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SESSÃO DE 21 DE FEVEREIRO DE 1885 477

O sr. Presidente: - O sr. Veiga, Beirão tinha pedido a palavra para um requerimento antes de se encerrar a sessão.
Tem o sr. deputado a palavra.

O sr. Veiga Beirão: - Requeiro a v. exa. que previna o sr. ministro da negocios estrangeiros de que desejo na segunda feira, antes da ordem do dia, perguntar a s. exa. se é verdadeiro o boato de haver Portugal já reconhecido a associação internacional africana; e, se elle é verdadeiro, em que termos foi feito esse reconhecimento, porque tenho algumas observações a apresentar a este respeito.

O sr. Presidente: - Se eu estiver com o sr. ministro dos negocios estrangeiros prevenil-o-hei dos desejos do sr. deputado.

A ordem do dia para segunda feira é a continuação da que estava dada para hoje e mais a eleição do circulo de Chaves.

Está levantada a sessão.

Eram seis horas e um quarto da tarde.

Discurso proferido pelo sr. deputado João Ferreira Franco Pito Castello Branco, na sessão de 11 de fevereiro, e que devia ler-se a pag. 421, col. 1.ª

O sr. Franco Castello Branco (sobre a ordem]: - Sr. presidente, apesar da declaração que começou por fazer o sr. ministro do reino, estava indeciso sobre se deveria tomar a palavra n'esta altura do debate, e depois dos acontecimentos que acabâmos de presenciar. Mas a observação do illustre deputado o sr. Mariano de Carvalho, de que o excellente discurso do sr. conselheiro Barros Gomes, na parte financeira, estava ainda sem resposta, quer do governo, quer dos deputados da maioria que hão usado da palavra, decidiu-me a expor á camara o que penso a tal respeito.

Declaro francamente, á camara, que tão impressionado com o brilhantissimo discurso do sr. Barros Gomes, que desde logo procurei preparar-me para responder a s. exa., responder, é claro, tanto quanto mo permittiriam as minhas minguadas forças, e sem a preoccupação de medir-me com s. exa., em assumpto tão difficil, e em que tem uma competencia tão incontestavel e sobejamente provada.

Acrescentarei às considerações que tenciono apresentar sobre a questão de fazenda, outras que me foram suggeridos pelos discursos hoje pronunciados pelo illustre deputado sr. Elias Garcia, e ainda uma ou outra nota de impressão mais viva que me ha deixado esta longa discussão. Antes, porém, e para obedecer ao regimento começo por ler a minha moção de ordem.

(Leu.)

escuso de repetir, o que já têem dito outros oradores, que como eu se inscreveram sobre a ordem.

Esta moção não significa mais que o cumprimento de uma disposição regimental para poder usar da palavra em certa altura do debate. Não encobre, pois, nenhuma vaidade de posição mais ou menos qualificada entre a maioria d'esta casa.

V. exa. estará talvez lembrado de que eu pedi a palavra, quando o sr. Emygdio Navarro, que sinto não ver presente, fazia aqui uma declaração de guerra implacavel e sem treguas não só ao governo, mas especialmente ao sr. presidente do conselho, declaração de guerra já anteriormente feita pelo respeitavel chefe do partido progressista, o sr. Anselmo Braamcamp, ainda que por fórma muito menos pessoal e apparatosa.

Estavamos então em plena campanha de oradores severos, como lhe chamou o sr. conselheiro Anselmo Braamcamp, e a minha inexperiencia parlamentar espantava-se do caracter aggressivo, irritante e pessoal, que levava a discussão, na camara de um paiz que conta já cincoenta annos de vida constitucional, e discussão sustentada e dirigida por homens que são apontados pelos seus talentos para ámanhã poderem gerir os negocios publicos. (Apoiados.)

Era para essa guerra, tão apaixonadamente annunciada que eu vinha, não me lembrando então na minha ingenuidade, que o partido progressista declara a guerra quando quer a paz, e assigna a paz para logo fazer a guerra. (Muitos apoiados.)
V. exa. sabe que há muitos annos nenhuma opposição se tem feito representar n'esta casa por tão grande numero de deputados (Apoiados.) como a actual opposição progressista.

É no entanto o partido progressista faz guerra implacavel ás reformas que promettêra acatar!

Por outro lado todos se recordam, que desde o sr. Anselmo Brasmcamp até ao ultimo orador do partido progressista que se fez ouvir n'esta discussão, todos unanimemente nos prometteram guerra aberta e sem treguas. E afinal toda essa guerra veiu a dar no pedido de um ministerio... de pacificação!

É por isso que eu há pouco dizia, que o partido progressista quando declara a guerra só deseja a paz, e quando assigna a paz pouco tarda em declarar a guerra.
(Apoiados. - Vozes: - Muito bem.)

Já que fallei em ministerio de acalmação, aproveito o ensejo para dizer á camara que se eu vir n'aquellas cadeiras (apontando para as dos ministros) os representantes da tal acalmação ou pacificação, a idéa mais extravagante que há muito tem surgido dos cerebros dos homens politicos d'este paiz, a esse ministerio hei de eu, dentro dos limites das minhas forças, fazer a guerra que for necessaria para que abandone quanto antes as cadeiras do poder. (Apoiados.)

Não guerra implacavel e apaixonada, mas toda a que é compativel com a elevada idéa que eu faço de um parlamento.

Declaro que sou estranho, e que farei sempre opposição, a toas as intrigas que tenham um caracter mais ou menos pessoal, e que julgo não estarmos de tal fórma irritados e irritantes, que precisemos de acalmador! (Riso. - Apoiados.)

O paiz está atravessando uma crise de certa gravidade, e todos os dias confessâmos n'esta casa, que há questões importantes, taes como as reformas politicas, a questão financeira e a questão colonial, cuja solução mais ou menos radical deve ser a unica preocupação da politica portugueza.