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SESSÃO N.° 25 DE 21 PE ABRIL DE 1909 3

ABERTURA DA SESSÃO - Ás 3 horas da tarde

Acta - Approvada.

Não houve expediente.

O Sr. Presidente: - Communico á Camara o fallecimento do Sr. Francisco Manuel de Almeida, que foi Deputado nas legislaturas de 1893-1894, 1897-1899.

Proponho que na acta da sessão de hoje se lavre um voto de sentimento e se façam as devidas communicações.

O Sr. Moreira Junior: - Pedi a palavra para em nome do partido progressista me associar ao voto de sentimento proposto por V. Exa.

O Sr. Presidente do Conselho de Ministros e Ministro da Guerra (Sebastião Telles): - Pedi a palavra para em nome do Governo me associar ao voto de sentimento por V. Exa. proposto, visto que foi um antigo Deputado da Nação que falleceu, o que a todos nós deve inspirar sentimento.

O Sr. Thomaz de Vilhena: - Associo-me em nome dos meus amigos políticos ao voto de sentimento proposto por V. Exa.

O Sr. Affonso Costa: -Em nome dos meus collegas da minoria republicana associo-me ao voto de sentimento por V. Exa. proposto.

O Sr. João Pinto dos Santos: - Em nome do partido dissidente, associo-me ao voto de sentimento que V. Exa. acaba de propor.

O Sr. Sergio de Castro: - Pedi a palavra para me associar em nome do partido regenerador ao voto de sentimento por V. Exa. proposto.

O Sr. Presidente: - Em vista da manifestação da Camara considero a minha proposta approvada.

O Sr. Valerio Villaça: - Por parte da commissão de negocios estrangeiros mando para a mesa a seguinte

Proposta

Proponho que seja aggregado á commissão dos negócios estrangeiros e internacionaes o Sr. Deputado Ernesto de Vasconcellos. = E. Valerio Villaça.

Foi approvada.

O Sr. Rodrigues Nogueira: - Tem se tratado tantas questões que teem agitado a Camara antes da ordem do dia que eu peço%desculpa á Camara de ir occupar-me de um assunto que por forma nenhuma se parece com essas. Eu vou. falar pro domo nostra, isto é, vou occupar-me da nossa casa.

Um honrado Par do Reino, que já morreu ha muitos annos, morreu com o seu projecto sobre incompatibilidades; eu não tenciono morrer agarrado á modificação das condições acusticas da sala, pois espero em Deus ainda ter muitos annos de vida, e que haja uma alma caridosa que se compadeça de nós, para ver se se procura modificar este estado de cousas...

Vozes: - Não ha, não ha.

O Orador: - Eu creio que effectivamente n'esta sala ha um vicio de origem, mas digo creio, e não affirmo, porque o que é verdade, pelo que tenho lido, em assuntos de acustica nada ou ninguem a priori pode dizer que um determinado local satisfaz ou não às melhores condições; mas o que se pode dizer com segurança é depois desse local construído se elle satisfaz ou não, e creio que não ha duas opiniões divergentes sobre esse assunto, de que isto não satisfaz às condições que devia satisfazer. (Apoiados).

Eu propus ha tres annos, e foi-me promettido, e a Camara tomou uma deliberação nesse sentido, deliberação que nunca foi acatada nem respeitada, e é contra isso que eu venho protestar, para que se fizesse uma experiencia, porque não tenho a pretensão de ter elixir para remediar vícios que eu considero de origem, mas, no entanto, o que pretendia era ver se se attenuavam as más condições da sala.

Eu propunha que se fizesse uma experiencia barata; propunha que viessem panos do arsenal, mas talvez por isso contender com outro Ministerio é que não se fez; hoje vou mudar de rumo; comprem-se umas baetilhas, e creio que se tem gasto dinheiro em cousas menos necessárias do que estas; comprem-se umas baetilhas.

O que é evidente é que ha aqui uma multiplicidade de sons que faz com que num sitio se ouça, noutro não se ouça, noutro se ouça por deante e noutros se ouça por de trás.

Ha uma porção de superfícies discordantes que me parecia limitarem-se se entre as columnas passássemos uma serie de cortinas, de maneira que o espectador collocado no mais alto ponto não deixasse de ver a presidencia.

Diminuia-se assim a superfície não só dos raios incidentes, mas dos raios reflectidos.

Nós não deixávamos de ver o espectador, e este não deixaria de nos ver, mas o que é certo é que o espectador, ainda que a maior parte das vezes não nos preste attenção, por mais que a preste não nos ouve.

Alem disso, os mármores que ornamentam a casa não são tal marmores, como a Camara sabe; os marmores dos capiteis são de estafe, que é uma substancia feita de estopa e gesso.

Também a altura da sala é enorme, e embora eu saiba que alguns meticulosos da arte me vão dizer que eu vou quebrar a linha - e estas são direitas ou tortas, como cada um as faz - eu declaro que sob o ponto de vista architectonico o edifício é o maior contrasenso, porque não tem fecho a arte.

Olha-se para as portas e, francamente, não estão em relação á sala; são pequeníssimas, e se eu quisesse ir por aqui fora não me faltaria materia.

Eu peço para que as portas lateraes estejam sempre fechadas, mas às vezes acontece estar um orador a falar, e deixe-me V. Exa. dizer que a gente não o quer ouvir, mas para não se ser malcreado, não se quer sair á frente d'elle, mas mesmo que queira fazê-lo não pode, porque estão as portas fechadas.

Isto tudo se remedeia muito bem sem perigo do ar ir ferir a nuca dos constipativos. Era haver dois corredores, fechando se as portas do segundo corredor.

Esta ideia certamente que terá bom acolhimento. No entanto, ha tantos empregados na Camara que se podia muito bem collocar um empregado a cada porta.

Mas contra o esquecimento, poem-se empregados junto às portas. Em resumo: não tenho fé no meu elixir; isto é apenas uma lembrança que faço.

Façam-se as experiencias, que são baratas; uns metros de baetilha não deitarão abaixo o Ministerio das Obras Publicas, e eu presto-me a vir para aqui falar de qualquer ponto, comquanto dois amigos meus estejam dispos-