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484 DIARIO DA CAMARA DOS SENHORES DEPUTADOS

essas aventuras. Portanto, se ámanhã se formar com patriotas nacionaes uma companhia ad hoc, podemos ter a certeza que temos no fundo uma companhia ingleza. (Apoiados.}

A verdade é que não temos dinheiro para organisar novas emprezas nem onde o ír buscar que não seja ao estrangeiro.

O sr. Presidenta : - V. ex. pelo regimento, ainda tem meia hora para fallar, mas se quizer póde ficar com a palavra reservada.

O Orador: - Eu acabo.

N'esta ordem do idéas, entendo que n'esta occasião não existe empreza africana nem meio de organisar nenhuma
nova, que não tenha o inconveniente que citei, e que o paiz com ou sem fundamento receia, a não ser uma unica.

Essa unica entidade a que me refiro é o banco nacional ultramarino, fundado ha vinte annos, que não tem sentido accionistas e obrigatarios portuguezes e é genuinamente portuguez. (Apoiados).

E note-se que não sou accionista nem tenho interesse nenhum n'esse hanco.

O banco nacional ultramarino tem hoje o credito necessario para fazer essas obras e para contratar com o governo qualquer melhoramentos, e quando não tivesse, as obras são pela sua propria natureza tão pouco dispendiosa relativamente no seu rendimento, que o banco se não achasse no paiz, não encontraria difficuldade em achar em qualquer praça estrangeira quem lhe tomasse as suas proprias obrigações

Por consequencia parace-me que se o banco ultramarino é um estabelecimento com que o governo póde tratar sem que tenha a receiar nenhumas difficuldades diplomaticas, por isso que é um estabelecimento que tom vinte annos de existencia, em que todos os seus accionistas são portuguezes e as aceitas na quasi totalidade nominativas. Para evitar que esta situação podesse ser modificado, bastaria que uma nova lei regulasse a fórma de manter a constituição do banco ultramarino como está.

Mas contentadas que sejam desde já a construcção e a exploração das obras em Lourenço Marques, veremos dentro d'estes cinco annos Lourenço Marques dar muitos milhares de libras para a metropole, pelos seus rendimentos aduaneiros e de toda a especie.

E ainda accrescentarei a respeito do emprestimo a que me referi que, se a camara resolver auctorisal-o, e não faça, como tem succedido com outros, sem dizer precisamente a que elle deverá ser destinado (Apoiados), porque por muito boas que sejam as intenções do governo não convem que se deixo de consignar que o seu producto seja applicado exclusivamente a pagamentos externos, regularisação de cambios, consolidação das notas do banco de Portugal, e para a constituição dos ramaes das linhas ferreas, porque esta é uma das despezas destinadas a augmentar os rendimentos publicos. O producto do emprestimo não deverá ser applicado a outra cousa que não seja de interesse vital do paiz.

Finalmente, repito o que hontem disse; se depois d'estes ultimos esforçou não conseguirmos em cinco annos, por uma boa administração, equilibrar e orçamento e nivelar os cambios não sei onde de futuro haveremos de ír buscar meios de fazer face nos nossos encargos, porque com o arrendamento dos caminhos do ferro, emprestimo sobre elles e outros processos similhantes só conseguiremos facilitar a vida do governo no poder, mas a situação ha de fatalmente reapparecer muito peior do que hoje é (Apoiados.)

E, concluindo, direi á camara que se de mim depender facilitar a este ou a outro governo a realisação dos seus projectos nas melhores condições, de bom agrado, como é meu dever, prestarei os conhecimentos da minha experiencia.

Tenho dito.

O sr. Presidente: - Ámanhã ha sessão de dia e sessão nocturna; e eu pedia aos srs. deputados para comparecerem ás duas horas, para se poder trabalhar de maneira que a sessão acabe pelo menos ás seis horas, para ser menos pesado o encargo da sessão nocturna.

A ordem do dia para ámanhã é a continuação da que vinha para hoje.

Está levantada a sessão.

Eram seis horas e meia de tarde.

Documentos enviados para a mesa n'esta sessão

Representações

Da commissão delegada do comicio do 1.° de maio de corrente anno, pedindo aos srs. deputados que attendam as resoluções tomadas n'aquelle comicio.

Apresentada pelo sr. presidente da camara, Eduardo José Coelho, enviada ás commissões de administração publica, de legislação civil, de guerra, de instrucção primaria e secundaria, da artes e industrias e de fazenda, e mandada publicar no Diario do governo.

Da associação commercial dos legistas de Lisboa, contra as propostas de fazenda, apresentadas ao parlamento pelo sr. ministro da fazenda.

Apresentada pelo sr. deputado Dias ferreiro, enviada á commissão de fazenda, e mandada publicar no Diario do governo.

O redactor = Barbosa Colen.