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grande opposiçâo pelo illuslre Deputado o Sr. Pitta de Castro. (Ó Sr. Pitta de Castro:—Era uma uma ponte sobre o rio Ancora.) É verdade. Mas esse projecto , que foi defendido por uni Ministro , que então fazia parte da Administração, não foi avante, porque a Camará por si mesma tinha conhecimento profundo de que naquelle contracto não se tinham inteiramente guardado as conveniências locaes , que havia um quid, que obstava ao andamento desse projecto; e tanto que, se a memória me não falha, só urn illustre Deputado então tra-ctou da defeza delle. E que tem isto com o negocio de que se tracta? Não estará a Camará informada a este respeito? Tanto o está, que as suas Com missões apresentaram o seu parecer, e ella tem presente tudo o que lia por um e outro lado, e os mesmos illustres Deputados, que teern propugnado pelo adiamento, teern mostrado perfeito conhecimento do negocio. Logo, não se dão os precisos termos do regimento para se propor e approvar o adiamento.

Agora quanto ao segundo precedente de que o Sr. Deputado fez menção, já o Sr.-Ministro do Reino respondeu muito bem; e na verdade admira que se viesse aqui trazer um caso julgado (se assim se pôde chamar) da Camará dos Pares para nos regularmos por elle, quando nós só devemos obrar segundo os nossos próprios conhecimentos e praxes, por nós mesmos, sem nos importarmos com o que se faz na outra Camará.

Concluo pois que, não se verificando nenhuma das hypolheses doart. 39.°, não pôde approvar-se o adiamento.

O Sr. J. Bento Pereira: — Peço a V. Ex.a que pergunte á Camará se a matéria do adiamento está suficientemente discutida.

Decidiu-se affirmativamente.

O Sr. Gavião: — Requeiro a votação nominal.

Não sendo este requerimento approvado, foi logo rejeitado o adiamento.

O Sr. Presidente: — Em vista da rejeição do adiamento, continua a discussão do projecto.

O Sr. Lopes Branco: — Aproveito a palavra que V. Ex.a me concede para ver se tenho o gosto de merecer a benevolência, com que a Camará me. tem honrado varias vezes; principalmente porque, em virtude das suas deliberações, que muito respeito, não me tem sido possível obter uma dessas occasiões ha muito tempo. Alem disso, a matéria e da maior importância para que algum Deputado deixasse de fazer sobre ella todas as considerações, que o interesse da causa publica lhe suggcrisse. E por isso que eu me levanto nesta Casa mais uma vez para combater urn exclusivo, e um monopólio, e estou certo que a Camará com o auxilio dos iUustres Deputados que também os combatem, não approvará similhante exclusivo, e similhante monopólio.

Sr. Presidente, eu não pertendo combater o estabelecimento das caixas económicas ; digo isto muito positivamente, e faço esta declaração para que senão entenda mal oque eudisser, nem se confundam asopiniòes queemiltir nesta matéria. Nem eu podia combate-las, Sr. Presidente, tendo as caixas económicas uma experiência de 27 annos a seu favor; porque, lendo sido estabelecidas na Inglaterra a primeira vez cm 1817, desde então as suas continuadas vantagens teem mostrado ern toda o parte a sua conveniência. Conhe-SESSÀO N.° 4.

ceu-se que em todos os paizes haviam sommas consideráveis de capitães estagnados; porque nem todos os cidadãos eram emptezarios, nem podiam ler um meio fácil de empregar as sobras das suas despezas; pois como diz um escriptor illustre, se os capitalistas que recebem os juros de seus capitães, e os senhorios que recebem as rendas de suas herdades, teem toda a facilidade de os converter em capitães produ-ctivos, não acontece assim ao operário, que só pôde econornisar 40 sous por semana, quantia insignificante para se empregar com alguma vantagem. As caixas económicas são, pois, uma invenção a mais feliz, principalmente para as classes pobres e laboriosas, não só porque lhe dão um meio fácil de empregarem vantajosamente as sobras das suas despezas, mas principalmente para as prevenir da falta de cuidado, que ordinariamente se dá nellas, em junta-las e fazer com ellas um fundo para acudir ás necessidades da vida, e por isso esta instituição e alem disto um incentivo permanente para o trabalho e para a sobriedade; seguindo-se daqui o que duern alguns escriptores, e o confirmam os dados estatísticos, que e'raro ver nostribunaes de policia correccional algum depositante das caixas económicas. Não admira, por tanto, que em 1831 houvessem 1160 caixas económicas em toda a Europa, com o capital de 181,^645 contos de reis, o que prova evidentemente a grande influencia que na formação dos capitães exercem as pequenas economias.

Não será tambern fora de propósito apresentar alguns dados estatísticos para a Camará poder bem convencer-se da grande utilidade desta instituição. Em 1836 havia em Inglaterra 491 caixas económicas, com um capital de 70$991 contos. E não deixa de vir também a propósito notar melhor o grande incremento que ellas tinham tido; pois tendo-se estabelecido em 1830 o banco de Mary-le-bone, o mais notável de Londres, em 1836 tinha 373 contos, sendo os depositantes 4004 homens e 426 mulheres; entre os quaes figuravam 621 creados com 54 contos, 129 creadas com 81 ; e 600 operários com 35 contos Em França aonde as caixas económicas se estabeleceram logo que appareceram em Inglaterra, só as de Paris tinham um fundo de 32 milhões 258(f078 francos; e os embolses que fizeram, foram de 19 milhões 694^576, e deviam-se aos depositantes 63 milhões 250$! 13 francos. De sorte que no fim desse anno, haviam já em França ^67 caixas, ás quaes os bancos de deposito e consignações deviam nada menos que 106 milhões 882/589 francos. Assentei que não era fora de propósito fazer menção destas particularidades; porque, tractando-se de uma matéria tão importante, não podia prescindir disso. Posto isto, è sem cançar mais a Camará, irei occu-par-me da proposta do Governo.