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de um monopólio, porque se estabelece, que outras companhias poderão concorrer, e apezar das vantagens concedidas especialmente a estabelecimentos de natureza commercial, a concessão desses privilégios não deixa de consentir que estabelecimentos análogos appareçatn no pai?. Eu citei o exemplo do Banco, mas muitos outros poderia citar. Por consequência não se pôde dizer, que o projecto estabelece o monopólio. Também se não pôde dizer que o Governo sendo responsável pela segurança publica, e devendo velar superiormente sobre os interesses sociaes, deve ser alheio inteiramente a esta questão, e pela concessão de privilégios, que os próprios Srs. Deputados não reputam demasiados, deve deixar de dar a sua preferencia a uma companhia, que apresenta mais garantias políticas de poder preencher o resultado, que se tem ern vista nesta lei. E parece-me ainda mais, que as objecções feitas por alguns dos Srs. Deputapos, são comrnuns tanto a esta, corno a outras companhias, tanto assim que um illustre Deputado, o meu amigo, o Sr. José Maria Grande, disse: — Oh ! caso abominando! Vão-se entregar as migalhas do trabalbo honesto á agiotagem ! —Mas como e que S. Ex.a ap-protou o methodo que reprovava l Como e ia entregar as migalhas da pobreza a um corpo existente? S. Ex.a tinha a escolha entre agiotas, e agiotas chamava a todas as companhias. Pois que ? Ha alguma proposta de alguma companhia que pelo amor de Deos se queira encarregar de estabelecer juros a favor dos depositantes das .caixas económicas ? (apoiados, riso) Se não existe, se todas teem por fim commerciar, como e' que o illustre Deputado pôde querer, que sirva de argumento contra a companhia de que se tracta, o chamar-lhe agiotas, se ninguém rnais apparece para estabelecer por obra de caridade as caixas económicas? Vemos que este argumento que mereceu tantos apoiados do lado da opposição, é completamente improcedente. .

É assim pois, Sr. Presidente, que quando se nos linha dito que a discussão não podia ir á evidencia a favor das doutrinas sustentada^ no» projecto, nós vemos que da discussão tern sahido doutrinas inteiramente oppostas áquellas que estabeleceram os illustres Deputados.

Sr. Presidente, nem a respeito de Iodos os objectos se pôde estabelecer, como eu já disse, que a liberdade illimitada deve ser a base para se tractar a respeito deste objecto; os illustres Deputados que mais teem gritado contra o que chamam falta de concorrência , hão de reconhecer que no Estado ha itntnensas cousas, que se não podem sujeitar a leilão, o illustre Deputado o Sr. José Maria Grande, que nos disse que o Governo não podia tomar parte nestas operações, não devia ligar-se a esla ernpreza , foi o mesmo que nos disse que o Governo devia fazer pregar pelo clero a utilidade desta medida ; logo vê S. Ex.a que ao Governo incumbe muito de perto o ingerir-se neste assumpto, e quem lhe concede a ingerência até a este respeito, quem lhe torna tributário o púlpito não deve limitar-se só a este ponto, deve conceder alguma cousa mais. Se S. Ex.a entende que o Governo para estabelecer e consolidar uma instituição desta ordem não deve ter duvida de pedir áquelles que do alto do púlpito devem explicar os mysterios da nossa Religião, que por essa occasiâo façam eo-SESSÃO N.° 6.

nhecer as vantagens do estabelecimentos das caixas económicas, entende também que o Governo deve empregar todos os meios, que estão á sua disposição, para que esses estabelecimentos existam no Paiz, de maneira que maiores resultados se possam tirar delles também para o mesmo Paiz ; ora esses resultados de certo não apparecerão, senão quando um estabelecimento desta ordem der todas as garantias, de que não ha de faltar aos seus compromissos. Essas garantias em alguns paizes só são dadas respondendo o Thesouro Publico pola totalidade dos depósitos feitos; ora já que não é possivel entre nós fazer tanto, já que não e' possivel o Thesouro entre nós ser quem responda completamenle por todas as quantias depositadas, não é muito que .o Governo para assegurar a execução de condições tão serias como aquellas exija delias todas as garantias possíveis, e ninguém me dirá, que no meio dessas garantias não deve entrar também a companhia, que se encarregar de estabelecer estas caixas, se achar ligada de tal maneira com o Governo, que cila não possa faltar ás suas obrigações, sem que ao mesmo tempo o Governo lhe possa fazer sentir a necessidade de as cumprir; essa união todos reconhecemos que nunca se dá na apresentação de differentes caracteres poSiticos, não se diga que se pôde ser de uma opinião diversa ern política para ocaso presente, que uma cousa é a fé'commercial e outra cousa a fé' política ; mas parece-tne que até certo ponto se ha de reconhecer, que desgraçadamente no nosso Paia , e nos outros paizes não é possivel dividir o homem em 4 homens, não é possivel pôr o homem polilico de um lado, e o homem commercial do outro lado; estes differentes homens vivern juntos, vivem na mesma casa, e então S. Ex.R ha de concordar comigo, que esta sociedade, todas as partes de que se compõe, não dão urn resultado favorável.

Disse-se «aqui não ha homens políticos. » Mas, Sr. Presidente, ha homens políticos. E que certeza tem S. Ex.a, de que o homem político deixa a política á porta do escriptorio da companhia , e não sobe as escadas desse escriptorio? Oh ! Sr. Presidente! Ninguém pôde responder por si neste ponto , e todos sabem que o objecto de que se tracla , é da maior importância.

Sr. Presidente, urna crise dada no pagamento dos depósitos não pôde causar uma perturbação publica , quando se tracta de milhares de indivíduos? Eu fallo com tanta boa fé, que não ponho duvida de appellar para a dos illustres Deputados, Pôde-se dizer que n'uma circumstancia dada, quando se tracta de uma crise, como muitas vezes tern logar, será indiíTerenlc a demora de meia hora no cumprimento de obrigações sagradas? Não, Sr. Presidente, eu posso dizer que muitas vezes a sorte de um Governo, a tranquillidade do paiz pôde estar nas mãos dos directores de uma companhia, que possa demorar por um quarto de hora oa pagamentos dos depósitos feitos por uma população numerosa.

Sr. Presidente, a avaliação destes motivos eníre-go-a eu ao juiso da Camará , e parece-me que não posso deixar de votar a favor do projecto, (apoia-dos).