O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

14 DIARIO DA CAMARA DOS SENHORES DEPUTADOS

traram nas mesmas fontes de cooperação; porque se o principio associativo d'esta sociedade-mãe e de todas as sociedades allemãs do Alizthul fosse moldado pelas largas disposições d'esta extraordinaria adega, que vimos discutindo, em tamanha amplitude de acção, nesta nova sub-divisão, tem imitação em parte alguma do mundo, é certo que a honradoaldeão Jostou, o seu fundador, não seria, hoje, celebrado, abençoado por todas aquellas cooperativas, que invadem as baixas do Rheno e os seus affluentes e se dilataram por toda a Allemanha, como poderosos instrumentos de riqueza e produzindo verdadeiras revoluções economicas. (Vozes: - Muito bem).

O Sr. Ministro das Obras Publicas bem sabe, como sabe toda a Camara, que muito e muito considero pela sua alta competencia, para que os beneficios d'estas associações se produzam é preciso, é forçoso, que a sua regulamentação seja adequada á região aonde se estabelecem, por differentes não só as condições do meio, de clima, de terreno, e, por isso, de cultura e de qualidade de vinho, mas, ainda, por differentes a quantidade, a natureza e extensão dos seus mercados, que fazem com que o principio associativo, não obstante ser fundamental na sua essencia, tenha de sujeitar-se, dobrar-se ás necessidades da região e á sua vida economica e financeira. E assim, Sr. Presidente, vemos que a adega social de Mausechosz fornece annualmente 1:600 hectolitros de vinho, chegando o seu maximo em alguns annos a attingir l:000 por 300, que compra aos vizinhos da região. E note V. exa. que esta adega é na Allemanha de uma larga elaboração.

No Rheno Medio as suas afamadas cooperativas, moldadas pelas, sociedades do Ahzthal regulam pela mesma producção maxima. Na Allemanha do Sul as suas coopetivas são constituidas debaixo de formas variadissimas conforme as regiões, mas a sua producção annual não vão longe de 400 pipas, sendo a mais prospera a de Heilbronn.

Na Alsacia, ainda na Allemanha do Sul fundaram-se, ha pouco, seis adegas sociaes, differentes na sua organização em cada região ufamada, e ainda ultimamente, em l de janeiro de 1899, se fundou em Colmar a celebro Bolsa dos Vinhos.

Na, Suissa na sociedades vinicolas datam de 1872, moldadas pelas sociedade" do Ahr, de pequenos proprietarios, totnando-se notaveis as sociedades de Valais.

Na Austria-Hungria, apoiadas nas caixas ruraes, são geralmente da mesma natureza das allemães, e é aos pequenos cultivadores, que mais interessam.

Eu conheço, Sr. Presidente, as Cantini Sociali na Italia, e a que se fundou ultimamente em 1882, em grande escala de produção, que invade hoje, espantosamente os mercados da Allemanha e da Austria com os seus vinhos de typo constante, e que tantos e tantos prejuizos tem causado á nossa exportação vinicola. Eu conheço, Sr. Presidente, e toda a Camara conhece, igualmente, essa florescente cooperativa, na França, a de Damery no Marne, resultado feliz de uma vasta empreza socialista, que Lamarre fundou em 1890, vendendo annualmente, só em vinhos espumosos, para mais de 150:000 garrafas; mas, tambem o que todos nós sabemos, é que estas cooperativas foram filhas de circumstancias verdadeiramente extraordinatrias de vida ou de morte para aquellas regiões vinicolus. Na Italia foi um perseverante patriotismo, que nos falta, foi uma urgente necessidade da vida, pelo rompimento das relações commerciaes com a França, que até 1881 cobria o enorme deficit da produrção francesa; e na França foi pela cooligação de 25:000 vinhateiros da Champagne, oppondo se com uma tenacidade, verdadeiramente admirável, aos grandes e poderosos fabricantes de vinhos espumosos, que especulavam com o pequeno proprietario. E que o exploravam tão torpemente. Mas Sr. Presidente, exceptuando estas duas adegas sociaes criadas em circumstancias verdadeiramente excepcionaes, eu não conheço sr. Presidente, dentro das 150, que povoam actualmente a Europa, algumas que leve a sua producção minima, note a Camara a sua producção minima, como uma obrigação para a sua existencia, a 1:000 pipas de vinho, como exigem as medidas do Sr. Ministro das Obras Publicas para a constituição da adega regional.

Mas ha mais Sr. Presidente, e desculpe-me a Camara estar a fatigá-la com um assumpto, talvez, tão arido; porem o assumpto e importante, porque a criação das adegas regionaes, que tanto sacrificio custam ao Estado, vem matar, aniquilar a verdadeira adega, a adega aproveitada pelos pequenos cultivadores, e auctorizar oito largas associações que custam largas quantias ao país, dando logar a futuras e rendosas especulações, que longe de favorecerem a viticultura e de minorar a crise, se tornarão nas regiões vinhateiras em poderosos elementos de oppressão. Eu estudei, Sr. Presidente, os trabalhos de Adrien Berget sobre a Cooperação na Viticultura, meditei o bello livro do illustre professor italiano Mareschali sobro a Cooperação da industria celologica, e de outros que se teem salientado nestas empresas verdadeiramente civilizadoras, ao corrente e ao par com todos estes progressos da viticultura, e vejo, Sr. Presidente, que estas instituições se afastam completamente na sua organização e nos seus fins da adega regional, que estou discutindo, porque é preciso que se diga, e esta observação é importante, é capital, que a sua, organização fundamental, posto que seja a mesma, baseada nos mesmos principias economicos, adapta-se na sua funcção por disposições differentes nas variadissimas regiões vinicolas, aonde se fundam. Assim procedeu o Governo Austro-Hungaro com o seu apoio moral, note a Camara, e não com esta largueza de favores e de concessões, para as suas adegas sociaes, do typo das do valle do Ahr; e assim procederam, egualmente as municipalidades da Allemanha do Sul para as suas bellas cooperativas moldadas pelas do valle do Ahrthal. Quer dizer: nas regiões de pequena propriedade, de producção relativamente fraca em quantidade, mas de grande valor pela qualidade, moldaram se as adegas sociaes pelas sociedades allemães do valle do Ahr, e do Rheno, emquanto que nos países, nas regiões de grande producção, de vinhos menos alcoolicos, iam estatuir-se pelas do valle do Pó, sendo variavel o limite minimo de producção, pequeno para as primeiras e mais largo para as segundas. E assim devia ser, porque estas instituições formando nucleos centraes de producção abrangiam uma pequena ou grande irradiação em relação á sua qualidade e quantidade, pois é um facto observado, hoje em todos os paises vinicolas, que a quantidade do vinho está em geral na razão invertia da sua qualidade, como succede no nosso pais; ou na apertada e estreita região duriense na sua producção media de 280:000 hectolitros de vinhos generosos, muito alcoolicos, de paladar avolludado, de qualidade nobillissima, e afamados em todo o mundo, ou na larga e esplendida bacia o litoral do Tejo com os seus 2.000.000 de hectolitros dos seus vinhos de pasto, communs, ou de consumo directo.

E tanto o Sr. Ministro das Obras Publicas, Sr. Presidente, reconheceu que a adega social do projecto de lei de 11 de março não era aquella associação, aquella cooperativa, que diz buscar a origem e a organização ás adegas sociaes de valle do Ahr, que no decreto de 14 de junho formulou, logo, como um generoso rebate do consciencia e de sciencia, a adega mais modesta, a adega que chamou livro, e que depois as instrucções regulamentares de 27 de setembro esclareceram e determinaram, rectificando e destruindo, assim, a falsa comprehensão da adega d'aquella proposta de lei. E tanto achou exageradissimo o limite minimo de producção annual de 5:000 hectolitros, como uma condição essencial da sua constituição, estabelecida naquella proposta de lei, que no decreto de 14 de junho alterou, desde, logo, esta disposição, para a não modificar