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guem; seja-me bom tudo per mi tudo, observar que o, Artigo não tracta de esmagar a Lavoura, nem os Lavradores, nem a Commissão era capaz de propor semelhantes medidas, antes certamente fez o contrario; he preciso que advirtamos, que o Trigo não he um, Genero particular, que mereça mais attenção que outro qualquer; he igual aos outros Generos: o Povo, come o Pão caro, quando muitas vezes, os Negociantes deste Genero o comprão muito barato: este objecto pode olhar-se por tres lados, todos importantissimos, entretanto imprima-se o Artigo, e desde já pesso a palavra para o sustentar.

O Sr. Van-Zeller; - Eu não sei se a Camara estará lembrada que eu propuz, e a Camara decidio, que esta materia se tractaria no fim do Projecto: he impossivel tractor do Artigo, que apresenta o Commissão, porque vai alterar a Lei dos Cereaes: eu conheço que ella he muito defeituosa; porem parece-me que o que primeiro se deve propor he, se os Generos, Cereaes devem, ou não ser admittidos a consumo, e depois se devem ser admittidos a Deposito; decidindo-se que não devem ser admittidos a consumo, escusado he o Artigo, que se propõe, e só resta a questão do Deposito.

O Sr. Barreio Feio: - Eu fallarei sobre a ordem, e tambem sobre a materia, porque julgo uma cousa; tão connexa com a outra, que as não posso separar.
A Agricultura, a Industria, e o Commercio são os tres mananciaes da subsistencia das Nações. A Agricultura fornece-nos as materias primas; a Industria dá-lhes novas formas, adaptando-as aos differentes usos; e o Commercio he, por assim dizer, um recoveiro, que nos vai comprar o que nos falta, e vender o que nos sobra. E daqui se vê que se não deve proteger mais o Commercio, do que a Agricultura, e a Industria; porque nada pode ser objecto de Commercio, que primeiro não seja produzido, e manufacturado. Mas, apezar desta verdade tão conhecida, com grande espanto meu tenho ouvido nesta Camara, que se não deve impedir a entrada dos Generos Estrangeiros, porque na opinião de quem o disse era contrario á Carta ; (como se a introducção dos Generos Estrangeiros, impedindo a nossa Agricultura, e Industria, não fosse contraria á Carta) que he o mesmo que dizer, que não tenhamos Industria, nem Agricultura, e vivamos só do Commercio; compremos, sem nunca vender; consumâmos, sem produzir. Onde está essa Nação de Mineiros, ou esse Occiano d'Ouro inexgotavel, donde sempre se possa tirar, sem nunca diminuir? Onde está essa Republica de Platão, ou essa Monarchia imaginaria, que, regendo-se por semelhantes Leis, chegasse a tão alto gráo de felicidade, que se nos possa apresentar por modelo? He verdade que alguns Economistas, mais theoricos, que praticos, avançarão essa doutrina absurda, que ainda nenhum Governo sabio seguia: mas para ver os resultados della não he preciso sahir de Portugal, olhemos para a nossa Historia. Os nossos Antepassados, que entendião mais de Guerra, e Navegação, que de Economia Politica, descubrirão muitas Terras, fizerão grandes Conquistas nas quatro partes do Mundo; e, cuidando que toda a riqueza consistia só no Ouro, arrebatarão quanto por lá encontrarão de precioso, para o conduzirem ao Reino; e Lisboa foi o mais rico emporio do Universo; o seu Porto vio em si mais Embarcações, do que nunca mais ha de ver, por mais franco, que o façamos. Mas que resultou daqui? Arruinarão-se as Colonias, para inundarem de Ouro a Metropoli; mas toda essa innundação, como não tinha nascente, perenne, passou como agua de enchurrada, sem deixar de si vestigio algum: e depois de tamanha opulencia deixarão-nos a miseria, por patrimonio, deixárão-nos, sem Canaes, sem Estradas, sem Transportes, e sem ter que transportar. Este exemplo nos aconselha, que façamos nesta parte o contrario do que elles fizerão, e cuidemos primeiro em produzir, depois em vender, ou trocar.

Ate qui, na discussão deste Projecto, temos dado, toda a attenção ao nosso Commercio externo; concedemos-lhe quanto lhe podiamos conceder: agora, já que o não fizemos antes, lancemos tambem uma vista d'olhos á nossa esquecida, ou despresada Agricultura. Sempre seremos pobres, em quanto não tivermos de nossa, lavra o Pão diario, como disse o Sr. Bettencourt: nunca seremos ricos, senão quando tivermos de sobejo. Por tanto he minha opinião, que sendo inadmissivel, a meu ver, o Artigo que a Commissão apresenta, passe o redigir outro na conformidade, dessa malfadado Lei das extinctas Côrtes, que tão saudaveis effeitos produzio; porque he melhor seguir estrada feita, que tentar caminho novo.

O Sr. Miranda: - A questão tem-se complicado por maneira que a Camara, se vê embaraçada, e de algum modo reduzida á inacção. Não fallarei sobre o Additamento, que, assim conciso como he, apresenta uma Lei de Cereaes; fallarei simplesmente sobre a Ordem. Por mim sou de opinião que o Artigo se mande imprimir para se discutir, como pede, a importancia da materia. Assim mesmo, pondo agora de parte a questão dos Direitos de consumo, parece-me, que pode pôr-se em discussão se os Cereaes serão, ou não admittidos a deposito, que he a primeira parte do Additamento.

O Sr. Rodrigues de Macedo: - Parecerá mal que eu peça a palavra para fallar sobre a Ordem depois de ter havido, uma tão longa discussão; porem eu só o faço para ver se do que tenho a dizer se tira algum proveito.

Quando se tractou deste, objecto quasi todos os Srs. derão a entender que se não fizesse alteração por ora sobre a Lei existente; todavia, depois de apresentada esta idéa na Camara, assentou-se que se fizesse um Artigo particular sobre este objecto, e he isto o que a Commissão apresenta hoje; porem para isto se decidir he necessario muita circumspecção: assim, o que eu julgo he que, para tirarmos algum proveito, tractemos agora de resolver uma questão simples, e he se convem que por ora deixemos permanecer a Lei actual sem alteração alguma: se esta, fôr a decisão da Camara nada mais temos que decidir; se, pelo contrario, a Camara assentar que a Legislação actual convem ser alterada, então nesse caso pode ficar para Ordem do Dia, quando V. Exca. assentar, o Artigo apresentado. Resumindo-me: sou de opinião que se proponha á Camara se convem fazer nova Legislação sobre os Cereaes.

O Sr. Presidente: - A questão de Ordem muda em consequencia da Proposição do Sr. Macedo.

O Sr. Van-Zeller: - Como a Camara tinha determinado que se fizesse um Artigo separado, eu ti-