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outro illuslre Deputado acabava de dizer que^ esses privilégios não eram excessivos, com excepção de um só, o de isentar de penhoras as quantias depositadas nas caixas económicas ; porque todas as mais eram fundadas e justas, e que n de isentar da decima os fundos depositados era justíssima, e que por tanto a concessão dos privilégios era muito natural, e muito obvia, advertindo, porém, que não só deviam ser concedidos áquella companhia, mas a todas as companhias da mesma natureza: e note-se bem que os illuslres Deputados combatiam o direito, porque não queriam que semilhantes privilégios fossem concedidos nem a urnn, nem ás outras^ porque diziam que isto era diametralmente opposto á Carta Constitucional.

Ora já se vê, Sr. Presidente, que sem nós dissentirmos, não podíamos ler assistido a uma discussão, em que de certo os bellos discursos d'aquelles Senhores que tem tornado parte pelo lado da oppoziçâo, tem sido a favor da maioria, e por conseguinte já se vê que a maioria desta Camará linha todo o interesse, em que a discussão progredisse, e digo mais, talvez estime que ella continue, por que a finul se os Srs. Deputados da oppoziçâo quizessem ajustar as contas entre si, não o poderiam conseguir.

Sr. Presidente, quando os Deputados, que combatem a favor de uma opinião, não estão de ac-cordo, o que se pôde esperar em resultado?.. Ha -de apparecer no exórdio dos seus discursos utna indignação rhelorica, como aquclla com que S. S.as e Éx.a8começarain as suas orações.

Sr. Presidente e' necessário que os Srs. Deputados domestiquem mais a sua rhetorica a nosso respeito; e'necessário que tenham mais tolerância para com qualquer que apresente convicções differentes; e não querer trazer para aqui asscenas, que se tem passado em parlamentos estrangeiros. Não cito Guisot, nem o parlamento francez ; porque realmente tomara eu que nunca o parlamento portu-guez de'sse á Europa o espectáculo de uma scena como deu o francez a respeito de Mr. Guisot, a quem se chamou traidor, infame e desertor. Parece-me quescenas destas não se devem imitar (apoiados^. Ora eu entendo que nós devemos empregar palavras, que não precisem de justificação : e então para que se ha de aqui vir dizer que o epithelo — miseiavel — tem justificação ? E' niáo, Sr. Pte-sidenle, começarmos por tornar necessária a justificação das palavras que empregamos. Sinto muito que o Sr. J, M. Grande se servisse de uma palavra, que tinha necessidade de justificação. Eu não necessito recorrer a essas palavras para combater os argumentos de meus adversários, nem para rectificar os factos apresentados inexactamente. Por exemplo, um Sr. Deputado daquelle lado disse, íazendo a ilibloria desta instituição, que nenhum governo tinha relação com as caixas económicas. E por essa occasião eu, que tenho a gesticulação um pouco sincera, levei as mãos á cabeça. -Nao direi que esta asserção é miserável, porque não pretendo atacar o Sr. Deputado, que muito respeito.

O Sr. silves Martins: — Quando o Sr. Deputado apertou as mãos á cabeça foi quando eu disse que a única regra doutrinal consistia em dar protecção , liberdade e nenhum favor especial ás caixas económicas. Se o Sr. Deputado quer combater eàte principio, aqui ou lá fora, estou prompto. Eu SKSSÃO N.° 6.

não disse poitanto que os governos eni nação nenhuma tinham influído na administração delias, porque sei que teem influído, e que a destruição de muitas prove'm disso.

O Orador:—Pois eu digo que em toda a parte se tem dado grandes favores a esta instituição : por exemplo, em França, responde o thesouro por 4 por cento de dividendo aos que depositam nas caixas ; ern Inglaterra estabelece-se uma pensão para o indivíduo que durante trinta ânuos depositou fundos na caixa económica. E diz o Sr. Deputado que os governos devem estabelecer a liberdade a este respeito e seguir a máxima de um negociante francez que dizia a Colbcrt — laissczfaire,, laisse%passer ! Não j senhores: ã respeito das caixas económicas não se dá essa liberdade; deve haver protecção decidida do governo.

E cabe aqui observar que foram os próprios Srs. Deputados, que começaram por dizer, que esta instituição era do maior alcance social , foram esses que representaram esta instituição, como tocando mais de perto os elementos sociaes, dizendo que a existência das sociedades dependia grandemente da attenção, que se devia dar ao melhoramento de classes tão respeitáveis e numerosas, foram esses mesmos os que disseram : porque se não segue a regra geral dos leilões e das arrematações para estabelecer a igualdade no mercado a respeito destas disposições? Oh ! Sr. Presidente, pois uma cousa tão importante, tão eminentemente social não se reveste de um caracter particular, não pede mais garantias, que as emprezas relativas á construcção dos arcos de uma ponte, ou ao macadamiso de uma estrada ? Pois o governo será tão eminentemente niilío n'uma sociedade , que deva ser inteiramente alheio a uma questão de que dependem interesses desta ordem? Proclame-se a inutilidade do governo , ou não se tire esta consequência.

Sr. Presidente, a medida deque se tracto, foi proposta com um fim de utilidade publica; o Governo, propondo-a, teve em vista preencher a missão, que lhe está confiada; e as asserções que contra a medida se tem feito, são fundadas em exaggeríições.

Corneçou-se por dizer que ha aqui um exclusivo terrível, que este projecto e fundado n'um monopólio. Não ha tal monopólio, ou já existia antes deste projecto. Não ha monopólio ; porque, segundo as disposições da lei, permitte-se a outras companhias o formar caixas económicas. E não se diga que a concessão de privilégios feita a esta companhia inutilisa a concessão para o estabelecimento d'outras; porque nós vemos, por exemplo, que a concessão de privilégios, e forles privilégios, exclusivamente feila ao banco de Lisboa, com a clausula t a cii bem de senão poderem conceder iguaes a outra companhia, não impediu o estabelecimento doban-co do Porto, (apoiados) Principia, pois, por não ser exacto o argumento do exclusivo, em que sequiz fundar a principal objecção contra este projecto.