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KO preço do género que exporia, mas nós os que não negamos esse facto, e que temos documentos verdadeiros de que a exportação é a mestna, seja qual for o preço", diremos que recahe sobre o consumidor, e segundo a lheoria também e certo que os impostos recahcm sobre o consumidor; mas agora, o que nós podemos avançar com probabilidade é que esle imposto talvez não venha a recair sobre nenhum ; porque se nós pelas Provisões do Projecto conseguirmos que o vinho melhore em qualidade como é dê esperar, sendo adubado com a agua-ar-dente. do exclusivo que é homogénea, o augrnento de preço torna-se ern valor real, e então não ha iir»pos,lo.

Sr. Presidente, o argumento mais forte que apresentou o nobre Orador, foi que aquelles que defendiam o exclusivo, queriam animar uma industria im-productiva á custa de uma. industria productiva, isto é que queríamos matar esta para darmos vida áquel-la., e chamou» industria improductiva á dos Vinhos de:S.a e 3..* qualidade do Douro, porque não cobria as despézas do seu grangeio, e chamou industria productiva á da Estremadura , porque cobria essas despézas. Sr. Presidente, o Governo que tem-a peito os interesses verdadeiros da sua Nação, nunca ado-pta.medidas que tendam a destruir industria nenhuma, procura iodos os meios, de melhorar qualquer in» d us.tr ia , ,sem que mate outra ; ora servindo-me do argumento do nobre Deputado, digo que^S. Ex.-a quer matar a industria do Douro para dar vida-prolongada' á da Estremadura. Sr. Presidente, nós não .queremos matar industria nenhuma, queremos animar ambas, e queremos protege-las a todas, e para isso deixámos ao Douro uma margem de 2:500 pipas, e á das outras Províncias a de 4:500 pipas.

Ora por outro lado , a industria do Douro existe á 80 annos, e a da. Estremadura e' nascente, a do Douro existe sobre urn terreno que não pôde produzir outra cousa, e e do interesse de toda a Nação que não haja n'ella terrenos improductivos, e irnpro-duclivos se tornarão aquelles terrenos, se não se lhes acudir com um remédio efficaz , e se não dermos este remédio, e com prompticTão veremos morta aquélla industria, dando vida á Estremadura, fazendo assim que terrenos que podem dar pão, sejam plantados de vinhas! Nós queremos sustentar as industrias com o exclusivo: o nobre Deputado, e os que o. combateu),- querem mata-las ambas. Sr. Presidente, parece-me que tenho dicto quanto é necessário para provar, quanto a Camará e a Commissào estão livres na adopção de qualquer das bases, que os membros da Commissãò, sustentando o exclusivo não fazem mais do que reproduzir as suas convicções anteriores; parece-me ter demonstrado que nenhum argumento se tem apresentado assaz forte k para provar que este exclusivo e prejudicial ás outras Províncias; pelo contrario provou-se que as medidas propostas hão de necessariamente produzir em algum tempo urna maior saída aos nossos Vinhos, e agoas-ardentes. Resta-me fatiar do-Projecto apresentado pelo nobre Deputado pelo Porto j e"que foi sustentado e.ampliado pelo nobre Deputado que me precedeu ; n'este Projecto lia :dois pensamentos ostensivos, mas, quanto a mi m ha só um; os que elle apresenta ostensivamente são; l.° diminuição nos

direitos, 2.° que os Vinhos de Portugal possam ir ao Porto receber o baptismo de Vinhos do Douro para se exportarem par* toda a parte: para rnicnsó tem este ultimo pensamento, mas apparentemente apresenta o l.° pensamento que foi ampliado pelo nobre Orador que me precedeu.

Sr. Presidente, eu não quero mesmo trazer outra vez a questão, que para mini não e questão, de que essa diminuição de direitos augmenlaria o consumo , porque o nobre Deputado não adrnitle que isso st-ja.assim , não trarei esse argumento; mas o que digo e, que. este pensamento traz um desfalque de 500 contos pelo menos á Fazenda Publica , e podemos nós nas circurnstancias em que estamos desfalcar a receita^do/Estado erri 500 contos, no momento em que temos um dcfic.it de mil. e tantos! !.! -._....,-.. ' .

Não sei se era possível dar este golge ; não sei mesmo quaes seriam os resultados desta medida; e de mais a mais com a incerteza de seus resultados ; porque era uma experiência terrível, que principiava por malar a Fazenda Publica, e em favor de quem era essa terrível medida? De ninguém. Alem disso, não ha vinhos sobre-carregados de direitos de exportação senão os do Porto. Mas o outro pensamento, em que o nobre Orador que me precedeu, não tocou, e louvor llie seja, e' o de dar liberdade para que todos -os vinhos vão ao Porto receberão baptismo, de vinho do Porto. Daqui e que vem todo o mal ao Douro; porque essa liberdade já existe desde 1834; á sombra delia, concorreram vinhos da Bairrada è d'Aveiro ao Porto, para lá receberem esse baptismo : arruinaram-se a sí e aos Lavradores do Douro. E de mais esse tueio era inefficaz, porque nos outros Paizes conhece-se qual e o paladar do vinho do Porto.

Sr. Presidente, nós já uma vez andámos por mares nunca d'antes navegados, quando fomos á índia ; mas dveve-nos isso ficar de lição; tenhamos essa gloria, mas não façamos mais dessas experiências. Pois se nós temos um caminho trilhado, certo e seguro, cpnfuinado pela experiência,de 80 annos, que nos trouxe 300 mil conto» de reis, para que e ensaiar novas experiências? E será do Medico hábil fazer experiências á cabeceira do doente, quando elle está na ultima agonia?

Sr. Presidente, acho-me cançado; creio que a hora já deu. Este campo e' vastíssimo; e a Camará tem-se coberto de gloria pela extensão, que tem dado a esta discussão. Desejo que se lhe dê a maior amplitude; porque o tempo que se gasta n'ella, não se perde ; n'e!la estão empenhados todos os interesses da Nação; porque o conunercio do vinho do Douro e o núcleo de tocio o commercio de Portugal ; e a única fonte da nossa riqueza publica, para a qual devemos altcnder, como uma tabou de salvação, que não nos pôde ser disputada por Nação alguma do Mundo.

O Sr. Presidente: — A hora deu; a Ordem do Dia para amanhãa são Commissôes. Está levanxta-da a Sessão. — Eram 5 horas da tarde.

. O REDACTOR ,