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houve um neto anterior, que foi um acto militar em consequência do qual se demittiu um Ministério em que estava o Marquez de Saldanha, e todos viram a influencia d'uma petição feita por Officiaes quê foram ao Paço de espadas á cinta pedir a Sua Magestade que sobreestasse na desligação de alguns Militares. Foi a queda deste Ministério, devida a \»m meio popular, a um meio parlamentar ? Appa-receu aqui o Povo? Isto, Sr. Presidente, preparou a Revolução de Setembro, por que a Revolução foi uma surpreza pata os que se achavam no Partido Carlista, más não para muita outra gente. Sr. Presidente, da-se como differença entre os dois movimentos o ter apparecido no actual força Militar/ que cm 1836 se diz não ter apparecido: isto não é exacto. Sr. Presidente , sabem todos os que estiveram no Porto que a proclamação da Carta teve seu principio pelo Povo, não appareceram Militares se-nã,o depois de proclamada pelo Povo; poderá dizer-se que o Povo tinha a certeza de que o Exercito senão opporia : mas em 1836 o Povo queappareceu, tinha ainda mais essa certeza, porque os Militares que o deviam reprimir, era quem o excitava promel-tendo-lhe cooperação, mas note-se bem quem é que obrigou a sahir do campo da legalidade e a recorrer a meios que ninguém podia empregar decentemente, e quando digo isto tenho a meu favor o testemunho de pessoas que não podem ser suspeitas (Apoiados). Demais, Sr. Presidente, qual foi a razão porque o Ministério que estava em Lisboa quando houve a noticia do movimento do Porto, não empregou todos os meios contra elle ? Quiz acaso deixar ao Ministério que veio depois essa responsabilidade ? E'porque, Sr. Presidente, (faço honra a esse Ministério) é porque elle bem via que não podia lançar mão delles sem combater íi existência do Partido Carlista (honra lhe seja) é porque elle bem via que essa resistência necessariamente influía o partido contra quera elle era, e ao mesmo tempo dava força ao partido que devia aproveitar as circumstancias. Sr. Presidente, a resistência se tivesse tido bom resultado, seria um 13 de Março contra o Partido Cartista. Fallo em partido Cartisla nessa época, hoje não, porque hoje entendo que todos são Cartistas, e, Sr. Presidente, èis aqui outra circumstancia que faz a honra desle movimento, e vem a ser que depois de 1836 ficaram dous Partidos, e depois de 1842 ninguém se attreve a dizer que não é Cartista. Esta circumstancia cara-cterisa a época. Os próprios adversários do movi» mento reconhecem que fizeram mal de lhe terem dado a justificação com o seu procedimentoanterior, e reconhecem ao mesmo tempo a vantagem de respeitar as Instituições. Bastava isto para que a Restauração da Carla se devesse considerar como uma vantagem.

Depois de uma revolução, de um tal movimento todos os Partidos, Sr. Presidente, se consideravam no terreno da legalidade; forarn á urna e acharam que os meios legaes estavam abertos aos recursos da sua influencia como Partidos. Sr. Presidente, eis aqui a prova de que o movimento de 184S5 não se pôde comparar com o de 1836, não é a mesma cousa, é muito differente ; não ha revolucionários, Sr. Presidente, ha homens que se indignaram contra as consequências de uma Revolução.

Sr. Presidente, augurou-se que se poriam em pratica as maiores violências, que todos os excessos

teriam logar , e outras cousas que nos deviam hor-rorisar. Sr. Presidente, tão tristes profecias não se verificaram, não se podiam verificar. Diz-se :-— mas devemo-lo á tutelar disposição de uma Augusta Pessoa:----é verdade, Sr. Presidente, honra

áquelles que contribuíram para que tão nobres sentimentos consigam ser felizmente expressos quando este movimento teve logar, e verdade, Sr. Presidente, honra ao movimento, porque desta manei-rã se verificou que os sentimentos, que as virtudes dessa Augusta Pessoa tinham o effeilo devido.

Sr. Presidente, diz-se: —mas também em 1836 se não tiraram as dragonas aos Marechaes: — e' verdade que se não tiraram , roas pedirain-sc. Pediram-se, Sr. Presidente ; eu não estava então nesta Camará, mas estava onde podia ouvir o que aqui se passava; pediram-se, e porque não se lhes tiraram? Pela mesma razão por que não se tirou o Throno a uma Augusta Pessoa quando foram os movimentos de Belern (Apoiados)* porque não se podia, Sr.'Presidente , porque era um suicídio pa-•ra esse mesmo Partido, que via essa medida nofirn dos seus desejos, mas que não poderia optar por ella , sem considerar que ahi existia a sua morte. Sr. Presidente, não quero eu que se eníenda como a respeito de então nos querem fazer persuadir que tudo o que teve logar foi generosidade, que nos concederam a vida podendo dispor delia •; isto tem-se lido nos Jornaes da Opposição. Sr* Pres^deiHe, tendo-se -conservado agora a ordem , porque não se -tem recorrido a violências, não se lêem feito excessos, não se lêern praticado actos de generosidade, não se tem feito rnais que o que se devia fazer; não nos devem favor nenhum os nobres Cavalheiros, os nossos políticos cumpriram o seu dever, a Administração executou o seu dever, seria rigorosamente responsável ella-própria dosexcessos e outros procedimentos illegaes ; ora sendo isto assim , também e' verdade, Sr. Presidente-,, que devia -ceder esta irritabilidade da parte daOpposiçào, quando não encontra motivos contra que deva dirigir as suas censuras.

Sr. Presidente, fazendo-se um elogio a uma Administração que ern 38 dirigiu o Paiz , disse-se , e disse-se para se acçusar outra Administração, porque desgraçadamente, Sr. Presidente, ha quem não saiba fazer elogios senão para dirigir censuras, disse-se que então não se tinha inventado Policia Preventiva para a urna ; mas, Sr. Presidente, e que se ouvia então ati Pariido que não podia dispor livremente dos meios eleitoraes? Ouvia-se consta ntemente:—-desafrontem a urna, deixai-nos votar—estas queixas, Sr. Presidente, eram claramente expressas nos Jornaes que defendiam o Partido que então não estava no Poder, e se para aqúelle não havia Policia Preventiva , era porque não havia sociedade, fiavia um estado selvagem junto á urna. (sJpoiados.)