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Eis-aqui temos nove annos cie' liberdade de mercado no Porto, e em nenhum delles levaram lá todas as terras do Reino 4:500 pipas de aguardente !....... Diz-se . « f]ue na Estremadura so-

bejain 60 mil pipas de vinho.' eu vou 'mostrar em como não lia tal sobejo. Este calculo do iliuslre Deputado de" 60 mil pipas de sobejo, e depois de ter distríbuido-toda a colheita da Província da Estremadura por Iodos quantos consumos ella leni, a que. se reduz a aguardente, ã que se exporia, a que se consome em Lisboa e no Termo, em fim depois de preenchidos todos os consumos , sobejam 60 mil pipas que não lêem consumo de qualidade nenhuma, diz o nobre Deputado, e diz-se também «Se nós não ternos mandado para o Porto mais aguardente, é porque lá a não querem,» Muito bem, acceito o argumento; -mas então digo eu, essas 60 mil pipas} no .espaço de 9 annos,.ou se hão de ter deitado ao Tejo, ou hão de exi-tir, ou se Imo de ter reduzido a aguardente que deve estar em deposito; desejara saber se alguém viu o Tejo tinto de vinho por se lhe lerem lançado 60 mil pipas de vinho annualmenie; assim como se alguém sabe aonde existe o deposito em que esteja essa enorme quantidade de vinho, ou de aguardente? Então onde existe este vinho; aon> de existe esta aguardente ? Hlle não p,odia sahir para parte nenhuma ; porque Iodos os vehiculos de -consumo estão tapados pela distribuição do resto da colheita feita pelo nobre Deputado; elle não appareco, logo não o ha; e se nuo o ha, e porque os cálculos são errados; e que são errados eu o de-.monstro com um exemplo. O nobre Deputado calcula o consumo de Lisboa em 27 mil pipas; o nobre Deputado falia exacto porque e isto que consta dos Registos da Alfândega das Sete Casas, rivas quem é que não sabe, que em Lisboa entra por contrabando mais do dobro daqtudle que se regista nas Srte Casas?-Pois se o Porto que tem 70 mil habitantes' consome 20 a'25 mil pipas j Lisboa quiv lem 200 ou 300 mil, hade só consumir 27 mil pipas? (sipoiados). Disse o illustre .Deputado que acabou de foliar, que este argumento não colhe , porque o vinho que não se reduz a aguardente bebe-se » 60 mil pipas de vinho não só bi-bem por quem já. não pôde beber mais; porque para todo quanto se pôde beber, já o nobre Deputado distribuiu uma boa parte da colheita , de que deixou as 60/>000 pipas de sobejo, por consequência não ha tal excesso na Estremadura. Agora o argumento que podia colher mais alguma cousa, era este que reu vou ftizer a favor dos nobres Deputados; podiam ellcs dizer «se não houvesse o exclusivo transformávamos todos os nossos campos em vinhas» este argumento podia colher, mas vamos agora á saber se os nobres Deputados quererão privar-nos de pão que podem dar essas terras, e obrigar-nos a suslen-larmo-nos de vinho e aguardente 111 Se querem que o Pa'u do Douro que só pôde dar vinho, se reduza a matos em que se criem feras qiíe nos devorem , quando estivermos affogados no vinho que produzirem os bellos campos da Estremadura!!! Ou que fiquemos sem pão para comer? De tudo isto concluo eu, que não ha senão um terror pânico d£ parte das outras Províncias a respeito deste Proje cto ; não ha senão o mesmo terror panico-quc havi; a respeito da Navegação do Douro, quando oCorp

Legislativo discutiu a respectiva Lei ; todos nós sabemos o que houve n respeito da Navegação do Douro , as queixas, as representações, e as más profecias que se fizeram ; e agora já se não falia nella, não resultaram os males que sé prognosticaram.

Sr. Presidente, demonstrado assim até á evidencia , que o exclusivo.....esta espécie de exclusivo porque ate'já se lhe chamou monopólio, e não é nem exclusivo nem monopólio, não e senão uma compra forçada de dous almndes de aguardente;

0 exclusivo diz o que e', e' excluir tudo, e aqui não se exclue nada, deixa-se concorrer tudo ao mercado do "Porto ; mas em fim esta palavra é mais curta, e continuaremos u usar delia: demonstrado, digo, ate á evidencia, que ta'l exclusivo nem levanta muros entre o Douro e as outras Províncias, nem prejudica nada a industria das outras Províncias, resta responder ,a alguns argumentos que se ad°duzirarn sobre este ponto, mas que assentam sobre bases inexactas. Não entro no processo que novamente àe. instaurou aqui , da antiga Companhia ; não quero tornar á trazer aqui essa matéria, porque isso-está jamais que discutido, eescripto ern muitos livros; quem quizer ler os livros que se escreveram contra a Companhia, debaixo da influencia dos Ingieze?, que desde a sua instituição não Ir.actaram senão de a desacreditar, e de a tornar odiosa, ate que conseguiram o seu-fim, tem muito que dizer contra a Companhia ; quem quizer pelo contrario ler escriptos que a Companhia ou os seus defensores escreveram, tem muito que dizer a favor díi Companhia; mas nada disso vem hoje para o caso; a antiga Companhia já morreu; fez muitos bens ao Pui/, e lambem praticaria muitos abusos, mas tudo isso passou, e' para a historia; a Companhia que hoje existe não e' a mesma, e' inteira.-mente differente. • ...

Os'argumentos a que vou responder, e que fizeram alguma sensação, são os empregados por um nobre Orador, em quem sou o primeiro a reconhecer os mais eminentes talentos, e na sua mão todos os argumentos são habilmente manejados. O primeiro argumento do nobre Orador1, ainda que não foi relativo ao ponto preciso da questão, mas á generalidrtdf? do' Projecto, e ern que S. Ex.a me parece que se contradisse com ò que expendeu na Sessão passada , foi.— «que por esta nova' base se não impunha obrigação á Companhia de ser exportadora , e ficava reduzida a um estanque de aguardente»— ora S. Ex.a sabe muito bom, que na base não se tracla das obrigações da Companhia, PSSHS já estão approvàdàs por esta Camará , e lá se acha aqutiila a que o nobre Deputado se refere; mas quando isso mesmo não estivesse consignado no Projecto ,~ a Companhia por seu interesse próprio ha de sei exportadora, e ha de sev exportadora porque isso lhe dará muito lucro. Quando o Comniercio dos vinhos'.do Douro tornar ao seu estado normal, quando o vinho tornar a ganhar o seu credito, e que este Commercio seja certo como era r antes da extincção da Companhia, de certo que a ! Companhia ha