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646 DIARIO DA CAMARA DOS SENHORES DEPUTADOS

A situação de Lourenço Marques impõe-se á attenção dos poderes publicos. E são já numerosos os documentos que attestam que nós estamos no firme proposto do organisar ali a administração, por fórma que torne seguro e independente o nosso dominio n'aquella região.

O illustre deputado não ignora, de certo, que se creou um corpo policial que vão ser enviado para aquella região; estava prompto para partir desde muito. Mas o governo recebeu indicações das auctoridades da colonia, e do proprio engenheiro Machado, de que não convinha que fossem antes de abril para ali militares europeus

Não ignora tambem o illustre deputado que se expediram ordens para se construirem quarteis e armazens na alfandega, que se têem dado ordens para se imprimir um desenvolvimento relativamente consideravel á obras publicas n'aquella região? Tudo isto representa sacrificios valiosos de dinheiro, diante dos quaes o governo não recuou nem recuará.

O governo nem por um instante renunciou a estabelecer ali por fórma alguma o seu dominio e a regularisar a sua administração Ignorará o illustre deputado que se têem feito as diligencias necessarias, para que, por meio de convenios amigaveis com os indigenas, possâmos estabelecer auctoridades por uma fórma pacifica ao sul da bahia de Lourenço Marque e na ilha de Inhará? Não o póde ignorar por feito.

E direi mais - quanto ao protectorado inglez, sobre o paiz dos amalongas, ou antes ao tratado fumado pela Inglaterra com a bahia d'aquelle paiz nenhuma d'essas cousas está esquecida, e apenas esse tratado for concluido, o governo procederá de fórma a esclarecer as clausulas d'esse tratado e a apressar a occupação dos terrenos que nos pertencem.

Mas não se póde fazer ao mesmo tempo e essas diligencias com que se está proseguindo ainda não chegaram a uma plena conclusão.

Tambem serem altamente conveniente, não o nego, que se podesse estabelecer um plano de colonisação, pela qual se conseguisse multiplicar ali a população portugueza; mas n'esse sentido está trabalhando já o meu collega da marinha.

Não quero censurar ninguem e muito menos um cavalheiro, por tantos titulos digno de apreço, a quem succedeu ha pouco uma desgraça que todos nós profundamente lamentâmos, (Muitos apoiados.) e que illustrava esta camara com os fulgores da sua intelligencia, a pureza do seu patriotismo e os lampejos da sua eloquencia privilegiada; mas, sem por fórma alguma o querer censurar, e tendo em vista para isso que as circumstancias de momento poderiam ter obrigado a proceder como procedeu, não posso deixar de dizer que, se aquelle caminho de ferro podesse ter sido construido pelo governo portuguez, as difficuldades que hoje se levantam e que têem innegavel gravidade não estariam agora occupando a attenção do parlamento.

Não seria facil hoje resgatar para o governo uma linha ferrea que elle concedêra com liberdade de tarifas e grandes cessões de terreno, a que se pretende hoje dar um valor sem parallelo possivel com os capitães gastos na construcção da mesma linha.

O sr. Presidente: - O sr deputado Ferreira de Almeida pediu a palavra, mas eu não lh'a posso dar sem consultar a camara.

Vozes: - Falle, falle.

O sr. Presidente: - Em vista da manifestação da camara tem a palavra.

O sr. Ferreira de Almeida: (Quando o sr. deputado restituir o seu discurso, será publicado em appendice a esta mesma sessão)

O sr. Presidente: - A ordem do dia para ámanhã é trabalhos em commissões, e para sexta feira a continuação da que estava dada e mais o projecto n.° 12.

Está levantada a sessão.

Eram seis horas e um quarto da tarda.

Redactor = Rodrigues Cordeiro.