hontem. E como isso reconheci, declarei que essa má interpretação, essa má inferencia que fiz das palavras do illustre deputado, na hypothese a que acabo de referir-me, não tinha fundamento nenhum.

Taes e tão categoricas têem sido as declarações, quer do sr. João Franco, quer do illustre deputado que acaba de fallar, que eu não tenho duvida alguma em declarar infundadas todas as suspeitas que se tinham fundado no meu espirito, pela impressão que n'elle haviam deixado as palavras de s. exa.

Enganei me, suppondo que a attitude de s. exa. em relação a mim, rompendo com todas as contemplações, exigindo a minha presença ou a minha substituição, era determinada pela idéa em que estava a opposição de que me era impossivel assistir ás sessões.

Foi uma illação perfeitamente inexacta a que tirei das palavras de s. exa. Vejo agora, pela declaração do illustre deputado, que não tinha fundamento a hypothese que formulei, a interpretação que tinha dado ás suas palavras. Eu disse logo que talvez mo tivesse enganado, e, com effeito, enganei-me.

É tão franca, tão delicada e tão attenciosa a declaração que parte da opposição parlamentar em relação a mim, que eu não tenho, n'este momento, senão que lhe agradecer.

Concluindo, termino as poucas palavras que acabo de proferir por uma nova affirmação. Eu, nas palavras que proferi hontem, nem directa, nem indirectamente, nem de nenhuma maneira, quiz accusar do incorrecto ou de menos conveniente o procedimento ou as palavras proferidas pelo illustre deputado o sr. João Arroyo. (Apoiados.)

Vozes: - Muito bem.

(S. exa. não reviu.)

O sr. Presidente: - Ámanhã não ha sessão. A proximo sessão é na segunda feira, sendo a ordem do dia os projectos n.ºs 9 (cabo submarino,) 10 (empregos civis a sargentos) e 11 (bill de indemnidade).

Está levantada a sessão.

Eram seis horas e um quarto da tarde.

O redactor = Sá Nogueira.