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tar a minha voz, ainda que fraca, para referir os actos alli practicados, e apresenta-los na sua verdadeira pureza.

Sr. Presidente, os factos e as cousas estão tão ligados com as pessoas, que não e facil extrema-los de tal sorte que falle nelles sem me referir a alguem. Declaro pois que não tenho em vista offender pessoa alguma, e muito menos a qualquer dos illustres Deputados. Por consequencia, se empregar alguma expressão que pareça menos conveniente, desde já declaro que a retiro, porque, repilo, o meu fim não é offender pessoa alguma.

Não se persuada alguem que por eu ír defender as eleições do Circulo de. Lamego, receio uma segunda eleição; não, Sr. Presidente, não temo nem receio uma segunda eleição, porque acredito profundamente na liberdade e na consciencia dos Eleitores que aqui nos mandaram. Se eu tivesse a convicção de que os votos que me elevaram a este logar, não eram filhos da liberdade é consciencia dos Eleitores, mas extorquidos pelo dólo, pela violencia, pela fraude, ou omnipotencia ministerial tinha coragem bastante, ainda que sem muito sentimento de não entrar nesta Casa, tanto agora como da primeira vez que fui eleito Deputado pelo Circulo de Lamego.

Sr. Presidente, ninguem, mais do que eu estima, respeita e deseja o decóro do Systema Representativo, que sio por íntima convicção, e ainda me lembram essas épocas tenebrosas em que me não foi possivel exercer o direito mais sagrado e nobre que tem o Cidadão livre — o direito de votar — por não poder resistir braço a braço com a fôrça do Regimento de Infanteria N.º 9, que naquella época era empregado como elemento eleitoral. Felizmente esta é, oca passou, para credito nosso e do Systema Representativo que todos seguimos. —

Sr. Presidente, quando ha 2 dias pedi a palavra, foi pela impressão, ou antes admiração que me causou o discurso pronunciado pelo Sr. Barão de Almeirim, que sinto não ver presente; mas não posso deixar de fazer algumas reflexões ao que S. Ex.ª apresentou, por isso que o seu discurso ficou estampado na Folha Official, e acho conveniente que appareça tambem n resposta. Toda a argumentação daquelle Sr. Deputado se reduziu a dizer, que pelas violencias e fraudes practicadas em todos os Concelhos do Circulo de Lamego a eleição estava nulla. A consequencia é logica, mas o que lhe nego são os principios. Pois o Sr. Deputado não apresenta um documento, não explica um facto, e vem aqui emittir uma opinião destas!..

Sr. Presidente, não me é possivel nem quero responder a alguns argumentos apresentados pelos Srs. Deputados que tem tomado parte neste debate; isso seria longo e fastidioso; mesmo porque outros mais dignos e mais capazes do que eu lhe responderão competentemente.

O Sr. Casal Ribeiro, na sua argumentação a respeito das eleições de Lamego tambem não foi mais feliz que o Sr Barão de Almeirim. Conheço e respeito o talento do Sr. Deputado, mas o que admiro na verdade é o modo como o illustre Deputado entrou nesta discussão. Disse este illustre Deputado — que não entrava no exame das provas e documentos respectivos a muitos Concelhos, e que passaria de leve por cima de todos elles. — Mas este illustre Deputado não se lembra que esta questão assenta toda

sobre factos e documentos, e não podia dizer nada sobre ella sem examinar esses factos e documentos, sem combinar as suas datas, e se elles se contradizem ou não Nada disto fez porque foi elle proprio que veiu declarar que não estudou a questão anteriormente, dando depois a sua opinião sobre ella, declarando que votava para que a eleição se julgue nulla desde os primeiros actos.

Sr. Presidente, disse-se que na eleição de Lamego se practicaram muitas violencias e muitas arbitrariedades, e principalmente que a Auctoridade exerceu em larga escala a sua influencia; é verdade isto que se diz, estou prompto a confessa-lo, mas com uma unica differença, e vem a ser que alguns dos illustres Deputados que metem precedido, declararam que essa influencia tinha sido empregada a favor do Governo; e eu digo que foi empregada contra a Politica do Governo, e contra aquelles que se diziam amigos dessa Politica.

Sr. Presidente, tanto o Nascimento como o Macario de Sanfins eram Empregados do Governo e trabalharam contra o Governo. Tambem o Administrador do Concelho de Ferreira de Tendaes é Empregado do Governo, trabalhou contra o Governo, e a lavor da Opposição. O Administrador do Concelho de S. Martinho de Mouros é Empregado do Governo, e Trabalhou contra o mesmo Governo. Em Armamar, o maior Empregado que ha nesse Concelho além de outros trabalhou igualmente contra o Governo; e quantos Empregados ha no Concelho de Mondim trabalharam contra o Governo á excepção de 1 ou 2: e muitos outros, porque, se os fosse enumerar, enumerava-os quasi todos. É necessario que nos desenganemos, e é preciso que todos saibam que os maiores obstaculos que encontrou a Politica do Governo no Circulo de Lamego, foi a resistencia dos Empregados. Os Empregados, por exemplo, do Concelho de Mondim trabalharam contra o Governo, e o Governo não os demittiu nem antes nem depois, e no entretanto diz-se que o Governo influiu nas eleições.

Os Empregados do Concelho de S. Cosmado declararam anteriormente á eleição que haviam de trabalhar contra o Governo, e não obstante isso o Governo não os demittiu nem antes nem depois, e diz se que o Governo influio nas eleições. Muito antes da eleição o Administrador do Concelho de Ferreira de Tendaes declarou francamente que havia de votar n'um illustre Membro da Opposição, o Sr. Dias de Oliveira a quem muito respeito, e que muito desejaria vel-o aqui sentado, e o Governo não demittiu esse Empregado nem antes nem depois das eleições. O Administrador de S. Martinho de Mouros trabalhou contra o Governo, e com a circumstancia escandalosa de ler antes dado a sua palavra de honra de tal não fazer, e o Governo ainda não demittiu este Empregado.

Em vista pois de todos estes factos, que acabo de expor á Camara, ainda se vem dizer que o Governo empregou toda a sua força no Circulo de Lamego para vencer a eleição, mas saiba-se que os Empregados do Governo o que fizeram foi dar 2:000 e tantos votos á Opposição.

O Sr. Cazal Ribeiro no seu discurso apresentou algumas contradicções que não posso deixar passar sem correctivo, o que não me surprehende visto que o Sr. Deputado declarou não ter estudado a questão,