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296 DIARIO DA CAMAEA DOS SENHORES DEPUTADOS

O sr. Presidente do Conselho de Ministros (Hintze Ribeiro): - Pedi a palavra para me associar, por parte do governo, ao voto de sentimento que v. exa. acaba de propor, pela lamentavel desgraça occorrida em Santarem, e que tão funda e dolorosa impressão produziu no paiz.

O sr. João Arroyo: - A camara terá conhecimento pelos jornaes da capital da catastrophe que occorreu em Santarem na noite de 18 do corrente.

Sr. presidente, parece-me que depois do incendio do theatro Baquet ainda não chegou aos nossos ouvidos noticia de uma desgraça que tão vehemente sentimento de dor e consternação fizesse nascer em todos os corações.

Desde o mais humilde cidadão portuguez até ao augusto chefe do estado, póde bem affirmar-se que ninguem houve que não sentisse bater-lhe o coração, vivamente emocionado pelo sentimento de dor, de horror e consternação, ao saber de tão medonho acontecimento. (Apoiados geraes.)

O augusto chefe do estado, acompanhado de Sua Magestade a Rainha Senhora D. Maria Amelia, cumprindo um dever de caridade e de dedicação, e os nossos Reis são sempre os primeiros a tomar parte nas desgraças que affligem o povo, dirigiram-se áquella cidade, a fim de prestarem uma derradeira homenagem ás victimas da catastrophe, expressão dos sentimentos que os dominavam.

Pela minha parte, entendi que devia vir hoje a esta camara para, em meu nome e no de todos os deputados pelo districto de Santarem, enviar para a mesa uma proposta e uma moção, que dentro em pouco terei a honra de ler á camara. Antes d'isso, porém, não devo deixar de fazer referencia á rapidez com que o governo, pela iniciativa do sr. ministro do reino, deu as mais terminantes ordens ao seu representante n'aquella cidade, a fim de que tomasse com urgencia todas as providencias que o caso pedia e para que tambem os funeraes das victimas fossem feitos á custa do estado.

Cumprido este dever, desculpe a camara que ou agora mande para a mesa uma proposta e a moção a que me referi, e que contraria um pouco a letra do regimento.

(S. exa. não reviu as notas tachygraphicas.)

Leu-se. É a seguinte

Moção

A camara confia em que o governo prestará todos os soccorros ao seu alcance ás familias das victimas do incendio do club artistico de Santarem, assim como aos individuos inutilisados em consequencia da catastrophe. = Os deputados pelo districto de Santarem, Augusto Cesar Claro da Sicca = Joaquim José de Figueiredo Leal = Marianno Cyrillo de Carvalho = D. Luiz de Castro = José de Vasconcellos Mascarenhas Pedroso = João Marcellino Arroyo.

Leu-se a seguinte

Proposta

Temos a honra de propor:

1.° Que se lance na acta da sessão de hoje um voto de profundissima dôr e consternação pela terrivel catastrophe que enlutou a cidade de Santarem, na noite de 18 do corrente mez de fevereiro;

2.° Que, approvada esta proposta, se envie copia da parte da acta da sessão de hoje, da qual consta a expressão do sentimento da assembléa, á camara municipal de Santarem;

3.° Que a camara, depois de resolver sobre esta proposta, levante immediatamente a sessão como manifestação dos sentimentos que a dominam.

Sala das sessões da camara dos deputados, 20 de fevereiro de 1896. = Os deputados pelo districto de Santarem, Augusto Cesar Claro da Ricca = Joaquim José Figueiredo Leal = Marianno Cyrillo de Carvalho = D. Luiz de Castro = José de Vasconcellos Mascarenhas Pedroso = João Marcellino Arroyo.

Foi admittida.

O sr. Ministro do Reino (Franco Castello Branco): - O governo, pela bôca do seu chefe, associou-se já a toda e qualquer manifestação de condolencia e de dor que esta camara julgue dever manifestar pelos tristes acontecimentos occorridos em Santarem. Pela minha parte, e tambem em nome do governo, tenho a agradecer ao sr. João Arroyo as palavras em que s. exa. se referiu a alguns actos de iniciativa ministerial, assim como a moção de confiança que mandou para a mesa, referindo-se ás disposições em que o governo está de soccorrer as victimas d'aquelle infaustuoso acontecimento, incluindo aquelles que por desgraça tenham recebido ferimentos de que lhes resulte impossibilidade de trabalhar.

O governo ha de saber corresponder á manifestação de confiança, apresentada pelo illustre deputado, e não deixará de empregar todos os meios ao seu alcance para não desmerecer d'essa confiança.

(S. exa. não revê os seus discursos.)

Lida na mesa a moção do sr. Arroyo, foi admittida e em seguida approvada sem discussão.

O sr. Presidente: - Vae pôr-se á votação a proposto mandada para a mesa pelo mesmo sr. deputado.

Vozes: - Por acclamação, por acclamação.

O sr. Presidente: - Em vista da manifestação da camara considera-se approvada a proposta do sr. Arroyo. A ordem do dia para ámanhã é a mesma que estava dada para hoje.

Está encerrada a sessão.

Eram quatro horas da tarde.

Documento enviado para a mesa n'esta sessão

Justificação de faltas

Declaro que faltei a algumas sessões por doença. = O deputado, Manuel Thomás Pereira Pimenta de Castro.

Para a secretaria.

O redactor = Lopes Vieira.