O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

Sr. Presidente, eu não fallo agora por mim, mas entendo que posso dizer sem offender o melindre do partido a que tenho a honra de pertencer, que te-Mios uma convicção profunda de que as doutrinas, que professamos, são as mais convenientes á ordem, publica, que temos a convicção de que somos capazes de realisar essas doutrinas, porque temos também a convicção de que esses princípios têem um íorle e seguro apoio na maior, na melhor e mais illustrada parte da Nação: porém eu tenho também outra convicção, e é que o meu partido não deve aspirar ao exercício do poder sem que possa preencher uma notável condição, que lhe falta , em consequência da posição singular que occupa nesta Ca* m a rã.

Eu entendo que não é possível reunir a maior ^omma de simpathias políticas sem que possa haver em nós a confiança da sinceridade de nossas intenções : e eu não posso dt-ixar de fazer aqui uma declaração muito explicita por mim , e em nome de meus honrados amigos.

Sr. Presidente, eu sou hoje aqui o mesmo homem que era anlea da revolução, eu sou o mesmo que combati essa revoluçâa, que lhe recu.ei obediência: e então que sou eu, que são hoje aqui os meus amigos políticos, que partilharam a mesma política? Inconsequentes, ou hypocritas? Nem uma cousa, nem outra,-e eu o vou demonstrar.

Sr. Presidente, em quanto a revolução arvorada em dictadura pertendia esmagar nossas convicções, levando-nos de rojo agrilhoados ao seu carro trium-phal, resistimos, porque então regia a força, e a força iepelle-se com aforça: mas logo queessa revolução desenrolou o estandarte da lei, proclamou o se» império, cedemos, e grande crime seria a continuação de nossa resistência.

Jurámos a Constituição de 1838, e porque a jurámos? Porque vimos nessa Constituição a melhor parte dos princípios consignados na Carta. (Fo%es;—JVo-te-se, note-se.)

Jurámos essa Constituirão, porque era forçoso tirar o Paiz do estado de anarchia em que se achava: jurámos essa Constituição porque nella se nos offerecia

o principio do progresso e melhoramento,.........

....................mas , Sr. Presidente, se não

fomos inconsequentes, também não seremos hypocritas. Sufficientes abonos temos dado da nossa lealdade ; nem consentiremos que alguém nos ponha na testa o ferrete da traição. Jurando a Constituição proclamámos o seu pensamento ásoberania do povo, a soberania do povo na liberdade eleitoral, na igual-. dade da lei , na sua inviolabilidade.

Acceitando o pensamento não sophismareaios as suas consequências: e quaes são essas consequências, e a liberdade política, civil, e religiosa. Não se espere de nós, Sr. Presidente, que abandonamos os princípios por que temos combatido ha dezenove an-

nos para vir fazer dellès um sacrifício aos interesses Ministeriaes: o bem da Nação, e só elle, nos impelle a dar o nosso apoio franco e leal, nas actuaes cir-cumstancias ao .Ministério. Sr. Presidente, eu não sei se tenho divagado, mas creio que não: quasi que me esquecia dizer também algumas palavras a respeito de um outro partido ( f^ozes docentro:— È1 uma opinião.), ou de uma opinião, que existe nesta Camará. Este partido, ou seja opinião, ao ouvir alguns de seus membros, cuida ter descoberto otypo da verdade; mas desgraçadamente poucos são ainda os que partilham essa convicção, e por ora não passa de um partido ideológico; e em quanto este partido se não inocular em alguma cousa que seja palpável não passará de uma pequeníssima fracção desta Camará; está fora da esfera política; e não pode levar a mal que eu o ponha fora do concurso Ministerial;,

E poderá formar-se um Ministério mixto—seria o cahos—non bene junctarum discórdia semina rerum — (O Sr. Passos (Manoel):—Nós nau entendemos latim.) Pois eu lh'o traduzo — seria um mixto de elementos repugnantes: uma machina cujas rodas, collocadas em diverso sentido seriam cuspidas por ura e outro lado ao primeiro movimento.

Portanto julgo que no estado em que se acha a Camará é impossível formar-se uma Administração parlamentar, e tal como deve ser formada, porque eu não entendo Ministérios formados por camari-Ihus, insinuação de conventicuios tenebrosos, ou impostos pelas bayonetas. Um Ministério como eu o entendo depende do lempo, e do desenvolvimento da opinião desta Camará; neste momento e impossível pertender a formação de similhante Ministério.

Sr. Presidente,_ de tudo o que tenho dito resulta que mal poderemos preencher nossa missão sem traçarmos entre o presente, e o passado urna linha de demarcação, sem concorrermos todos para remediar o mal da anarchia em que labora o Paiz, e se em vez de ajudarmos com todo o nosso apoio, contrariarmos, destruirmos uma Administração, cujo pensamento principal tão bem corresponde á primeira necessidade do Paiz.

Eu tenho considerado o voto de censura nos seus effeitos , falta considera-lo no seu motivo especial: esse voto me parece injusto. Estou nimiamente fatigado, e por isso, e por não cançar a Camará com repetições, adopto nesta parte as razões expendidas pelo meu amigo, o Sr. Rodrigo da Fonseca Magalhães, e concluo pela conservação do Ministério, reforçado, como julgo necessário, segundo o seu pensamento. Apoiados, e viva sensação ua Camará. O lado esquerdo em grande agitação e vozeria^ e o lado direito apinhando-se em torno do Orador, felicitando-o pelo seu discurso.)

O Sr. Presidente': — A ordem do dia para amanhã e a mesma de hoje, está levantada a Sessão. —— Eram 4 horas da tarde.

N.° 36.

16 Ire

À,

nhã,

Presidência do Sr. J. C. de Campos, bertura— As 11 horas e três quartos da ma-

Chamada — Presentes 99 Srs. Deputados; entraram depois mais alguns, e faltaram os Srs. Cândido de Faria, Bispo Conde, e Queiroga.

.4cia — Approvada.