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426 DIARIO DA CAMARA DOS SENHORES DEPUTADOS

Nós, que ouvimos a voz eloquente de s. exa. enchendo-nos o coração de enthusiasmo, e a alma de esperança, pelo renascimento da moralidade no poder quando conquistasse o logar que occupa; nós, que vimos o poder desprestigiado, humilhado e aniquilado pela sua voz vehemente, aberta a brecha que lhe deu o accesso ambicionado, vemol-o, collocado sobre essas ruínas, não para lhe levantar o prestigio destruído, mas para multiplicar todos os desvarios, que condemnou, lançando-se no plano inclinado e escorregadio das concessões e favoritismos de toda a ordem, ultrapassando o limite da licença, que lho valeram a qualificação de governo oriental, e a tal ponto, que bem póde dizer-se ter mudado de signal, desde que tem por logares tenentes os ex-proconsules de Braga!...
O balanço d'esta administração reduz-se a pouco; na applicação das leis o nepotismo, na administração dos dinheiros publicos o esbanjamento, no alargamento dos impostos, a audacia! (Apoiados.}
E se o contribuinte, já sem camisa nem pello, se lembrar ámanhã de protestar contra o escalpelo do fisco, que lhe dilacera as carnes até ao periosteo, gritar: aqui d'El-Rei. Ai d'elles, porque os de El-Rei, que são os do governo, virão para os arcabusar como na Madeira e em Ourem, em Monte Gordo o Valle Passos. (Apoiados.)
Vozes: - Muito bem.
O sr. Ministro da Marinha: - Disse que tinha vindo de proposito á camara para responder ás interpellações dos srs. Consiglieri Pedroso e Elvino de Brito, para as quaes se dera por habilitado, e podia ser que nas considerações que tinha a apresentar, o sr. deputado que o precedeu encontrasse resposta a algumas das suas perguntas.
Mas o illustre deputado estranhára que elle, orador, não soubesse os nomes de todos os officiaes da armada. Parecia-lhe que ninguem lhe podia exigir que soubesse os nomes de todos os officiaes que serviam debaixo das suas ordens, do mesmo modo que o sr. ministro da guerra não podia ter na memoria os nomes de todos os officiaes do exercito, e o motivo por que dera a palavra de honra de que não conhecia o official Cardoso de Sá, fora para responder á accusação de favoritismo que o illustre deputado lhe dirigira.
Quando alludíra ao sr. Teixeira da Silva, e dissera que não seria nada para estranhar que entre o vencimento de contra-almirante sem gratificação e o de capitão de mar e guerra com gratificação, que era maior, optasse por este vencimento, e que o illustre deputado nas mesmas circumstancias faria outro tanto, de modo algum quiz fazer uma insinuação a s. exa.
Tambem elle, orador, era lente do curso superior de letras, e quando lhe perguntavam na camara se optava por este vencimento ou pelo subsidio de deputado, que era maior, nunca tivera a mais pequena duvida em declarar que optava por este: o mesmo lhe parecia que succederia com o seu collega o sr. Consiglieri Pedroso, e não julgava que d'aqui viesse desaire para ninguem.
Relativamente ao posto que actualmente tinha o sr. Teixeira da Silva, havia effectivamente citado o precedente que se dava com o sr. Francisco Maria da Cunha, que tambem não completara no ultramar o tempo da sua commissão, e havia alludido a esse facto para justificar o procedimento que tivera para com aquelle official. Isto dava-se tambem com os distinctos officiaes Capello e Ivens, que tambem não ganharam o posto que tinham, e ainda ninguem se lembrara de lhes ir arrancar os galões. Conservou o posto ao sr. Teixeira da Silva, porque elle tinha mais um dia menos um dia de ir desempenhar uma commissão que lhe dava direito aos galões de contra-almirante.
Tinha o sr. deputado dito que o anno passado lhe annunciára uma interpellação, não conseguindo que ella se realisasse, e por isso desistia este anno de lhe annunciar outra. Era facto, que se o anno passado a interpellação se não realisára, fôra porque na discussão do orçamento rectificado o sr. deputado fizera largas considerações sobre os assumptos relativos ao ministerio da marinha, respondendo-lhe elle, orador, e tão sómente por esse motivo se não dera por habilitado para responder, nem o sr. deputado insistiu depois por que a interpellação se verificasse.
Hoje, por acaso, vinha habilitado com um documento que servia para responder a um ponto em que o illustre deputado tocara, e era quanto á questão do alferes Cardoso de Sá e ás gratificações que a este official haviam sido concedidas. Pelos documentos que tinha presentes e que leu, se via que não fizera mais do que consentir no abono de gratificações que haviam sido dadas por ministerios anteriores.
Tinha o sr. deputado dito que não valia a pena que elle, orador, subisse ao poder para conceder, gratificações que n'outro tempo havia condemnado e que o ministerio progressista havia feito abolir.
A este respeito diria que o ministerio progressista, entrando no poder, acabara com todas as gratificações, e pelo que tocava á sua repartição podia dizer que o sr. marquez de Sabugosa, cavalheiro que muito respeitava, fizera alguns despachos mandando cessar algumas gratificações, o no dia seguinte, por outro despacho mandara continuar essas gratificações.
E o sr. ministro de então procedêra nobremente, porque virá que essas gratificações estavam legalmente auctorisadas.
(O discurso será publicado quando s. exa. o restituir.)
O sr. Emygdio Navarro: - Disse que, em resposta ao sr. ministro, tinha a declarar que o ministerio progressista fizera economias de 10O:000$000 réis, o que representava alguma cousa, emquanto que o que se via agora era augmentar constantemente as despezas.
E uma das provas estava nas alterações do pessoal e vencimentos ultimamente decretados pelo governo nos consulados.
A este respeito mandava para a mesa uma nota de interpellação.
Tem ouvido dizer ha dias que o sr. ministro dos negócios estrangeiros não comparece na camara por estar doente; mas se s. exa. continuava doente, então era preciso que alguem respondesse por aquella pasta, porque a ausencia do respectivo ministro era nociva para o andamento dos trabalhos parlamentares.
(O discurso será publicado na integra quando s. exa. restituir as notas tachyaraphicas.)
A nota da interpelação vae publicada a pag. 422.
O sr. Ministro da Marinha: - Disse que não valia a pena de replicar quanto ás gratificações...
O sr. Barros Gomes: - Interrompendo o orador, disse que citasse s. exa. quaes foram as gratificações que o partido progressista concedêra.
O Orador: - Disse que acabara de citar uma e poderia apresentar outras.
Transmittiria ao sr. ministro dos negócios estrangeiros os desejos do sr. deputado Navarro, e parecia-lhe que s. exa. fôra injusto, porque a respeito de uma interpellação annunciada ao sr. ministro dos negócios estrangeiros já elle, orador, se dera por habilitado a responder, e portanto parecia-lhe que não tem sido nada nociva ao andamento dos negocios parlamentares a ausencia justificada do seu collega.
(O discurso será publicado quando s. exa. o restituir.)
O sr. Presidente: - Tem a palavra o sr. Carlos Lobo d'Avila.
O sr. Carlos Lobo d'Avila: - Pediu ao sr. ministro da marinha que quizesse participar ao seu collega da fazenda que precisava verificar a interpellação que se annunciára ácerca da collocação anormal e illegal em que se achava o sr. director da alfandega do Porto, que sem fazer nada recebia uma gratificação.
O sr. ministro tinha promettido apresentar uma proposta