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e então não admira que se contradiga, e que se invertam as cousas completamente.

O Sr. Cazal Ribeiro, fallando das eleições, disse que um dos maiores argumentos que tinha contra a eleição de Moimenta da Beira, é a quasi unanimidade que houve na eleição; mas na eleição de Argos houve divergencia e a Opposição pôde ahi obter uma grande quantidade de votos, e o illustre Deputado tambem a julgou nulla; por tanto veja a Camara a contradicção do illustre Deputado; rejeita aquella eleição por haver unanimidade, e esta porque houve divergencia!!! Um dos argumentos apresentados pelo illustre Deputado contra a eleição de Moimenta foi o grande numero de recenseados naquelle Concelho, e a grande concorrencia á urna. Em quanto ao grande numero dos recenseados já respondeu triunfantemente o Sr. Nogueira Soares na Sessão passada, mas se não o tivesse feito, diria que isso é uma questão de recenseamento e não compele á Camara tomar della conhecimento. Ora em quanto á grande concorrencia á urna o illustre Deputado trouxe para exemplo um dos bairros de Lisboa, onde concorreram á urna muito menos eleitores do que os que estavam recenseados; isto mostra que o illustre Deputado não tem saído de Lisboa, e que não tem conhecimento de que em alguns Concelhos ruraes todos ou quasi todos os recenseados vão á uma, e ainda ninguem até hoje se lembrou protestar contra isso. Mas o que me admirou mais, foi ouvir dizer ao Sr. Deputado que na Assembléa de Piães se tinha derramado sangue, expressão generica, e por quem fosse ouvida teria intendido que naquella Assembléa houveram cabeças quebradas e outros factos similhantes, quando apenas do grande documento que se apresenta só duas ou tres testimunhas dizem que o Administrador lançara mão de um dos prezos, e lhe fizera com as unhas uma arranhadura no peito. Veja pois a Camara como é que se diz que houve sangue derramado. Ora, Sr. Presidente, tambem se falla muito do emprego da força no Circulo de Lamego, especialmente no Concelho de Armamar; mas este argumento é contraproducente, porque eu pela pequena experiencia que tenho de eleições, tenho visto que sempre que a Auctoridade emprega a força para vencer uma eleição, effectivamente a vence; mas a Opposição, por uma grande maioria venceu a eleição neste Concelho. (Apoiados) Tambem o Sr. Deputado Avila fallou contra a eleição do Concelho de Leomil, e S. Ex.ª admirou-se de que de 12 Candidatos tivesse cada um igual numero de votos naquella Assembléa; S. Ex. achou nisso a, guina novidade, e eu pela minha parte não me admiro nem espanto.

Mas S. Ex.ª não póde comprehender que podia acontecer, como effectivamente aconteceu, uma combinação entre as principaes influencias para a eleição ler este resultado? Eu imagino muito bem que isto possa acontecer, e foi o que effectivamente aconteceu. O que porém admira, Sr. Presidente, é tantas violencias, tanta arbitrariedade, tanta falsificação, tanto roubo de urna que houve no Circulo de Lamego; passam as eleições primarias socegadamente, e a Opposição que era forte e tão forte que teve 2:000 e tantos votos, viu todas essas arbitrariedades, todas essas falsificações, todos esses roubos e não protestou in continenti? Viu tudo isso e não leve a força necessaria para protestar como a Lei lhe facultava? Nessa occasião passou tudo por alio, e só depois de 8 dias é que na Junta do apuramento apparece um Protesto monstro? (calumniador lhe chamarei eu, porque avança proposições falsas que não póde provar, e que são destituidas de todo o fundamento) Talvez, Sr. Presidente, o facto porque a Opposição não protestou nas Assembléas Primarias fosse por estar assustada pelos factos extraordinarios que aconteceram no Circulo, motivados pelos 2 soldados de cavallaria que acompanharam o Secretario Geral. Cauza na verdade riso vêr como a Opposição julgou o Circulo Eleitoral de Lamego posto em coacção, na presença de 2 soldados de cavallaria que acompanharam o Secretario Geral?!!

Talvez fosse devido a esse medo, ou ao terror que esses 2 soldados de cavallaria incutiram que a Opposição não protestou Mas que significa tudo isto? Eu desejava que os illustres Deputados o dissessem. Nas Assembléas Primarias não se protesta; protesta-se só na Assembléa do apuramento, quer dizer, viu-se practicar toda a qualidade de violencias, toda a qualidade de irregularidades e arbitrariedades, e não se protestou, viu-se tudo a sangue frio sem haver um Protesto nem reclamação alguma, e só apparece tudo isso na Assembléa do apuramento! (Apoiados) A razão é muito facil, e a consequencia que eu tiro daqui é que a eleição correu placida e legalmente, e que nas Assembléas Primarias a Opposição não podia protestar, porque era logo desmentida.

Mas houve um homem que pensou que havia de obter a maioria dos votos dos Eleitores daquelle Circulo, e como só 2 dias antes do apuramento é que teve noticia que não havia ganho a eleição, foi então que tractou de forjar esse Protesto, eis-ahi o motivo porque appareceu na Assembléa do apuramento; aliás se tivesse havido tantas irregularidades, tantas arbitrariedades tinha apparecido o Protesto do mesmo modo que na eleição de Lagos, como se vê do respectivo Parecer, que protestaram nas Assembléas Primarias, e é o que tem acontecido sempre.

Ora o Sr. Avila, quando tractou das eleições de Piães fallando no documento que se disse assignado por -1 Membros da Commissão do Recenseamento daquelle Concelho, e notando que havia uma participação do Presidente da mesma Commissão em contrario, disse S. Ex. que o documento assignado pelos 4 Membros da Commissão é que valia tudo, e que a participação do Presidente não valia nada, porque o presidente da Commissão não podia nomear o Presidente da Meza.

Foi isto, creio, o que S. Ex. disse, ao menos é o que consta dos apontamentos que tomei. Mas S. Ex.ª não reparou bem para o Officio do Presidente da Commissão nos Corpos Collectivos sabe-se que quem dá execução ás medidas e deliberações desses Corpos são os competentes Presidentes. E o que acontece com as Commissões de Recenseamento: ellas deliberam e o Presidente respectivo participa essas deliberações. É o que fez exactamente o Presidente da Commissão de Recenseamento daquelle Concelho para com o Presidente da Assembléa de Piães; não lhe disse que o nomeava para Presidente daquella Assembléa; disse-lhe que tinha sido nomeado, já se intende, pela Commissão do Recenseamento.. Já se vê que vai uma differença muito grande, porque a nomeação não é do Presidente. E para que S. Ex.ª possa desenganar-se, eu leio a parte do Officio do Presidente da Commissão do Recenseamento. — «Tendo