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SESSÃO DE 10 DE FEVEREIRO DE 1885 409

que se serve, nem pelo fim a que se dirige, póde o chamado partido republicano merecer um tal nome; e então ha de desapparecer da mesma fórma por que desapparece tudo quanto não assenta n'um principio justo e legal.

Eu desejava que o partido republicano prestasse serviços uteis ao paiz, mas não succede assim, porque sómente emprega todos os meios de desacatar a lei, de investir contra as instituições, de desacreditar os homens publicos e de rebaixar o principio da auctoridade, sem o qual perigam a ordem e a tranquillidade publicas.

Poderão querer derruir tudo, mas não vejo que edifiquem cousa alguma para o futuro. (Apoiados.)

É isto que tem succedido sempre com todos os partidos radicaes. (Muitos apoiados.) São hábeis para negar e criticar, mas não para melhorar e administrar.

Estarão porventura convencidos os republicanos portuguezes de que são mais liberaes que os homens que militam nos outros partidos? Parece me que se illudem. (Muitos apoiados.)

Eu, pela minha parte, posso dizer que não me considero menos democrata nem menos liberal do que elles.

Estou cansado, e prometti a mim proprio não levar muito longe as minhas considerações, mesmo porque não quero abusar da benevolência com que esta camara se tem dignado ouvir-me. Por consequencia, limito-me a declarar que a minha moção é fundada na convicção em que estou de que, na actual conjunctura, em que todos exigem um governo forte, o ministerio que está á frente dos negocios públicos satisfaz a esta condição, (Apoiados.) a que não satisfaria nenhum dos ministérios que por ahi se tem inventado e proposto; (Muitos apoiados.) porque não se deve voltar a uma politica, que, sendo recente, já deu os peiores resultados. (Muitos apoiados.)

Os partidos devem viver separados com as suas bandeiras e os seus chefes. (Muitos apoiados.) As fusões, as confusões, as pacificações, não podem dar bom êxito. (Muitos apoiados.)

Se o governo actual continuar vigiando pela integridade das instituições, a fim de manter a ordem e a tranquillidade, e castigando severamente os desacatos que todos os dias se pretendem praticar contra as pessoas e contra as leis, estou certo que ha de ser applaudido pela opinião publica, e bem merecerá do paiz, por isso que não usa de um direito, cumpre um rigoroso dever.

Vozes: - Muito bem, muito bem.

(O orador foi cumprimentado.)

Leu-se na mesa a seguinte

Moção de ordem

A camara, attendendo a que o governo tem bem merecido da nação pela solicitude e zelo com que advoga e advogou sempre os seus interesses materiaes, sociaes e politicos, resolve apoial-o por se mostrar digno da sua confiança e da do paiz, e passa á ordem do dia. = Correia Barata.

Foi admittida.

O sr. Presidente: - Eu não dei a palavra ao sr. Elvino de Brito, porque a camara resolveu que se passasse á ordem do dia, o que posso é conceder-lha para explicações antes de se fechar a sessão.

O sr. Elvino de Brito: - Peço a palavra para uma explicação.

O sr. Presidente: - Tem a palavra o sr. Elvino para explicações.

O sr. Elvino de Brito: - Sr. presidente, numa das sessões desta camara, em 1879, levantava-se o actual sr. ministro da marinha, e entre outras cousas dizia: «Já ha dois seculos um homem illustre e perspicaz, grande politico tambem do seu tempo, o padre Antonio Vieira, dizia: «Ha venalidades que muitos commettem sem ter a consciencia d'isso.» D Ha muitos ministros que são incapazes de se deixar peitar por dinheiro ou por dadivas, que são verdadeiramente incorruptiveis, mas que se deixam peitar comtudo pela amisade, pelo favor e pelo empenho. Não têem a consciencia de que isto seja venalidade. São estes actos de pó noa moralidade politica, que nós condamnamos e temos direito de cendemnar.»

Fiz o mesmo. Não está aqui a honra do sr. ministro, nem a sua dignidade pessoal. Essa respeito-a, como aquelles que mais a respeitam.

Condemno a moralidade politica não só de s. exa., mas de todo o gabinete regenerador, isto é, insurjo-me contra os mesmos principios, a mesma escola e a mesma politica que o sr. Pinheiro Chagas com tanto calor e enthusiasmo combatia em 1879. (Muitos apoiados.)

É curioso isto! Levantar-se o illustre ministro para re-peliir insinuações que ninguem se lembrara de lhe fazer!

Oh! Sr. presidente, isto é simplesmente querer fazer rhetorica, (Apoiados) ou pretexto para fugir covardemente á responsabilidade das accusações que fiz. (Muitos apoiados.)

Quem é que está em contradição? eu, que me conservo coherente e firme, ou o sr. ministro que fustigava hontem os regeneradores e se senta hoje ao seu lado? (Muitos apoiados.)

Limito por aqui as minhas considerações, porque, emquanto ás evasivas com que o sr. ministro da marinha pretendeu responder ás minhas palavras, em outra occasião tratarei d'ellas.

O sr. Presidente: - A ordem do dia para ámanhã é a continuação da que estava dada.

Está levantada a sessão.

Eram cinco horas e meia da tarde.

Redactor = Rodrigues Cordeiro.