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O Sr. Gavião: — Sr.; Presidente, na Sessão de sexta feira disse um Sr. Deputado pela Estramadu-ra, Jque talvez áquella hora em quê elle fallava, es-*. tivessem as ruas do Porto alagadas de sangue ; poucos momentos depois, mu Sr» Ministro da Coroa veiu a esia Camará noticiar, o que sabia, o que linha recebido oficialmente a respeito dos habitantes do Porto; hoje quando entrei nesta Casa, achei entre outras cartas algumas daquella Cidade em que se me dava á noticia desagradável, de que tio dia 2 com effeito se linha verificado não o prognostico, mas a lealidade, porque quando o Sr. Deputado o disse já o acontecimento se tinha verificado ; a força armada linha carregado os habitantes, tinha havido feridos e não sei se mortos; isto, Sr. Presidente, chegou ao meu conhecimento por-noticias particulares, mas quesupponho exactas porque já vi outras cartas, em que se relata o mesmo. Ora parece-me impossível que 'tendo chegado o vapor Inglez no sabbado ás 4 horas, com uma viagem de 18 horas da barra do Porto para Lisboa, e tendo, segundo se diz, a!i recebido malla, o Governo não tivesse sido informado pelas Auctoridudes do que ahi tinha acontecido. Eu não quero increpar o Governo, mas sinto que elle não tenha vindo informar a Camará sobre um facto tão importante; e para consegnir isto, não só para informação da Camará, mas do PiTblico, eu faço a seguinte: ' ...

PROPOSTA :— Proponho que se convide o Governo para que sem demora venha a esta Camará informar sobre os acontecimentos que têein occonido na Invicta Cidade do Porto.—Sala da Camará 6 de Fevereiro de 1843.—-Manoel Lobo de Mesquita Gavião, Deputado pelo Minho.

O Sr. Secretario Peixoto; — Isto é uma declaração-— de que o Sr. Deputado quer interpellar o Governo : devè-se por conseguinte fazer a.comniunica-cão segundo é costume pelo expediente da Secretaria. '

O Sr. Rebello Cabral:—Sr. Presidente, "eu. não sei, se esta Proposta é da naturesa daquellas que se remenern pelo expediente da Secretaria sem decisão da Camará. O Sr. Deputado fez esta Proposta, como otura qualquer ordinária; e então devesegtiiros trâmites do "Regimento. — Quando pedi a palavra sobre a ordem não sabia qual era a conclusão do il-. histre Deputado, mas vendo que. o Sr. Deputado .censurava o Governo por não estar presente,'eu poderia censurar o Sr. Deputado potvfallar contra o Governo sem este estar presente. Se õ que sabe o illustre Deputado, é só por noticias particulares, parece que não pode a t testar o facto por modo sem réplica, e tanto assim é, que S. S.a fez uma, asserção que não é exacta, porque disse que o vapor ín-glez trouxe mala do Porto, quando ern verdade não i a trouxe , nem lá pode chegar para, a receber.

O Sr; Gavião:—"Sr. Presidente, sinto que o Sr. Deputado não me entendesse: eu disse que não queria fazer censura ao, Governo, disse que lamentava que aquellas Cadeiras (dos Ministros) estivessem vasias, e isto a hora em que toda a Lisboa sabia dos acontecimentos do Porto, é para o .não censurar na sua ausência, peço que elie seja con-' vidãdo; também eu não asseverei., que n vapor trouxesse cartas. C Uma voz:-— Não trouxe.) O Orador:— Bem;"eu,hâo insisto, ouvi dizer que linha Irasido malla, porérn e fora de duvida que sé ré-.

cebeu boje, que passa de meio dia, e devendo ô Governo receber a sua correspondência primeiro que os particulares , ò'Governo tinha tempo de se apresentar aqui pura informar a; Gamara sobre os factos, destruindo boatos que falsamente se pos« sam espalhar sobre este objecto.

O Sr. Secretario Peixoto: — Eu disse que devia fazer-se a remessa pelo expediente da Secretaria , por ser esse o costume nas interpelíações , pare-, cendo-me que a tendência .da Proposta era dVuma interpellaçào; se a espécie pore'm é dífferente, a Camará, resolverá qual o caminho a seguir.

O Sr. Gavião: — Sr. Presidente, se V. Ex.a entender que pelas altribuições que estão CotnmeUi-das á Mesa, pôde dar destino a essa Proposta, muito bem ;' senão se julgar~auctorisado para' isso consultará a Camará: eu não quero excepção nenhuma a seu respeito, todo o meu empenho e que se siga a ordem regular.

O Sr. Presidente: — Eu vou consultar a Camará sobre a Proposta do Sr. Deputado.

O Sr. Miranda : —^ Quando ouvi o Sr. Deputado fazer aquelle requerimento , persuadi-me que V. Ex.a o ponha á votação, o que se assirn acontecesse, eu havia dar-lhe o meu voto, pois entendo que o negocio é de magnitude; e que é da honra desta Camará, a qual sem duvida tem muito a peito QS interesses do Paiz, saber o estado de tran« quilíidade, ou de desordem, ern que se acha uma das Cidades mais importantes do Reino.'Nem me , parece que o convite que se faz aos Ministros seja uma censura, estando eu persuadido que, se elles aqui não estão, e porque .ternr que fazer. E accres-ce n ta ré i que esiou certo de que não só este Ministério, mas qualquer outro (pois não ine importa com os Ministros) se negará a dar esclarecimentos. Por consequência fundado nos exesnplos que tenho visto praticar, apoio o requerimento do Sr. Deputado , e enlendò que ,se deve julgar urgente.

Foi declarado urgente , e logo approvado.,

O Sr, Rebello Cabral: — (Para uma explica-.cão.) A minha explicação reduz-se a dizer que a Proposta me parecia inopportuna. Oa Ministros costumam vir ás Sessões, mas não assistir â abertura delias,, em razão do despacho de seus Ministérios. Se daqui a duas horas elles não viessem, en« tão tinha logar a Proposta n'outros termos. •--

Foi introduzido na Sala com as formalidades do estilo^ prestou juramento, e tomou assento ni Ca* mara, o Sr. Deputada E leito pelo Collegio Eleitoral de Tras-os-Montcs, Cyprianode Sousa^Canavarro. '•

O Sr. Gualberto Lopes: — Sr. Presidente, mando para á Mesa um Parecer da Commissâo Eccle-siaslica, sobre o Requerimento das Dignidades, Co-negos, e Cabido da Se' deBra;:ança. Peço a V.Ex.* que o dg para discussão quando for opportuno.

O Sr. Lopes Branco ;.-^-Mando para a Mesa um Requerimento que peço se declare urgente (Leu.9 é o seguinte): , -

REQUERIMENTO.-i-Requeiro que se peça com to» da a urgência ao Governo a conta dos capitães, q\ie ainda administra a Companhia da Agricultura das Vinhas do Alto ÍDouro. — Sala da Camará dos Deputados aos 6 de Fevereiro de 1343. :—Lopes Branco.