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4 DIARIO DA CAMARA DOS SENHORES DEPUTADOS

Sr. Presidente; conheci o illustre extincto ha quarenta annos, quando fui para Coimbra com o meu exame de instrucção primaria a estudar preparatórios, e quando já Avellar Machado frequentava com o maior brilho a faculdade de mathematica. Desde então até hoje, ininterruptamente, em tão largo período de tempo, as nossas relações foram sempre da mais affectuosa, sincera e dedicada amizade.

É que Avellar Machado era um d'aquelles homens, cada vez mais raros, que facilitando-se pela bondade, sabem e podem arreigar e radicar affeições em todos os campos.

Desde este campo sempre ingrato da política, como Deputado e Par do Reino, até ao campo, que dizem sempre volúvel do eleitorado, pois que no seu antigo circulo de Abrantes, como muito bem disserem os Srs. Pinto dos Santos e Rodrigues Ribeiro, a sua estremecida terra natal, que deve prantear a sua morte com o mesmo enternecimento com que elle se dedicou em vida; pois que nesse antigo circulo de Abrantes, ia eu dizendo, a sua influencia foi sempre decisiva, desde que pela primeira vez se apresentou Deputado por ali nas eleições geraes de 1881.

Vinte e oito annos de constancia e de preponderancia eleitofal é muito, é um phenomeno na nossa terra, e este facto até nos faz admittir uma excepção á regra geral do ditado que se tirou de um versiculo do Evangelho de S. Lucas:

Neno propheta acceptus est in patria sua.

Ninguem é propheta na sua terra, mas, Avellar Machado pôde na sua terra ser propheta.

Avellar Machado, Sr. Presidente, serviu sempre com a maior dedicação o seu partido, prestando-lhe serviços valiosos, com dedicação e amor, entendendo, até á ultima, que a disciplina, é tudo, embora por ella se façam muitas vezes grandes sacrifícios; e tanto mais deve ser considerada essa disciplina quanto é certo que o recrutamento em política é voluntario.

Avellar Machado foi pouco, podia ter sido muito mais; não podia por menos, porque partidariamente só foi o que não podia deixar de ser, mas certamente o seu espirito se comprazia n'esta situação, para não descer ao emprego de certos meios para ser mais alguma cousa; essa mais alguma cousa que não vale absolutamente nada quando se torna necessario o emprego desses meios para a alcançar. (Apoiados).

Avellar Machado foi uma verdadeira figura de destaque no seu tempo, na sociedade portuguena, na política, mais ainda pela sua bondade que pela evidencia, e como eu aprecio mais, muito mais a bondade que a evidencia, quis dar-lhe aqui por esta forma o ultimo adeus, com aquella effectuosa, sincera e dedicada amizade com que sempre lhe estendi a mão e lhe abri os braços num período de quarenta annos.

O Sr. Ascensão Guimarães: -Sr. Presidente:; associo-me em nome dos meus amigos políticos ao voto de sentimento que V. Exa. acaba de propor.

Quando entrei na vida publica tive por chefe Avellar Machado e tive então ensejo de conhecer e apreciar os predicados da sua intelligencia, os nobres dotes do seu coração e os sentimentos de boa camaradagem.

Avellar Machado foi um apaixonado da arma de artilharia, sendo um official com uma larga folha de serviços e um engenheiro dos mais distinctos e abalizados.

Parlamentar de incontestável valor, Avellar Machado em todos os meios onde teve de exercer a sua actividade foi sempre uma figura de destaque.

Não só ao partido regenerador, em cujas fileiras sempre brilhantemente militou e de que foi um dos mais estremos paladinos, como á illustre família do finado pelo enormissimo transe soffrido com a perda do seu extremoso chefe, dirijo as minhas sinceras condolencias.

O Sr. Pinheiro Torres: - Sr. Presidente: em nome do partido que tenho a honra de representar n'esta casa do Parlamento cumpre-me associar ao voto de sentimento proposto por V. Exa. e às justas e sentidas palavras de homenagem que a Camara acaba de prestar á memória de Avellar Machado.

O Sr. Presidente: - Em vista da manifestação da Camara parece-me que devo considerar approvada a minha proposta por acclamação. (Apoiados geraes).

As communicações á família do extincto serão devidamente feitas.

Vae ler-se o expediente.

O Sr. Conde de Azevedo (por parte da commissão de pescarias): - Sr. Presidente: mando para a mesa em nome da commissão de pescarias a seguinte

Proposta

Proponho, em nome da commissão de pescarias que a ella sejam aggregados os Srs. Deputados João de Magalhães e Alexandre de Albuquerque. = Conde de Azevedo.

Foi approvado.

O Sr. Rodrigues Nogueira (por parte da commissão de obras publicas): - Sr. Presidente: primeiramente peço a V. Exa. se digne consultar a Camara sobre se permitte que a commissão de obras publicas reuna durante a sessão. Em segundo lugar, mando para a mesa o parecer na commissão de fazenda relativo ao projecto n.° 1-B.

A Camara resolveu affirmativamente.

O Sr. Anselmo Vieira (por parte da commissão de commercio): - Sr. Presidente: mando para a mesa a seguinte

Participação

Participo a V. Exa. e á Camara que está constituída a commissão de commercio, elegendo para seu presidente o Sr. Conselheiro João de Sousa Calvet de Magalhaes e para secretario o signatario d'esta participação. = Anselmo Vieira.

Peço, tambem, a V. Exa. a fineza de consultar a Camara sobre se consente que a commissão reuna durante a sessão.

A Camara, consentiu.

O Sr. Presidente: - Os Srs. Deputados que quiserem usar da palavra antes da ordem do dia, tenham a bondade de a pedir.

Varios Srs. Deputados pedem a palavra.

O Sr. Alexandre de Albuquerque (por parte da commissão de legislação criminal): - Sr. Presidente: mando para a mesa, em nome da commissão de legislação criminal, a seguinte

Participação

Participo a V. Exa. e á Camara que está constituida a commissão de legislação criminal, tendo sido escolhido para presidente o Sr. Deputado José Paulo Monteiro Cancella e para secretario o abaixo assinado. = Alexandre de Albuquerque.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Visconde de Villa Moura para realizar o seu aviso previo ao Sr. Ministro das Obras Publicas.

O Sr. Visconde de Villa Moura: - Sr. Presidente: Eu vou ver se consigo dentro da hora apresentar e de-