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vios arruinados, não se fabricando, perder-se-iam de todo. O nosso pessoal e material de Marinha estacionado, em quanto marcham os das outr.is Marinhas da Europa, cada vez mais retirados e inferiores ficariamos.

Sr. Presidente, a Commissão espera em tempo opportuno provar á Camara que não é a Marinha, que absorve o dinheiro que se vota para aquelle Ministerio, mas sim o que á sombra della está organisado.

A Commissão espera attrahir a attenção da Camara para que fixe e declare quaes as necessidades que o paiz tem a satisfazer com a nossa Marinha. Militar, para que dê todas as vantagens economicas que della se devem tirar.

Depois pediremos que se fixe a importancia do material maritimo para satisfazer a essas necessidades; e-proporemos os meios de o conseguir — E só então que o nosso Arsenal, e o pessoal da Marinha se podem determinar e organisar com conhecimento de causa, e em proporção de nossa Armada.

Pediremos mais, que se fixe o pessoal de fazenda, em proporção da grandeza da Armada, e não como se ainda estivessemos no tempo em que tinhamos 20 náos.

Proporemos uma Lei de inscripção maritima e recrutamento. Uma Lei de instrucção e adiantamento para os Officiaes de Marinha, dividindo-os em differentes classes, de modo que os promptos para embarque não sejam impedidos nas suas carreiras pelos que só servem de fazer numero.

Não queremos uma brilhante Marinha, poderosa desde já (Uma voz: — Queremos nós). Não peço o impossivel para não comprometter o possivel. — Desejamos que nos votem uma Marinha proporcionada ás nossas forças; aquella que é essencial para satisfazer ás nossas necessidades. Mas que seja bem organisada: em que cada um dos vasos tenha toda a perfeição da época actual; em que o pessoal seja o conveniente e de tal modo disciplinado e instruido que qualquer navio de guerra novo possa bater-se com vantagem com um navio de igual força de uma nação estrangeira.

Depois mais tarde as nossas colonias desenvolvendo-se com o apoio da Marinha que proporemos, mas que não existe, nos pagarão uma brilhante Armada, como já n'outro tempo nos aconteceu.

E assim, Sr. Presidente, que havemos pedir á Camara um voto a favor da elevação da nossa Marinha. Mas agora tudo o que se disser, vem fóra de tempo. A Camara rejeita a Substituição como eu rejeito; não é porque não queira a elevação da Marinha, porque dizendo-se na Resposta que se quer a prosperidade, e desenvolvimento das colonias e commercio, é claro que se quer desinvolver e elevar a Marinha; mas lá fóra póde-se julgar que a Substituição foi rejeitada, porque a Camara não quizesse o desenvolvimento da nossa Marinha.

Além disso se a Substituição veiu para captar a benevolencia da Camara para um ramo de serviço publico ha tanto esquecido, não me parece ter sido para isso o melhor meio. Sobre tudo fallar tanto tempo nas meias comedorias dos Officiaes embarcados em navios que estavam no Tejo, poderia produzir na Camara um effeito desagradavel, por parecer que se pertendia elevar a Marinha com se pagarem as meias comedorias.

Concluo votando contra a Substituição, e a favor da Resposta tal qual ella se acha redigida, e não se pronunciando a Camara por em quanto a respeito do Governo.

O Sr. Barão de Almeirim: — Sr. Presidente, hontem, quando eu tive a honra de fallar nesta Casa, o Sr. ministro da Fazenda pediu a palavra para responder ao que eu disse, e parece-me que o Sr. ministro do Reino tinha tomado tambem alguns apontamentos; e é natural que S. Ex. quizesse dizer alguma cousa sobre a parte do meu discurso que se referia ás medidas da ultima Dictadura promulgadas pelo -seu Ministerio. Eu estimaria muito poder fallar depois que o Sr. ministro respondesse á parte do meu discurso, que corresponde á sua Repartição; e por isso pedia a v. Ex.ª que me reservasse a palavra para depois do Sr. ministro. Se a Camara intende que eu devo fallar já, estou prompto, mas muito desejaria que me ficasse reservada para depois de S. Ex.ª fallar, e por isso pedia a v. Ex.ª que consultasse a Camara a este respeito. (Vozes: — Não póde ser).

O Sr. Presidente: — Eu pela minha parte não posso dar a palavra senão no logar competente; mas consulto a Camara. V

O Sr. Barão de Almeirim: — Como o Regimento me não permitte fallar senão duas vezes sobre a mesma materia, tendo eu fallado já uma vez, por isso desejava fallar a segunda vez quando estivesse presente o Sr. ministro do Reino.

O Sr. Presidente: — O que posso fazer e consultar a Camara.

Vozes: — Falle no seu logar.

O Sr. Barão de Almeirim: — Então eu fallo agora, e depois pedirei outra vez a palavra.

(Continuando): — Sr. Presidente, hontem quando eu acabei de fallar o Sr. Ministro da Fazenda começou o seu discurso dizendo que o Governo queria O Systema Representativo, que o Governo respeitava a discussão parlamentar, e que a prova evidente disso era o discurso que a Camara acabava de me ouvir pronunciar, era a existencia desta Camara aqui reunida. Sr. Presidente, tudo isto são palavras, mas quando as palavras não estão em conformidade com os factos, as palavras não provam nada. O que é certo, Sr. Presidente, é que os actos deste Governo todos provam que elle despreza o Systema Representativo, e sobre tudo a discussão parlamentar, porque este Governo ainda não soube governar senão em Dictaduras; durante a época em que tem estado reunido, o Parlamento debaixo da administração deste Gabinete, o Gabinete tem sido esteril completamente, e na ausencia da Representação Nacional nenhum Gabinete ainda apresentou tantas e tão extraordinarias medidas como este. Depois destes factos embora venham as palavras em contrario, não se póde acreditar nessas palavras, porque os factos as destroem. Ainda não houve exemplo, Sr. Presidente, de nenhum tyranno, de nenhum Usurpador deixar de victoriar a ordem estabelecida até no momento que elle acha proprio para destruir essa mesma ordem. Estar aqui a Camara reunida é uma prova de que o Governo quer o Systema Representativo? Reunida estava uma Camara, uma Camara livremente o anno passado, e de um momento para o outro essa Camara foi dissolvida, e foram mandados embora os eleitos do povo; hoje póde acontecer o mesmo. O que o