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tambem da de Bornes, sede formada pelo conselho de districto, 12 a 15 kilometros.

Que os editaes da alteração que foi feita pelo conselho de districto, foram só affixados dois dias antes do da eleição.

Disse mais que, pela mesma rasão, sabe que a designação das assembléas feita pela camara, era incomparavelmente mais legal e commoda para os povos, do que a feita pelo conselho de districto, mui principalmente com respeito ás freguezias de Tellões, Tres Minas, Alfarella e Urêa de Jalles, que comprehendem 528 eleitores, e porque os locaes designados pela camara eram mais espaçosos e accessiveis do que os locaes designados pelo conselho de districto, e terem estas freguezias de atravessar outras assembléas.

Mais disse, que sabe, por ser publico e notorio, que o conselho de districto para fazer esta alteração não fôra composto dos vogaes effectivos, em rasão de serem dados de suspeitos falsamente como influentes na eleição da camara d'este concelho, tomando-se isto como pretexto para os expulsar do conselho de districto, e poder este ser composto dos substitutos da facção do governador civil e do administrador d'este concelho, pelo qual consta fôra feita a reclamação para o conselho de districto sobre a designação das assembléas feita pela camara.

Disse mais, que sabe, por ser publico e notorio n'este concelho, que na assembléa de Pensalvos, designada pelo conselho de districto o houveram duas mesas e duas eleições, uma presidida por José Xavier de Miranda Mello e Castro, e outra pelo camarista Balthazar Dias Carneiro, installando-se esta segunda mesa a hora competente e marcada no edital convocatorio, e a outra com muita antecipação á hora marcada no referido edital e antes do nascer do sol.

Que na igreja de Pensalvos fôra collocado pelo regedor da freguezia um relogio de sala, que andava adiantado mais de duas horas, o que bem se conhecia já pelo sol, já por varios relogios de algibeira que ali appareceram, e porque finalmente o dito relogio marcava sete horas da noite havendo ainda muito sol.

Mais disse, que sabe, pelo ver e presencear, que os dois povos de Bornes e Pensalvos eram aquelles entre os outros do concelho em que o administrador do concelho tinha os seus influentes, e todos os eleitores d'elles ambos e o restante do povo seus partidarios.

Disse mais, que sabe, pelo ver e presencear, que na assembléa de Bornes, logo para a formação da mesa appareceram alem dos eleitores muitas pessoas assalariadas do partido do administrador, e que não eram eleitores, fazendo grande tumulto e vozearias de que resultava não poder ser o presidente obedecido.

Que mais sabe, pelo ver e presencear, que no acto da eleição de Bornes, o reitor da mesma e outros agentes do administrador do concelho pretenderam dar listas aos eleitores á bôca da urna, por cujo motivo a maioria da mesa e o eleitor Francisco Antonio de Madureira fizeram advertir aquelles com delicadeza e moderação, de que não praticassem taes abusos e escandalos, e logo n'este momento o dito Madureira foi atacado dentro do templo com uma faca (segundo ouviu dizer n'essa occasião), entrando dentro do mesmo templo uma grande turba de gente armada sem que o presidente a requisitasse.

Que pela mesma de ver e presencear, sabe que logo no principio da eleição foi collocada junto do templo em que a mesma se fazia, uma pipa de vinho pelo administrador e seus agentes, aonde os seus partidarios iam beber quando queriam.

Mais disse, que sabia, pelo ver e presencear, que a referida gente armada do lado do administrador esteve sempre junto ao adro e em roda da capella da eleição com as armas aperradas, chegando a -bater-se algumas para cidadãos inermes da opposição (este ultimo facto o sabe pelo ouvir dizer, e não pelo presencear); que mais sabia, pelo ver e presencear, que o regedor da freguezia de Capelludos e o professor de ensino primario do logar de Carrazedo, Urbano José Rodrigues, coadjuvados pelo reitor de Bornes, Antonio Santos Lopes e o padre Caetano Faria, e todos do partido do administrador, fizeram passar por uma ala formada dentro do templo e até á porta do mesmo um grande numero de eleitores, aos quaes davam as listas que lhes faziam levar levantadas até á cabeça junto á bôca da urna, dizendo em altas vozes que para assim praticar tinham ordem do governador civil e do administrador do concelho.

Que igualmente pela mesma rasão sabe que as deliberações da mesa foram sempre desobedecidas pelos agentes do administrador, e principalmente quando esta deliberou conduzir a urna, para melhor guarda, para a casa do cidadão padre Lino Candido Machado, ao que se oppozerem tumultuariamente os acima ditos reitor de Bornes e padre Caetano Faria, amotinando o povo e policia armada, a qual espancou eleitores, entre estes a João dos Santos Soares, prendeu cidadãos e afugentou a mesa e influentes da opposição, perseguindo os na assembléa e até na casa para onde se refugiaram.

Que mais sabia, pelo ver e presencear, que no dia da eleição, apesar de ter logar toda a recepção das listas na assembléa de Bornes, as mesmas não foram contadas no mesmo dia.

Que sabia, pela mesma rasão, que a urna aonde estavam mettidas as listas ficou em poder dos agentes do administrador, em rasão de serem afugentados e perseguidos os mesarios da opposição e os influentes da mesma que então ali estavam.

Que sabe, por ser publico e notorio, que na noite da eleição se postaram piquetes de policia nas ruas e becos do logar de Bornes, sendo preso e espancado tudo quanto pertencia á opposição, como aconteceu a Francisco Paredes, caseiro d'elle testemunha, e que isto mesmo aconteceu ainda no dia 23, em que durava a eleição em Bornes, sendo preso José Sergio Rodrigues, portador de um officio que o escrutinador da opposição, Paulo de Sousa Canavarro, dirigiu ao presidente da mesa, annunciando-lhe que por coacção não podia apparecer, o qual preso, juntamente com mais dois creados do dito escrutinador, que era irmão do administrador do concelho, foram por este presos e mandados conduzir para as cadeias de Villa Pouca, aonde os teve presos arbitrariamente tres dias, e passados elles, com a mesma arbitrariedade os mandou soltar sem lhes formar culpa.

Que, pela mesma rasão de ouvir, sabe que no dito dia 23, durante ainda a eleição em Bornes, o presidente da mesa foi ameaçado e insultado por pessoas do partido do administrador.

Que, pela mesma rasão de ouvir dizer, sabia que no mes me dia 23 de novembro passado, na eleição de Bornes, a contagem das listas fôra feita pelos ditos Urbano José Rodrigues e João José de Sousa Canavarro Leite, sem que fossem mesarios, e ambos do partido do administrador, e o segundo até primo d'este; e durante a contagem das listas, estes e o escrutinador José Joaquim de Sousa Machado, tambem do partido do administrador, as trocaram e as substituiram, tirando muitas pertencentes á opposição e lançando outras na urna do partido do administrador.

Que pela mesma rasão sabe que as listas da eleição de Bornes não foram queimadas na presença da assembléa, mas sim guardadas nos bolsos dos mesarios governamentaes algumas, e outras foram mettidas n'uma gaveta aonde ficaram.

Que sabe, por ser publico e notorio, que o presidente da assembléa de Bornes, com a devida antecipação requisitára ao general da provincia força militar para o auxiliar na manutenção da ordem e da liberdade eleitoral, cuja força lhe foi negada pelo dito general, dizendo que tinha officio do governador civil do districto para sómente a pôr á disposição do administrador do concelho, a quem elle presidente a devia requisitar; em vista do que o dito presidente a requisitou depois ao administrador do concelho, achando-se a força em Villa Pouca, porém o administrador igualmente lh'a negou, conservando a mesma na dita villa até á tarde do dia 22, sem que o presidente da assembléa de Villa Pouca lh'a requisitasse, ou ella ali fosse necessaria, visto que n'esta assembléa não havia receio da alteração da ordem.

Que igualmente sabe, pelo ver e presencear, que o administrador do concelho, acompanhado de seus agentes, andava pelos povos do concelho e portas dos eleitores com o fim de engajar votos para a eleição da camara, ouvindo dizer publicamente que por uma d'estas occasiões offendêra corporalmente ao eleitor Francisco Pinto, do logar da Freixeda, por este lhe dizer que não podia votar com elle administrador, por já ter promettido o voto a seu irmão, o dr. Paulo de Sousa Canavarro.

Que sabia, por ser publico e notorio, que o administrador do concelho se serviu da arma do recrutamento e mais os seus agentes, para por este fim poderem engajar os votos dos eleitores para a referida eleição da camara.

Que finalmente sabe que o administrador do concelho ía por varias vezes a Villa Real receber instrucções do governador civil para o vencimento da eleição camararia, e isto tanto antes como depois do referido dia 22 de novembro afoutando-se elle e seus agentes com a protecção que tinham do governador civil; e nada mais disse, e lido o seu depoimento o ratificou pelo achar conforme, e vae assignar com elle juiz, e comigo escrivão que o escrevi e assigno. — Luiz Gonçalves — Francisco de Paula de Sousa Carneiro Leite. = O escrivão, Claudino José de Sousa.

José Joaquim de Sousa, solteiro, do logar de Valloura, lavrador, trinta annos de idade, testemunha jurada por elle juiz nos Santos Evangelhos, prometteu dizer a verdade, e aos costumes disse nada.

E sendo perguntado pelos factos allegados na petição retrò do requerente Custodio José Alvares de Matos, disse que sabe, por ver e presencear, que na assembléa de Bornes, logo para a formação da mesa appareceram alem dos eleitores muitas pessoas armadas e pertencentes ao partido do administrador, sem serem eleitores, fazendo grande tumulto com berrarias e algazarras, resultando d'isto não poder ser o presidente da mesa obedecido.

Que pela mesma rasão sabe, pelo ver e presencear, que no acto da eleição de Bornes o reitor da freguezia e outros agentes do administrador queriam dar as listas á bôca da urna aos eleitores que se iam approximando, o que sendo advertido com delicadeza e moderação pelo eleitor Francisco Antonio de Madureira, foi este logo atacado com uma faca dentro do templo (segundo ouviu dizer), entrando em seguida dentro do templo uma grande turba de gente armada sem que o presidente da mesa a requisitasse.

Que sabia, pelo ouvir publicamente, que logo no principio da eleição ou ainda antes d'esta principiar foi collocada junto do adro da capella aonde a eleição se fazia uma pipa de vinho pelo administrador e seus agentes, aonde os partidarios d'estes iam beber quando queriam.

Que mais sabia, pelo ver e presencear, que a referida gente armada pertencente ao partido do administrador estivera sempre junto do adro e á roda da capella da eleição com as armas aperradas, ouvindo dizer publicamente n'esta occasião que algumas se bateram para cidadãos inermes da opposição, sendo a um d'estes o escrutinador Paulo de Sousa Canavarro, a quem bateram uma arma quando fugia á perseguição que os agentes governamentaes faziam aos influentes opposicionistas, e de certo seria victima se a arma que lhe bateram desse fogo.

Mais disse sabia, pelo ver e presencear, que o regedor da freguezia de Capelludos e o professor de ensino primario do logar

de Carrazedo, Urbano José Rodrigues, coadjuvados pelo reitor de Bornes, Antonio dos Santos Lopes, e padre Caetano de Faria do logar de Bornes, todos do partido do administrador, faziam passar todos os eleitores a quem entregavam as listas, levando estes na mão direita com o braço levantado até por cima da cabeça por entre uma ala formada que tinham desde o adro até á porta da capella, e d'aqui até á urna pela igreja acima até que entregassem ao presidente da mesa, dizendo em altas vozes que se assim o praticavam era porque para isso tinham ordem e instrucções do governador civil e administrador do concelho.

Que pela mesma rasão sabe que as deliberações da mesa da assembléa de Bornes foram sempre desobedecidas pelos agentes do administrador do concelho, e principalmente quando a mesa deliberou que a urna, para melhor guarda, fosse conduzida para a casa do padre Lino Candido Machado, ao que se oppozeram tumultuariamente o reitor de Bornes, padre Caetano Faria e mais agentes governamentaes, amotinando o povo e policia armada, a qual espancou eleitores, entre estes a João dos Santos Soares, prendeu cidadãos e afugentou a mesa e influentes opposicionistas, perseguindo os na assembléa e até nas casas para onde se refugiaram, como aconteceu ao referido dr. Paulo de Sousa Canavarro.

Que sabe, pelo ver e presencear, que no dia da eleição de Bornes, apesar de ter logar toda a recepção das li-tas, estas não foram contadas no mesmo dia.

Que mais sabia, pelo ver e presencear, que a urna ficou em poder dos agentes governamentaes, julgando por isso ficar mal guardada a urna em poder d'estes, em rasão de ter observado que os agentes ministeriaes fizeram afugentar e perseguir os mesarios da opposição e os influentes da mesma que então ali estavam.

Que sabe, pelo ouvir dizer publicamente, que na noite do dia da eleição de Bornes se postaram piquetes de policia nas ruas e becos d'esta povoação, sendo tudo preso e espancado, tudo que pertencesse á opposição, como aconteceu a Francisco Paredes, creado do eleitor Francisco de Paulo Carneiro Leite, e isto mesmo aconteceu ainda no dia seguinte 23, em que durava a eleição de Bornes, sendo preso José Sergio Rodrigues, portador de um officio que o escrutinador da opposição Paulo de Sousa Canavarro dirigia ao presidente da mesa, no qual lhe annunciava que por coacção não podia comparecer, o qual preso, juntamente com mais dois creados do dito escrutinador, que era irmão do administrador do concelho, foram presos por este e mandados conduzir para as cadeias de Villa Pouca, onde estiveram preso tres dias, e passados estes os mandou soltar sem lhes fazer culpa.

Que sabe, pelo ver e presencear, que no dia 23, durando ainda a eleição de Bornes, o presidente d'esta assembléa fôra ameaçado e insultado por pessoas do partido do administrador.

Que sabia, pelo ver e presencear, que ao dia 23 de novembro, na eleição de Bornes, a contagem das listas foi feita por varias pessoas do partido do administrador, e sem serem da mesa; e que durante a mesma contagem estes e o escrutinador José Joaquim de Sousa Machado, tambem do partido do administrador, as trocaram e substituiram, tirando muitas pertencentes á opposição e lançando outras na urna do partido.

Que mais sabe, pelo ver e presencear, que no fim da eleição as listas não foram queimadas na presença da assembléa, mas sim guardadas, umas em uma gaveta em que ficaram, e outras nos bolsos dos agentes governamentaes.

Que sabe, pelo ver e presencear, que o administrador e seus agentes andavam pelos povos do concelho e portas dos eleitores a pedirem votos para a eleição da camara; nada mais disse, e sendo-lhe lido o seu depoimento o ratificou por estar conforme, e vae assignar com elle juiz e comigo Claudino José de Sousa, escrivão que o escrevi e assignei. — Luiz Gonçalves. — José Joaquim de Sousa. = O escrivão, Claudino José de Sousa.

João Filippe de Magalhães, solteiro, proprietario, do logar da Urêa de Bornes, de vinte annos de idade, testemunha ajuramentada por elle juiz nos Santos Evangelhos, prometteu dizer a verdade, e aos costumes disse nada.

E sendo perguntado pelos factos constantes na petição retrò do requerente Custodio José Alvares de Matos, a qual lhe foi lida por elle juiz, disse que sabia, pelo ver e presencear, que na occasião em que teve logar a eleição da camara d'este concelho para o biennio corrente, na assembléa de Bornes, logo para a formação da mesma, appareceram alem dos eleitores muitas pessoas assalariadas pelos agentes do administrador, e que não eram eleitores, fazendo grande tumulto e vozearias, do que resultava não ser obedecido o presidente da mesa.

Que sabe, pela mesma rasão, que no acto da eleição o reitor da freguezia de Bornes o outros agentes do administrador do concelho, pretenderam dar listas aos eleitores á bôca da urna, e sendo estes advertidos com delicadeza e moderação, pêlos eleitores Francisco Antonio Rodrigues da Fonte e Francisco Antonio de Madureira, foi este atacado dentro do templo com uma faca, entrando em seguida dentro do mesmo templo uma grande turba de gente armada do partido do administrador, ora commandada pelo regedor da freguezia de Bornes, ora pelo administrador ad hoc Francisco de Assis Teixeira de Miranda, sem que o presidente da mesa requisitasse tal força.

Que sabe, pelo ver e presencear, que logo no principio da eleição de Bornes, foi collocada junto á capella em que ella se fazia, pelo administrador ou seus agentes, uma pipa de vinho aonde os seus partidarios iam beber quando queriam.

Que sabe, pelo ver e presencear, que a referida gente armada do partido do administrador, estivera sempre junto