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que sendo verdade para prémios e castigos, não tem cabimento, nem applicação alguma para a matéria

Mas, Sr. Presidente, o que e mais sensível ao raeu coração, o que não posso soffrer nem ouvir a sangue frio , e o motivo porque se recusa conceder UR migalhas do podre , depositadas nas caixas económicas, o privilegio de que .estas módicas quan-í,i.as seja.m iseíuptas de penhora, e. de torla a acção j-udicia!. Quem o crera ! Quem poderá ouvir o motivo que se allega , sem se possuir da mais forte indignação! E. o que se diz? Tenho pejo de dizcl-o, porque sou fiiho do povo, nasci no povo, vi a iuz do dia em uma das classes humildes da sociedade. Diz-se, Sr. Presidente, que estas classes podem roubar, para ir metter os roubos nas caixas económicas!!! Diz-se que este privilegio é imrooral, e gritasse com isto..., E onde se proferem estas expressões insultuosas, e quem as diz, -quem alardea G o. m- eiías? São os eleitos do povo, e e' na Camará do povo.!!! Sr. - Presidente, as classes laboriosas muitas vezes recebem das outras os máos exemplos qe immornlidade. Pois só nas classes pobres ha ladrões? Não os tem havido nas outras? E a Qaraia-r-a dos - Deputados que íem concedido privilégios aos.feixes aos negociantes, aos-ricoâ ,. aos poderosos, que podem abusar dessas concessões , quer ne-gal-os ás classes industriosas, qne desde que vão tflelier nestas cai.tas as suas economias dão já um penhor á sociedade, de que não querem ser im-inoracs?

- E seremos nós os eleitos do povo, que esiamos aqui porque o povo nos deu estas cadeiras? seremos nós os que desconfiemos da sua cònducta ; os que «ao acreditemos em seus projectos de moralidade , SESSÃO N.° (y.

os que digamos que ás classes humildes podem roubar? E os ricos não podem fazel-o ? Não podem roubar contos e contos de réis, e comprar acções do Banco? E então a penhora, e a acção do pó-der judicial pôde tocar nessas acções? Não poda unj negociante poucos dias antes de fallir empregar trinta ou cincoenta contos de re'is , em instituições com coupons, e se o fizer chega lá a penhora, e a acção da justiça I Não. E porque? Porque o parlamento tem concedido esses privilégios, e muito bem fez em concedel-os; mas negaremos ás classes pobres, industriosas, trabalhadoras, o mesmo pre-vilegio que concedemos aos ricos, e poderosos? Não nos pejaremos de iseinptar da penhora .os grandes cofres dos ricos, e poderosos, dos homens opulentos, das classes altas, e iremos penhorar o óbolo do pobre, as migalhas dos trabalhadores? E porque? Porque podem roubar -.im crusado novo, e ir metel-o na caixa económica? Ainda ficará esta parcialidade das leis antiga*, que levava ao patíbulo o que roubava o marco de prata, em quanto os ladrões de centenares de contos eram como os conquistadores fora da acção das leis? ^

Não, Sr. Presidente, eu não consentirei tal, e a Camará do povo ha de conceder este privilegio ás migalhas dos pobres, pois que o concedeu aos cofres dos ricos, ou ha de tira-los a uns e a outros, porque uns e outros podem abusar, Podem roubar as classes laboriosas..... E somos nós os Deputados da

Nação quem lh'o lembramos. .... Daqui a três me-~zes. Sr. Presidente, são as eleições de Deputados, e lá vamos nós os candidatos curvar-rios diante dos pescadores, dos artistas, dos fabricantes, desses todos •que se acham recenseados e pertencem ás classes laboriosas, vamos humilhar-nos ria sua presença, dar-lhes senhoria, trava-los de braço, senta-los ás nossas mezas, elogia-los: espara que? Para lhes pilharmos os votos, e depois de servidos virmos para aqui sus-

•peita-los de ladrões.....Oh ! d-esgraçá! E ralha-se

da lei das eleições, quer-se engrossar o recenseamento e metter para dentro mais pobres, mais empregados no trabalho, e para que ? Para ser mais vasto o campo, para que a censura de i «imoralidade abranja maior numero de individúbs j

Sr. Presidente, eu não adulo o crime, não louvo a immoralidade. Não a suspeito em classe nenhu-•ma, fulmino aonde a vejo. Em todas as classes ha bom e rnáo, ha virtude e vicio, concedam-se pois a irmãs e a outras os privilégios necessários para o bem gorai, mas não se concedam aos rico?, não se neguem aos pobres porque uns e outros podem prevaricar. Eu levanto sempre a minha voz contra todos os que prevaricam ; sejam pobres ou ricos, e não consinto que se suspeite de uns, porque podem errar, e se confie plenamente nos outros sendo igualmente sujeitos á corrupção. Portanto eu voto pelo privilegio, de que as migalhas dos pobres sejam i^ernptas da penhora e toda a acção do Poder Judicial, e tenho a consciência de que não voto unia immoralidade, e declaro que estou convencido como filho do p.ovo e Deputado da Nação, que as classes pobres hão de moralisár-se cada vez mais, fugindo do jogo e do excesso das bebidas, servindo assim de exemplo e edificação ás classes, que necessitarem desse exemplo.