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8 DIARIO DA CAMARA DOS SENHORES DEPUTADOS

tinha razão quando dizia que lhe parecia que todos os documentos tinham sido enviados á commissão.

Se S. Exa. tinha essa convicção, ela desapparece em face desta declaração.

Não posso fazer sobre este assunto os considerandos que podia e desejava fazer, em primeiro logar porque não estou habilitado a isso, em segundo logar porque o estado da minha larynge não me permitte.

No entanto ficam exaradas estas notas e a todo o tempo se extrahirá d'ellas a philosophia que é na verdade interessante.

Tenho dito.

O Sr. Presidente do Conselho de Ministros e Ministro da Guerra (Sebastião Telles): - Sr. Presidente: como entrei ha pouco na sala, não sei bem até o assunto de que se trata, mas como ouvi dizer ao illustre Deputado que acaba de falar, que eu na sessão anterior tinha affirmado que todos os documentos haviam sido enviados ...

O Sr. Antonio José de Almeida: - Eu disse que V. Exa. tinha affirmado ter a convicção de que todos os documentos haviam sido enviados á commissão.

O Orador: - O que eu disse foi que do Ministerio da Guerra tinham ido todos, os documentos e que a todos os Ministros que fizeram parte do Gabinete Ferreira do Amaral eu tinha ouvido a declaração de que mandariam á commissão todos os documentos pedidos.

Disse ainda ao illustre Deputado Sr. Affonso Costa que perguntaria ao Sr. secretario da commissão de inquerito se faltavam alguns documentos, e se elle dissesse que sim eu instaria junto dos respectivos Ministros para que sem demora enviassem esses documentos. (Apoiados).

Foi isto que disse aqui na Camara.

Tenho dito.

O Sr. Antonio José de Almeida: - Agradeço as explicações de V. Exa. e peço-lhe que se informe pelo Sr. secretario da commissão, porque a falta de documentos, principalmente pelo Ministerio da Marinha, é grande.

O Sr. Presidente: - Vae continuar-se na ordem do dia.

O Sr. Brito Camacho (Para um requerimento): - Mando para a mesa o seguinte

Requerimento

Requeiro que a Presidencia consulte a Camara sobre se consente que sejam publicados no Diario do Governo os documentos que sobre adeantamentos fossem enviados á respectiva commissão logo que ella os tenha examinado. = Brito Camacho.

Lê se na mesa e procede-se á votação.

Foi rejeitado.

O Sr. Affonso Gostar - Peço a palavra para um negocio urgente.

O Sr. Presidente: - Comido o illustre Deputado a vir dizer á presidencia o assunto do seu negocio urgente.

(O Sr. Affonso Costa dirige-se á presidencia).

O Sr. Presidente: - O Sr. Deputado Affonso Costa pede para tratar em assunto urgente uma noticia que vem publicada nos jornaes e que diz respeito ás ordens que foram dadas aos militares que estão em Benavente para fazerem fogo sobre quem seja encontrado a roubar.

Vou consultar a Camara nesse sentido.

Consultada a Camara, resolveu affirmativamente.

O Sr. Affonso Costa: - Sr. Presidente: a razão do meu negocio urgente é a seguinte:

No Diario de Noticias, jornal que costuma ser bem informado, encontram-se as seguintes palavras.

(Leu).

Sr. Presidente: segundo a lei não se pode fazer mais nada a quem é apanhado em flagrante delicto, seja ainda o crime mais grave, do que effectuar a sua prisão e enviá-lo ás autoridades competentes.

Não pode applicar-se a pena summaria de morte a ninguem. (Apoiados).

Nestes termos é absolutamente indispensavel que o Governo desminta esta affirmativa do alludido jornal, e não posso acreditar que tenha sido dada semelhante ordem que, sobre ser illegal, seria uma barbaridade da parte de quem a desse - e não tenho duvida em responder por esta afirmação, pois começo por declarar que não acredito que alguem, a tenha dado, mas tambem não tenho duvida em a manter nos seus precisos termos.

O Sr. Presidente do Conselho de Ministros e Ministro da Guerra (Sebastião Telles): - No Ministerio da Guerra não se deram ordens nenhumas especiaes, a não ser ás forças militares encarregadas da policia das povoações feridas pelo terramoto, mas essas instrucções foram sobre o serviço de abastecimento e serviço de abarracamento.

Portanto, não se deram nenhumas instrucções especiaes, ás forças e as que vigoram lá são as instrucções geraes, nas quaes não se permitte a que o illustre Deputado se referiu.

Com respeito á noticia do jornal nada tenho.

O Sr. Affonso Costa: - Certamente. Pedi apenas um esclarecimento.

O Sr. Presidente: - Continua o incidente. Tem a palavra o Sr. Conde de Paçô-Vieira.

O Sr. Conde de Paçô-Vieira: - Sr. Presidente: depois das palavras do Sr. Deputado Caeiro da Matta pensei em desistir da palavra, mas não sou nesta Camara simplesmente o leader de um grupo de amigos politicos, sou tambem Deputado e é unicamente nessa qualidade, sem prender nenhum dos meus amigos politicos á responsabilidade que me caiba no que vou dizer e que entendo dever a mim proprio, como collega do Sr. Caeiro da Matta nesta Camara e seu correligionario, porque, embora estejamos em differentes campos, estamos no mesmo partido e ha poucos dias trabalhavamos juntos para o mesmofim, com a mesma fé e calor.

Permitta S. Exa. que como velho parlamentar que, sou, pois tenho vinte annos, lhe diga o que sinto em frente deste acontecimento.

Devo dizer a V. Ex.a, Sr. Presidente, que na minha já larga carreira politica é o maior desgosto que tenho tido e neste desgosto me acompanha toda a Camara (Apoiados), pois ninguem é indifferente a um acto d'estes que obrigou a cortar relações politicas com um camarada cheio de talento. (Apoiados).

Sr. Presidente: se o Sr. Caeiro da Matta me permitte, unicamente porque sou mais velho que S. Exa. e tenho mais pratica politica do que o illustre Deputado, diria que fizesse, o que vinte annos fiz nesta casa numa situação quasi identica á de S. Exa.

O facto que se deu com o illustre Deputado não é unico.

Ha sempre nestas campanhas palavras que nos escapam, frases em que não pensamos muito e não reflectimos, e, todavia, nunca ninguem se sentiu diminuido na sua honra em confessar que não teve intenção de aggravar, ou offender.

Sr. Presidente: quando em 1890, ao discutir-se alei de