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•titucionaes e de Iodos os interesses; que era a esse género de força que alludia o Parecer da Commis-são. Em resposta a isto disse S- Ex.a o Presidente do Conselho da Ministros, que o Governo forte era aquelle que se fazia' obedecer. Ora, Sr. Presidente, se a força do Governo consistisse simples-' mente em se fazer obedecer sem ser em conformidade da lei, esse Governo podia muitas vezes ser violento .em vez de forte. Se um Governo se julga sim- • plesnaente forte por se fazer obedecer (tallo em gê-ial, e não da actual Administração), se um'Governo pôde muitas mezes mandar contra direito, e fa-2er-se todavia obedecer, se um Governo qualquer n'urn paiz representativo mandar a um tribunal de justiça que dê uma sentença em tal ou tal sentido, ou á Camará dos Deputados que vote por esta ou aquella cousa, pôde-se fazer obedecer; mas não é '-«sse o Governo que se chama forte n'um Governo Representativo; e outra cousa, e' o Governo que se apoia na maioria parlamentar, e na maioria nacional fora do parlamento: no Governo Representativo só ha força nas maiorias. (Apoiado) Eis-áqui o que eu entendo que aCommissão quiz dizer quando -•disse, que as circumstancias do paiz exigem um Governo forte ; isto é , que tenha maioria no parlamento , e fora d'elle, na Nação. Eis-aqui o que eu entendo que e' Governo forte; é aquelle cuja política representa a política da maioria parlamentar; e' aquelle Governo cuja política representa a maioria da opinião nacional, exprimida pelas urnas. Eis-aqui o que eu entendo que a Commissão reputou um Governo forte ^e eis-aqui o que eu entendo que não é a Administração ' actual: porquanto SS, EEx.as hão de concordar que a sua política não re-> presenta nenhum dos lados fortes da Camará e que também não representa nenhuma das cores políticas, pronunciadas no Paiz, e que então a Administração actual não exprime nem a maioria parlamentar, nem a maioria nacional, declarada, na, urna. Por consequência não posso censurar a lingoagena da Commissão quando disse, que as circumstancias do Paiz exigem um Governo forte; quer dizer, um Go-:verno que tenha a maioria do parlamento, e que a tivesse tido fora do parlamento, na urna. Eis-aqui 9 [Governo, a Administração que pôde com proveito governar o paiz, éter a força constitucional, que •unicamente merece esse nome de Governo Representativo.

Disse S. Exc.a o Presidente do Conselho de Ministros que a opinião .publica era a sua própria convicção e a siia consciência. Para que isto fosse exacto seria mister que no Paiz não houvesse senão a convicção .e consciência de S. Exc.a dado o caso que esta se achasse em opposição com a do resto do Paiz: seria tornar a convicção de S. Exc.a opinião publica, e'a do resto do Paiz opinião parti-. cular.

Disse mais S. Exc.a que não sabia o que e' opinião publica; porque em tal ponto havia esta opinião publica, em tal ponto est'outra. Não é d'isto qne se tracta, Sr. Presidente, saber o que e opinião publica e muito fácil n'um Governo representativo ; o Governo tem sempre, meios de o saber com precisão mathematica: não se tracta do que é opinião publica 5 n'um Circulo o;í n'outro, rnas crn todo o Paiz; isto é muito fácil: o Governo temsecn-pre na mão o thesouro d'esta opinião publica epo-

de monta-lo quando quizer. A opinião publica n'urii Governo constitucional é a da maioria Parlamentar ; em quanto esta maioria parlamentar está em harmonia com a opinião Nacional, exprimida pela urna. Por consequência o Governo quando quer saber qual e a opinião publica, vem ao parlamento, e então a opinião publica apparece ahi: se o Governo chega a desconfiar d'esta prova e julga que ' a Camará não está em harmonia com a opinião Nacional, dissolve a Camará e appella para a urna; e ern ambos os casos o Governo pode e deve saber qual é a opinião publica : em um Governo repre-tentativo só a não sabe quem a não quer saber; na Camará sabe-se pelos votos que se lançam n'essas urnas ; lá fora pela urna eleitoral. Ora, S. Exc.a creio que já sabe a opinião da Camará, e também já sabe a opinião do Paiz pela urna:,por consequência sabe que não e' o Governo forte, e apoiado na opinião publica de que falia a Conimissão. Não se tracta da opinião publica de um jornal, de um Circulo, e a opinião publica de todo o Paiz, manifestada nas eleições e n'essas urnas.

Sr. Presidente, faltando S. Exc.a o Presidente do Conselho de Ministros acerca do motivo da reunião das tropas em Lisboa disse que podia dar-se o caso de urna aggressão, e então que era mister que o Governo tivesse sempre disponível uma força respeitável para acudir a uma aggre_ssão, que, por ventura, se podia verificar da parte dos inimigos das nossas instituições. Ora, Sr. Presidente, é para mi m sobremaneira doloroso ouvir da bocca de S. Exc.a o Presidente do Conselho que nós estamos reduzidos á necessidade de defender Lisboa contra os inimigos das nossas instituições; porque essa idéa suppõe o resto do Paiz abandonado, porque não é possível sermos atacados em Lisboa sem o inimigo ter devastado todo o Paiz. E' verdade que pode . entender-se que o Governo se queria conservar na possibilidade de .proteger o Algarve, onde podia dirigir-se ou estar premeditada alguma aggressão. Mas, Sr. Presidente, e' preciso saber que essa reunião de tropas foi feita em Lisboa á custa da tropa, que combatia no Algarve, e então não pode dizer-se que se reuniu tropa em Lisboa para defender o Algarve: ou não percebi eu o que S. Exc.a disse, ou não e prócedenle esta desculpa.