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458 DIARIO DA CAMARA DOS SENHORES DEPUTADOS

queixei-me com toda a rasão e justiça, porque o governo 6 obrigado a vir ao parlamento dar-nos conta dos seus actos e prestar-nos os esclarecimentos que lhe quizermos pedir.
Ainda mais uma vez peço a v. exa. se digne mandar prevenir aquelle illustre membro do gabinete para que se não faça tardar indefinidamente, provocando assim rascáveis indignações.
Ha factos graves occorridos nas dependencias da administração geral das alfândegas, e visto que s. exa. recusa os inquéritos não póde declinar por muito tempo o dever de dar no parlamento explicações categóricas. (Apoiados.)
Agora que estou com a palavra e está representado o governo pelo sr. ministro da marinha, peço a s. exa. se digne declarar se são verdadeiros ou se têem alguns vislumbres de verdade os boatos que ultimamente se espalham na imprensa a respeito da extincção do districto de Vianna para compensar o districto de Braga, protegendo por esta forma o projecto separatista do sr. Franco Castello Branco. (Apoiados.)
Uma voz: - V. exa. percebo a pergunta? (Riso.)
O Orador:-Não é capciosa, é para meu esclarecimento. (Apoiados.)
O sr. Ministro da Marinha (Pinheiro Chagas): - Sr. presidente, duas palavras apenas. Não posso acompanhar o illustre deputado no caminho que seguiu, em que ligou variadissimos assumptos, imaginando que de prompto me levantasse para lhe responder!
Ninguém de certo poderá acreditar no illustre deputado, quando se queixa de que o sr. ministro da fazenda não tenha vindo á camara, quando todos sabem que tem sido de certo elle, de todos os ministros, que mais tem aqui comparecido, antes da ordem do dia, e que tem respondido a perguntas que lhe toem sido feitas, por parte dos illustres deputados. (Apoiados.)
O sr. Luiz José Dias: - Eu não o tenho visto.
O Orador: - É porque v. exa. não tem vindo as sessões, ou tem vindo mais tarde, porque se tivesse vindo antes da ordem do dia, teria assistido aos debates que se travaram.
Sr. presidente, v. exa. muito dignamente recordou ao illustre deputado, que alguns dos termos que elle empregara ha pouco, no seu discurso, não eram próprios de se proferirem num parlamento, e lamento, que o illustre deputado, que tão modestamente se comparou ao padre António Vieira...
Uma voz: - E a albarda? (Apoiados.)
O Orador: - Não sou eu o auctor dessa phrase. (Apoiados.)
Uma VOZ: - Foi v. exa. que a pronunciou. (Apoiados.)
(Grande susurro.)
O sr. Presidente (tocando a campainha): - Peço ordem, chamo a attenção da camara.
O Orador: - Seja como for, o que não é acceitavel é que num parlamento se pronunciem phrases de desconsideração e desprezo, que possam envolver idéas injuriosas contra os actos, ou da maioria ou do governo, porque isso póde até certo ponto dar direito a represálias de uma e de outra parte; e o illustre deputado de certo comprehende o quanto podem ser prejudicialissimas as represálias, desde que entremos abertamente n'esse caminho.
Emquanto á pergunta que o illustre deputado fez, s. exa. sabe perfeitamente que não se póde extinguir um concelho ou um districto, senão por uma lei parlamentar; e é singular que o illustre deputado venha perguntar ao governo se e verdade que &e trata de uma lei, quando só o parlamento póde discutir e votar qualquer lei!
Aproveito a occasião para mandar para a mesa, por parte do meu collega do ministerio do reino uma proposta de accumulação, com referencia ao sr. Arthur Hintze Ribeiro.
É a seguinte:

Proposta

Senhores. - Em conformidade do artigo 3.° do acto addicional da carta constitucional da monarchia, o governo de Sua Magestade pede á camara dos senhores deputados da nação portugueza a necessária permissão para que possa accumular, querendo, as funcções legislativas com as do emprego dependente do ministerio do reino, que exerce em Lisboa, o sr. deputado Arthur Hintze Ribeiro, guarda-mór da estação de saúde de Belém.
Secretaria d'estado dos negócios do reino, em 15 de fevereiro de 1886. = A. C. Barjona de Freitas.
Foi approvada.

O sr. Presidente: - Passa-se á

ORDEM no DIA

Continuação da interpellação sobre o tratado de Dahomey

O sr. Elvino de Brito: - (O sr. deputado não restituiu o seu discurso a tempo de ser publicado n'este logar.)
O sr. Presidente: - A hora está a dar, o illustre deputado quer terminar hoje o seu discurso, ou ficar com a palavra reservada para a sessão seguinte?
O Orador: - Se v. exa. tem a bondade, reserve-me a palavra para a sessão seguinte.
O sr. Presidente: - A ordem do dia para amanhã é a continuação da que vinha para hoje.
Está encerrada a sessão.

Eram seis horas da tarde.

Redactor = Rodrigues Cordeiro.