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dos pequenos capitães, que fazem a fortuna dos pobres, e os mais consideráveis, que formam a dotação das Misericórdias, e todos os estabelecimentos de piedade ; por isso voto contra o projecto.

O Sr. Presidente: — Eu lembro aos Srs. Deputados que se restrinjam o maia que poderem á questão, e que procurem o mais possível empregar frases próprias deste Parlamento.

O Sr. Silves Marfins: — Eu peço que V. Ex.a declare se n'isso, que está dizendo se refere a mim ?

O Sr. Presidente : — Não Senhor, fallo em geral.

O Sr. Alves Martins.- — Mas parece, que se dirige a mim, pois que fui eu o ultimo Deputado, que fallei.

O Sr. Presidente: — Eu fallo geralmente; podia interromper o* Sr. Deputado, devia-o fazer como Presidente, mas não o fiz, porque acceitei a sua declaração, pela qual desculpou, senão justificou, algumas expressões menos próprias que proferiu no seu discurso.

O Sr. Alves Martins:—7,Eu fiz essa declaração de propósito para que V. Ex.a não tivesse o direito de me interromper, por tanto não tem que se dirigir a mim.

O Sr. Presidente: — Já disse que fallei em geral; e não o interrompi, posto que tinha direito para isso. Está acabado este incidente; e tem a palavra o Sr. Grande.

O Sr. José Maria ^Grande:— Vou começar por dar e pedir uma explicação que se torna necessária para eu poder entrar desafogadamente neste debate. Na Sessão passada foi censurado aqui o meu proceder, asseverando-se, que eu como membro da Commissão tinha assignado este projecto sem declaração, e que todavia tinha vindo fazer á Camará opposição ao mesmo projecto; e que rne preparava para o combater com vigor e acaloradamente.-— É verdade que aísignei este projecto sem declaração, mas também é verdade, como já aqui disse, que não assisti ás Sessões das duas Commissões, quando ern commum tractavam de discutir este objecto; e não assisti ás suas Sessões porque não fui para ellas convidado. Apresentaram-me nesta Casa o parecer, li-o e assignei-o, sem declaração — entreguei-o ao illustre Relator da Commissão, manifestando-lhe desde logo, que o projecto melhorava um pouco a proposta do Governo, como realmente melhora, mas que apesar disso não me conformava inteiramente com elle, e que reservava para a discussão as declarações que tinha a fazer. Eis-aqui como se passou o facto, e por isso rejeito a censura que se me quiz lançar, preso-me de consequente, e neste ponto não acceilo as lições do •Sr. Deputado. Esta e a explicação que eu tinha a dar; agora tenho outra a pedir, e sinto muito ler de a pedir a V. Ex.a

V. Ex.a referindo-se a palavras que me pareceu haverem sido as que eu aqui proferi, disse que essas palavras poderiam attribuir-se a uma educação menos regular: desejo pois que V. Ex.a me declare se com effeito queria referir-se a mim, e se oterrno •—pouca educação — era allusivo á minha pessoa.

O Sr. Presidente: — Pôde o Sr. Deputado continuar, que no fim eu lhe darei a explicação que

pede.

O Orador: — Bem: espero que V. Ex.a terá a polidez de me não negar essa explicação. Eu cos-VOL. 2.° — FEVEREIRO. — 1845.

turno muitas vozes desenvolver no calor da discussão uma certa vehemencia, uma certa energia própria do meu temperamento; mas não costumo servir-me senão de argumentos ; e posso confiadamentc invocar neste ponto o testemunho de todos os que estão acostumados a ouvir-me. Sinto que V. Ex.a não queira alliviar-me desde já 'do peso que me fez aquella expressão — mas confio que o fará quando eu terminar o meu discurso.

Sr. Presidente, a discussão que aqui se tem suscitado, quando pausadamente for lida, depois de haverem passado as impressões do momento e as excitações que lêem sido produzidas por circums-tancias alheias, mas ligadas mais ou menos intimamente com o assumpto, ha de certamente maravilhar os que a lerem. Se os Deputados da opposição não tivessem em vista senão as conveniências do seu partido, não deveriam impugnar o projecto que se discute; porque elle desconceitua e fere profundamente o Governo e a maioria, se acaso lhe der o seu apoio. Este projecto revela uma parcialidade, que ninguém que prése a decência publica poderá deixar de considerar como indigna de um Parlamento. E posso por ora fallar assim, porque a Camará ainda se não pronunciou; e estou persuadido que ha de rejeitar o projecto, com firmeza e sem hesitação.

A opposição, quer ainda fazer um esforço, embora seja baldado: quer levantar aqui a sua voz, embora essa voz não tenha já echo fora desta Casa ; embora sejasuffocada dentro deste recinto, hoje quasi deserto e abandonado — os discursos e os brados da opposição não soam noPaiz: o Governo tolhe que elles soem. A Imprensa poseram-lhe uma mordaça. E senão respondam—já iriam para as Províncias os Diários das Cortes da Sessão passada,? Já foram os desta ? Ainda não—não direi por culpa de quem. — Inserern-se no Diário do Governo os discursos da opposiçãn l Não, Senhor: inserem-se os de seus contrários. E livre a circulação dos jor-naes da opposição? Correm livremente nas Províncias? Eu perguntaria ao Sr. Ministro dos Negócios Estrangeiros se certo periódico da opposição tem já livre expedição, se apparece nas Províncias, ou se ainda é despoticamente supprimido no correio ? Eis-aqui pois porque eu digo que a voz da opposição morre nesta melancholica Casa que está como que forrada de (ucto ; e segundo parece preparada para a agonia da liberdade ! ! ! Se falíamos aqui, se fazemos um esforço, porque é? É porque queremos sustentar-nos no nosso posto, e desempenhar corajosamente o nosso dever; combatemos sem esperança ; mas havemos de combater com energia. Hon-tern pronunciei aqui um discurso por espaço de três quartos de hora ; nem uma palavra apparece desse discurso no Diário do Governo ! Parcialidade vergonhosa ! Procedimento indecente ! E diz-se no mesmo Diário que ha de publicar-se por extenso o dis-cursos que o Sr. Ministro do Reino pronunciou em resposta ao meu! Apparecerá a resposta, mas será omittida a pergunta. (O Sr. Ministro do Reino: — Mande-o para lá) Diz S. Ex.a que o mande — palavras vãs! ínvitação menos sincera! Mandei sim, mandei um discurso meu para o Diário do Governo, propuseram-me que pagasse as despezas; consenti em pagar, e contudo não m'o publicaram. A Caniara está ao facto desta miséria.