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O Sr. João Victorino: - Eu pouco direi, pois costumo ser breve em meus discursos, não porque me pareça que isto he pouco interessante, mau sim porque julgo que este artigo esta sufficientemente discutido. Por tanto só accreacentarei, que se concedermos a isempção a todos os creados que servem na lavoura, acontecerá que, aproveitando uma porta, que tão facilmente sé lhe franqueia para illudirem a lei, e privilegiarem a quem lhe agradar os lavradores terão somente os criados, que se acharem comprehendidos na idade, e nas mais circunstancias, que a lei requer para effectivas recrutas, e por este modo não se poderá achar uma só recruta em toda a provincia do Alemtéjo. Se agora um illustre Preopinante ponderou, que elles fogem para a Hespanha, por este modo elles se deixarião estar em casa do lavrador, aonde sem incommodo são privilegiados. Ora tem-me admirado de ver fazer uma pintura tão desgraçada do Alem-Téjo, quando as outras provincias tem melhorado tanto depois das calamidades da guerra. Todas as províncias se vão reparando: a sua agricultura está muito melhorada; e seria para desejar que os illustres Deputados do Alem-Téjo se dessem ao encommodo de examinar quaes são as verdadeiras causas da desgraça da agricultura daquella provincia; e tal vês que elles então achassem que ha immensas terras que não tem dono, è que outras lendo-os, estes as não cultivão, ou apenas lá tem algum gado, ou touros. Não se lembrarão os, illustres membros, que aquella provincia he quasi toda de morgados? Para que procurão então em outra parte a causa da sua despopulação, da sua incultura, e desgraça. Porque não tem elles apresentado um projecto para a abolição desta barbara instituição? Não, não he o recrutamento o causador destes males. Por consequencia o artigo favorece muito a lavoura do Alemtéjo concedendo-lhe a isempção de quatro pessoas fora o lavrador, e o meu voto he que não se gaste mais um instante com esta discussão, e que se approve o artigo tal qual elle se acha concebido.
O Sr. Merciano offereceu uma nova redacção do artigo a qual mandou para a meia.
O Sr. Liberato Freire: - Sr. Presidente, eu levanto-me para reprovar o artigo, porque o não acho bastantemente protector da agricultura. Creio que em todos os paizes os mais bem instruídos em economia política, onde ha industria, sempre se olhou com particular cuidado para a agricultura: ella he que produz as matérias primas donde provem a industria, e a manufactura; e se a agricultura he a base de todas as artes, nós devemos conceder-lhe quantos privilégios ella carecer para poder prosperar. Além disso as artes, e manufacturas não se podam fazer de repente, e a agricultura póde-se, uma vez que seja bem protegida. A minha opinião seria, que o agricultor, ou aquelle homem que trabalha em lavrar a terra, não se deve pegar nestes homens para serem recrutados; pois que elles são tão necessários para sustentar o mesmo exercito. Verdade he que he preciso fazer-se o recrutamento; mas elle deve ser o mais suave possivel; e deve ser reservada aquella classe que mais trabalha a bem do Estado, e mesmo para que se empreguem melhor, he que lhe deveremos conceder todas as isempções. Ha um grande numero de vadios, e homens que não são empregados em cousa alguma; estes he que devem ser chamados com preferencia; e depois que não haja desta gente, então he que se deve recorrer á que se emprega na agricultura, e não irmos primeiro pêlos lavradores. Conseguinte mente torno a repelir, que se lhe concedão todos os privilégios ; porque nós não podemos fazer a guerra, nem sustentar exercito sem termos agricultura.
Além disso o recrutamento feito pelo modo proposto pôde produzir um effeito moral, c nós devemos ter toda a circunspecção com isso; porque não devemos avaliar o interesse que observamos aqui na capital pela causa da liberdade, e esse amor da Constituição, com o das provincias, lá não he tão geral; e eu creio que isso se deve apouca adbesão dos empregados públicos, e por elles não concorrerem a excitar nos povos o amor da liberdade, conseguintemente tudo o que pôde concorrer para accender este amor nos povos se lhe deve conceder. Nós vamos fazer ura recrutamento de guerra t e se logo no principio o fizermos sem isempções, talvez cause isso algum descontentamento: he perciso irmos de vagar, porque vamos a fazer um ensaio. Se nós estivessemos nas circunstancias de uma necessidade absoluta por o inimigo se achar aparte, então nós diríamos , portugueses he necessário resistir-lhe; porém elle está ainda muito longe. Por tanto concluo dizendo, que o lavrador deve ser o ultimo que se chame as armas , e por isso eu reprovo este artigo, visto elle não ser muito a favor da agricultura.
O Sr. Franzini: - Um dos maiores defeitos que tem havido até ao presente em todos os systemas de recrutamento, tem sido abranger um grande numero de indivíduos para se fazer um pequeno recrutamento, e he este radical defeito o que promove grandes desasocegos e prejuizos á Nação, o que he fácil evitar, restringindo-se o recrutamento somente a certas idades. He este o único methodo, cuja lembrança se deve á França, pelo qual se obtém um regular recrutamento, sem perturbar a industria de uma nação, afugentando a totalidade dos homens productivos, para no fim haver poucas recrutas. Em quanto ao nosso projecto de lei, o qual não segue exactamente estes systema, eu vejo que se pretendem fazer tantas excepções que provavelmente pouca gente restará que possa ser chamada ao serviço militar. O methodo de se restringir o recrutamento a certas idades nunca se observou em Portugal, e he esta a razão por que quando aqui se pretende fazer qualquer pequeno recrutamento se espalha o terror nos campos, nas cidades, e nas officinas, com o mais grave prejuizo dos interesses nacionaes. Ora se rigorosamente se estabelecesse o principio que eu proponho, deveria então haver mui poucas isenções, como acontece na lei da concepção. Eu já aqui disse, que segundo as mais bem fundadas avaliações, devem existir na idade de dezoito a dezenove annos vinte e um, a vinte e dois mil homens. Seria pois necesessario que a Com missão de guerra determinasse exactamente o numero que deve ser recrutado: eu sustentei que serião sufficientes doze mil homens; porém segundo o que se acha resolvido, está autori-

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