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14 DIARIO DA CAMARA DOS SENHORES DEPUTADOS

se viu uma cousa d'estas! Aggravar um desgraçado que anda longe da sua patria!

O Orador: - Eu creio que nas minhas palavras não ha o menor aggravo para ninguem, appello para a Camara, mas se porventura pronunciei qualquer palavra de aggravo eu devo dizer que ella não estava no meu animo e por isso nenhuma duvida tenho em a dar por não dita.

Eu vejo, Sr. Presidente, que alguem é interessado em que deste conflicto provenham difficuldades para a marcha do Governo, vejo Sr. Presidente, que, alem dos interessados particularmente neste incidente, mais alguem tem vindo de fora illaquear, tolher, uma boa solução para esse conflicto.

Estamos numa epoca em que cada um deve ter a coragem das suas affirmações e dizer desassombradamente o que pensa.

Não teem sido os estrictamente interessados neste assunto, aquelles que só teem intervindo nelle; pelas declarações que aqui se teem feito nos vemos que mais de um collaborador houve neste assunto.

Eu vou formular uma pergunta ao Sr. Pereira dos Santos. Gosto muito das situações definidas porque só em situações bem definidas é que se marcam bem as posições.

O incidente que se deu. foi entre a maioria e o Sr. Caeiro da Matta?

Já mais de um orador declarou que não houve intuito de maguar a minoria na forma como a maioria procedeu.

O Sr. Visconde de Villa Moura: - V. Exa. refere-se á minha declaração?

O Orador: - Refiro-me ás declarações do Sr. Antonio Cabral, Conde de Paçô-Vieira, etc.

O Sr. Pereira dos Santos: - Fui tão discreto na maneira como falei que nem alludi ao incidente de hontem por entender que a quentão em si tinha sido resolvida pessoalmente.

As minhas considerações foram simplesmente- de outra ordem, porque, segundo o meu modo de ver, realmente o que houve de um e outro lado está liquidado.

V. Exa., todavia, pôs a questão noutro pé; por isso vou repetir as minhas palavras.

O Orador: - Vamos a ver.

O Sr. Pereira dos Santos: - O que a .maioria fez na sessão de hontem, foi um aggravamento contra as reclamações que se tinham feito, com o que a opposição não pode transigir, pois vem coarctar os seus legitimes direitos, alem de representar mais um aggravo feito a nos e uma offensa aos nossos legitimos direitos.

É assim que pus a questão, para se poder resolver dignamente.

De forma que representando o procedimento da maioria um aggravo politico á minoria, confirmado pelas declarações feitas, a maioria comtudo pode transigir, menos com o que representa um aggravo politico.

A maioria, portanto, procedendo como fez, veiu aggravar essa situação, tornando-a irreductivel.

O Orador: - Parece que da parte do Sr. Caeiro da Matta, não havia a intenção pessoal, ou individual de aggravar e deixava entrever durante esta discussão uma solução honrosa para todos.

O Sr. Caeiro da Matta tinha explicado as suas palavras que saíram impressas nas Novidade, dizendo que não havia da sua parte ideia de offender.

Vamos pôr a questão como ella está actualmente, vamos ver quaes as consequencias logicas que d'aqui proveem.

O Sr. João de Menezes: - Não ha logica.

O Orador: - Em face das declarações do Sr. Presidente da Camara e das explicações do Sr. Mello Barreto...

O Sr. Mello Barreto (interrompendo): - Não dei explicações nenhumas, absolutamente nenhumas, nem tão pouco as dou. Tanto mais que se tomou como aggravo á minoria regeneradora o aggravo feito ao Sr. Caeiro da Matta.

Não dei explicações nem o Sr. Caeiro da Matta as dá. Somente disse que o que vinha publicado nas Novidades representava a expressão da verdade.

O Oradora - Eu posso referir-me aos factos passados na Camara e que todos conhecem.

O Sr. João Pinto dos Santos: - Pois sim, mas ha de precisar esses factos e tomar a responsabilidade das suas palavras.

O Sr. Mello Barreto: - Diga tudo, diga tudo.

O Sr. Zeferino Candido: - Fale, fale.

O Orador: - Ah! querem que diga tudo?

Então ahi vae.

Quando o Sr. Mello Barreto proferiu aqui estas palavras, o Sr. Caeiro da Mata foi de dentro das bancadas falar com o Sr. Teixeira de Sousa.

Vozes na esquerda: - Isso é falso, isso é mentira.

(Levanta-se grande tumulto).

O Sr. Presidente (pondo o chapeu na cabeça): - Encerro a sessão, e marco a seguinte para amanhã, 1 de maio, dando para ordem do dia a continuação do incidente com a maioria parlamentar, fixação da força naval, construcção de casas baratas e organização da Caixa Geral de Depositos.

Eram 6 horas e 45 minutos da tarde.

O REDACTOR = Sergio de Castro.