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genera!isal-as na ti-rra de Portugal. Tracla-se de estabelecer um banco para pobres, um deposito sagrado e seguro, onde as classes laboriosas, o pescador, o artista, o fabricante, o criado de servir, e Iodos quantos subsistem do trabalho, venham col-locar essas pequenas porções, que poderem econo-misar do sen sustento, e do das suas pobres famílias, para que, no tempo da indigência, e da necessidade, possam ainda subsistir do produclo do seu trabalho, e do suor do seu rosto. Tracta-se das caixas económicas, e não podia eu, filho do povo, nascido no povo, negar o meu fraco contingente a esta importante discussão, não que eu desconheça, que este débil auxilio, que eu possa dar, faça mais vulto do que uma pequena gota de agua no vasto mar de eloquência, e de sabedoria, com que lêem enriquecido esta discussão os illustres Deputados, que me tem precedido a faliar; mas será a Gamara a caixa económica , que se dignará de receber benigna o pobre óbolo da minha mesquinha intel-ligencia.

Eu considero as caixas económicas como o banco das classes laboriosas, dos que vivem do trabalho diário, dessas classes setn as quaes não haveria sociedade, não exUliria nação, dessas classes as mais importantes, e que, mais que todas as outras, merece a altenção, e os cuidados dos poderes supremos do estado. É o banco dos pobres o que se discute, e não podia eu , nascido n'uma dessas classes , e tendo o mesmo tempo a dintincta honra de ser o Esmoller mor da Casa, e do Reino, deixar de alçar minha voz nesta Camará a prol de um estabelecimento eminentemente civilisador, filantrópico, e moral. Cumpre, porem, dizer que esta questão, tão simples quanto importante, tem appa-recido aqui corno alvo do furor dos partidos, e com a melhor boa fé do mundo, tem sido vista, e tra-ctada sob pontos de vista alheios da matéria, e das conveniências, que deve sempre guardar-se, quando nesta Camará se tractam matérias de summo interesse para a nação em geral , e para as classes laboriosas, e trabalhadoras esn particular, para classes que fazem a riqueza da sociedade publica, e sem as quaes, como disse, não haveria nação.

As caixas econominas foram consideradas na discussão como uru rendimento do estado, que o Governo devia levar á hasta publica, promovendo a concorrência, para ser ahi entregue o ramo a quem mais offerecesse por elle. Também o estabelecimento deste banco dos pobres, foi tractado por alguns illustres Deputados do outro lado da Camará , como uma obra publica da nação , sobre a qual devia o Governo abrir praça, a fim de st-r dada a quem por menos a fizesse. Procurou-se estabelecer um confliclo entre o Governo, e ostras companhias, pelo simples facto de o Governo tractar com uma de preferencia ás outras para o estabelecimento das caixas económicas; fez-se mais, trouxe-se á arena parlamentar nomes muito respeitáveis de membros de diveisas companhias, e fez-se o para-lello com outros nomes, procurando-se provar, que o governo tinha em menos conta uma , que outras companhias, uns que outros nomes.

Sr. Presidente, todas as companhias legalmente estabelecidas são dignas de todo o respeito, e merecedoras da confiança publica , e os nomes dos illustres cidadãos, que estão coilocados á testa dês-SESSÃO K-.° 6.

sés estabelecimentos, são dignos do meu respeito e da confiança da Camará, e do Governo; mas eu não vejo que o Governo tractando antes corri uma companhia do que com outras, para o estabelecimento das caixas, e para entregar-lhes estes depósitos, menoscabe as outras companhias, ou desvirtue os nomes dos sócios destas outras companhias. Quando na mão de um cidadão probo o poder judicial estabelece uni deposito da fazenda dos órfãos, ou outro qualquer, entende que o cidadão, a quem confia o dinheiro ou os valores depositados, e probo, honesto, e fiel, sem que negue por isso essas qualidades a outros muitos cidadãos do julgado ou concelho. Assim entendo eu, que contra razão, contra todas as conveniências, e só por espirito de partido, se pôde vir aqui tocar semilhantes ide'as, que em verdade não são as mais próprias para firmar a ordem, a paz, G a reciproca confiança, que deve haver, para bem do paiz , entro os poderes do estado, e essas companhias.

Também se chamou a este contracto, que com o art. 1.° do projecto está em discussão, ucn monopólio, quando no mesmo contracto e projecto se lê, que ninguém eslabelecrá caixas económicas sem ati-ctorisação do Governo; mas não se lê que o Governo não concederá essa auclorisação quando o achar conveniente. Fallou-se em agiotagem, e pareceu querer-se ferir o credito da companhia com quem o Governo fez o contracto, mas estas expressões, eu quero convencer-rne, de que foram proferidas por um lapso, sem que se quizesse offender nern companhias, nem pessoas, ate porque, se isso se reputasse um crime, qual seria hoje isempto delle ? A agiotagem e um grande rnal, e eu estou convencido, que o Governo trabalha por livrar a nação desta calamidade.

Eu considero o estabelecimento das caixas económicas, como um grande bcrn, e o Governo, que as quer estabelecer e generalisar na nossa terra, faz um grande serviço ao paia. Estes estabelecimentos são filhos desse nobre pensamento eminentemente filantrópico, civilisador, capaz de moralisar as classes laboriosas e de diminuir os excessos da gula e intemperança, de fazer amar mais e mais o trabalho, levando aos ânimos de todas essas classes, que a ociosidade é a fonte medonha de todos os crimes, e que os soccorros dos estabelecimentos de piedade são ern rigor só devidos áquelles a quem a idade ou as moléstias tornaram incapazes de trabalhar. Os povos antigos, quando deram os primeiros passos no caminho da civilisação, tiveram em honra e na maior consideração o trabalho e as classes laboriosas; tiveram em ódio a ociosidade, e estabeleceram recursos para soccorrer na doença e na velhice os que já não podiam trabalhar.