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SESSÃO DE 10 DE FEVEREIRO DE 1885 405

durante dois annos da gerencia progressista não pensou nisso, tendo só agora todo o cuidado em que elle não esteja no seu posto.

Durante os annos de 1879 e 1880 não houve necessidade d'isso.

Creou-se o consulado de Zanzibar, foi nomeado o sr. Serpa Pinto, que não podendo ser immediatamente recebido pelo sultão aproveitou o ensejo para fazer explorações nos sertões de Africa, e o illustre deputado acha isto perfeitamente censuravel.

Ora, na verdade, de todas as accusações que se podiam fazer ao governo esta era de certo a ultima. (Apoiados.)

Quer o illustre deputado saber o que acontece em relação a outros consules?

O sr. O'Neil, consul inglez em Moçambique, faz as suas explorações na provincia.

O consul allemão em Tunis está em Angola. Um pouco longe.

E acha o illustre deputado que o sr. Serpa Pinto está fóra do seu logar!

Pois eu affirmo a v. exa. e á camara que esteja onde esteja, se elle quizesse ligar o seu nome a mais uma das suas explorações aventurosas, se quizesse mais uma vez levantar bem alto a bandeira portugueza e mostrar que temos ainda homens que sabem atravessar os sertões africanos, para lá desfraldar o estandarte de Portugal, eu, longe de o censurar, mandar-lhe-ía dizer, louvando-o, que completasse a sua obra de civilisação e progresso. (Apoiados.)

Vozes: - Muito bem.

(S. exa. não reviu as notas tachygraphicas do seu discurso.)

O sr. Presidente: - Peço a attenção da camara e em especial a do sr. Elvino de Brito.

Os decretos publicados pelo ministerio da marinha e ultramar, no interregno parlamentar, e enviados, em virtude do acto addicional, a esta camara, foram para a commissão do ultramar, como consta da acta da sessão do dia 10 de janeiro, e estão em poder do sr. secretario da mesma commissão desde o dia 19 do dito mez, como igualmente consta do respectivo protocolo.

Estes documentos ficam sobre a mesa para que o sr. deputado, que tão injustamente censurou a mesa, os possa, querendo, examinar.

Passa-se á ordem do dia, visto que a hora está muito adiantada.

O sr. Elvino de Brito: - Peço a v. exa. que me permitia que eu responda desde já ao sr. ministro da marinha e ultramar.

Vozes: - Ordem do dia, ordem do dia.

Outras vozes: - Falle, falle.

(Susurro.)

O Orador: - Se me não deixam fallar praticam uma violência, e eu appello para a generosidade da camara.

Vozes: - Não póde ser. Ordem do dia.

O Orador: - Pois o sr. ministro da marinha tem medo que eu lhe responda?

O sr. Presidente: - Peço ordem. Tem a palavrão sr. Correia Barata.

O sr. Elvino de Brito: - Requeiro a v. exa. que consulte a camara sobre se consente que eu responda immediatamente ao sr. ministro da marinha.

O sr. Marçal Pacheco (sobre o modo de propor): - V. exa. sr. presidente, tinha ou não tinha passado á ordem do dia?

Vozes: - Tinha, tinha.

O Orador: - Se v. exa. tinha passado á ordem do dia, não ha logar para nenhum requerimento. (Apoiados.)

Os direitos das minorias não são despóticos. Não ha logar para nenhum requerimento, se v. exa. já tinha declarado que passava á ordem do dia.

Vozes: - É verdade, é verdade.

(Susurro.)

O sr. Presidente: - Eu não posso deixar de consultar a camara desde que alguns srs. deputados para ella reclamam da resolução da mesa, não tendo o orador, a quem foi concedida a palavra, começado o seu discurso. (Apoiados.)

O sr. Ferreira de Almeida (para um requerimento): - Requeiro a v. exa. que consulte a camara em votação nominal sobre se quer que continue o incidente ou se quer que se passe á ordem do dia. (Apoiados.)

Não ha imposições que...

Vozes: - Ordem, ordem.

(Susurro.)

O sr. Presidente: - Peço ordem. Vou consultar a camara ácerca do requerimento para que haja votação nominal.

Foi consultada a camara.

O sr. Presidente: - Não houve vencimento para que a votação seja nominal.

Vou, pois, consultar a camara, por levantados e sentados, ácerca da reclamação do sr. Elvino de Brito.

Consultada a camara, resolveu que se passasse á ordem do dia.

ORDEM DO DIA

Continuação da discussão do projecto de resposta ao discurso da corôa

O sr. Correia Barata (sobre a ordem): - Em cumprimento das disposições do regimento começo por ler a minha moção de ordem, que é a seguinte:

«A camara, attendendo a que o governo tem bem merecido da nação pela solicitude e zêlo com que advoga e advogou sempre os seus interesses materiaes, sociaes e politicos, resolve apoial-o por se mostrar digno da sua confiança e da do paiz, e passa á ordem do dia. = Correia Barata.»

Sr. presidente, os azares da inscripção não pesaram apenas sobre o illustre orador que me precedeu; pesaram tambem sobre mim, que me vejo inesperadamente neste logar.

Não sou apto para torneios de palavra; não sou competente para entrar n'estes jogos floraes, já que assim appellidaram esta discussão; e nunca o faria, se não fosse levado a isso pelo cumprimento de um sagrado dever.

Acho-me situado em condições especiaes perante esta respeitavel assembléa, porque pela primeira vez tenho a honra de levantar a minha voz n'este recinto, e por isso devo pedir e peço toda a benevolencia da camara, que nunca a recusou a ninguem, e que certamente não deixará de attender á pouca tranquillidade da occasião em que fallo.

No momento em que me é concedida a palavra vejo que o debate tomou uma direcção nova, e essa circumstancia constrange-me um pouco, porque não desejo de fórma alguma levantar questões que possam melindrar quem quer que seja, ou collectividades politicas, ou individuos.

Farei todos os esforços para conseguir este intento, declarando desde já a v. exa. e á camara que nas affirmações que tenho a fazer não pretendo por forma alguma lançar censuras a pessoas nem a partidos, e sim manifestar a minha opinião. Não vale nada essa opinião, mas cabe-me o dever de a expor á camara.

Na situação embaraçosa em que me encontro collocado vejo-me constituido na obrigação de responder ao illustre deputado que me precedeu.

Por consequencia, tratarei quanto seja possivel de pôr em evidencia alguns pontos do seu discurso, pela impossibilidade de o seguir nas variadas materias de que tratou.

S. exa. é dotado de faculdades oratorias tão elevadas que eu não poderia de maneira alguma acompanhal-o passo a passo no seu brilhante discurso, e muito menos